“Sete Invernos em Teerão”, a história real que expôs a coragem das mulheres iranianas, estreia nos cinemas a 13 de novembro

Estreado na Berlinale e construído a partir de imagens autênticas captadas pela própria família, “Sete Invernos em Teerão” revela a força e o silêncio de uma mulher que enfrentou um regime e pagou o preço da verdade
"Sete Invernos em Teerão",de Steffi Niederzoll "Sete Invernos em Teerão",de Steffi Niederzoll

Estreado na Berlinale e construído a partir de imagens autênticas captadas pela própria família, “Sete Invernos em Teerão”, o documentário de Steffi Niederzoll, revela a força e o silêncio de uma mulher que enfrentou um regime e pagou o preço da verdade.

Entre gravações clandestinas, cartas escritas numa cela e o testemunho de uma mãe que nunca desistiu de falar, o filme reconstrói a vida de uma jovem iraniana condenada à morte por se defender de uma tentativa de violação. Durante sete anos, a sua voz e a sua coragem resistiram à censura, à prisão e ao silêncio.

Reyhaneh Jabbari, 19 anos, tem uma reunião de negócios com um novo cliente. Para ela, este é apenas mais um dia comum, porém a sua vida mudará para sempre quando o novo cliente a tenta violar. Ela esfaqueia-o em legítima defesa e foge do local. Mais tarde, no mesmo dia, é presa e imediatamente acusada de assassinato. Apesar de muitas evidências apontarem para legítima defesa, em tribunal, Reyhaneh não tem qualquer hipótese de defesa. O seu agressor era um homem influente e poderoso e mesmo após a sua morte, continua a ser protegido por uma sociedade patriarcal e Reyhaneh é condenada à morte.

2560x384 RC Cinema7arte 1
Publicidade

Graças a vídeos pessoais, secretamente gravados e fornecidos pela família de Reyhaneh, juntamente com depoimentos seus, as cartas escritas na prisão e outros arquivos, o filme retrata a sua detenção, o seu julgamento e o destino desta mulher que se tornou num símbolo de resistência no país. A sua luta pelos direitos das mulheres ecoa a luta de tantas outras e “Sete Invernos em Terrão” lança uma luz sobre como são as mulheres verdadeiramente tratadas no Irão.

Realizado por Steffi Niederzoll, o documentário junta imagens autênticas captadas pela própria família e um notável trabalho de montagem que transforma o horror real num retrato íntimo de resistência feminina.

Steffi Niederzoll nasceu em Nuremberga, em 1981. Entre 2001 e 2007, estudou artes audiovisuais na Academy of Media Arts em Colónia, na Alemanha, e na Escola de Cinema e Televisão de Cuba. Participou em várias masterclasses de realização e foi bolseira da Academia Cultural Tarabya, na Turquia. As suas curtas-metragens foram exibidas em inúmeros festivais de cinema nacionais e internacionais, nomeadamente na Berlinale. “Sete Invernos em Teerão” é a sua primeira longa-metragem documental e a sua estreia como realizadora.

Além do seu trabalho no cinema, Niederzoll dedica-se também a outros trabalhos artísticos interdisciplinares. Fez parte do coletivo 1000 Gestalten que causou sensação mundial com a sua performance durante a cimeira do G20 em Hamburgo. As suas obras coletivas foram apresentadas no Festival Brecht, na Kunsthalle Baden-Baden e no Museu de Arte Contemporânea em Roskilde e Vejle, na Dinamarca, entre outros. Juntamente com Shole Pakravan, escreveu o livro «Como se Tornar uma Borboleta», que em 2023 será publicado pela Berlin Verlag.

Estreado na Berlinale 2023, o filme foi recebido como um dos mais poderosos testemunhos contemporâneos sobre o poder, o medo e a liberdade. Em tempos em que as notícias se sucedem e a empatia se esgota, “Sete Invernos em Teerão” lembra que há rostos e vozes por trás de cada estatística. Não é apenas um filme sobre o Irão. É um espelho sobre o que significa continuar humana quando um regime inteiro tenta silenciar a voz das cidadãs.

O filme estreia a 13 de novembro nas salas de cinema portuguesas com distribuição em Portugal da Zero em Comportamento / Projectos Paralelos.