Aclamado pela crítica especializada e vencedor do prémio de Melhor Argumento na 81.ª edição do Festival de Cinema de Veneza, “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, teve uma antestreia exclusiva em Salvador na última quinta-feira (19), no Cine Glauber Rocha.
O drama de época, que assinala o regresso de Salles ao formato de longas-metragens, será exibido em duas sessões diárias até ao dia 25 de Setembro.
Esta antestreia não é apenas um evento isolado na cena alternativa soteropolitana, é uma estratégia intencional para posicionar o filme de Salles na corrida ao Óscar de Melhor Filme Internacional.
Para quem não está a par, esta táctica é fundamental, pois para que um filme possa concorrer à cobiçada estatueta, tem de estrear nas salas de cinema entre 1 de Novembro de 2023 e 30 de Setembro de 2024, permanecendo em exibição por, pelo menos, sete dias consecutivos.
Além desta exibição especial, o filme integra a programação da 48.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que decorrerá de 17 a 30 de Outubro. A estreia no circuito comercial está prevista para Novembro.
Antes disso, a produção será apresentada na 72.ª edição do Festival de San Sebastián, em Espanha, que realizar-se-á de 20 a 28 de Setembro. Onde será exibido na secção Perlak, ao lado de títulos aguardados como “Emilia Perez”, de Jacques Audiard, “Anora”, de Sean Baker, “Megalopolis”, de Francis Ford Coppola, “Oh, Canada”, de Paul Schrader, entre outros.
Para mais, além de San Sebastián, o trabalho de Salles já se faz notar em vários outros festivais de renome, incluindo o AFI Fest 2024, promovido pelo American Film Institute, que terá lugar de 23 a 27 de Outubro.
O filme será exibido numa secção paralela, o que pode fortalecer as suas chances de garantir uma nomeação aos Óscares 2025, uma vez que será visto por votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) e por figuras influentes da indústria do cinema.
O grande favorito
Após a explanação inicial, nem é preciso dizer que “Ainda Estou Aqui” é considerado o grande favorito entre os seis filmes pré-seleccionados pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil nos Óscares.
Outros concorrentes, como “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas; “Levante”, de Lillah Halla; “Saudade fez morada aqui dentro”, de Haroldo Borges, e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião, também estão na disputa, mas o único que realmente pode ameaçar a nomeação é “Motel Destino”, de Karim Aïnouz.
A decisão final será divulgada na próxima segunda-feira (23).
A lista preliminar para a categoria de Melhor Filme Internacional será divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) no dia 17 de Dezembro. O anúncio dos filmes nomeados para os Óscares, incluindo os seleccionados para a categoria de Melhor Filme Internacional, será feito no dia 17 de Janeiro.
Ainda Estou Aqui
“Ainda Estou Aqui”, realizado por Walter Salles e com um argumento de Murilo Hauser e Heitor Lourega — premiado em Veneza — é uma adaptação do livro homónimo de sucesso de Marcelo Rubens Paiva.
O filme decorre no Brasil de 1971, num período marcado pela crise e pela crescente repressão da ditadura militar (1964-1985). Baseado nas memórias de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua mãe, Eunice Paiva, a trama acompanha a vida de uma mãe de cinco filhos que, após o sequestro e desaparecimento do marido, o então deputado Rubens Paiva, pelas mãos da Polícia Militar, vê-se obrigada a tornar-se uma ativista pelos direitos humanos.