«Assalto ao Santa Maria» – Duas histórias que não resultam juntas

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Francisco Manso, realizador português de filmes históricos, como a série “Almeida Garrett” (2000), “A Ilha dos Escravos” (2007) e “O Último Condenado à Morte” (2008 ), realizou um sonho de há muitos anos de trazer para o cinema o episódio do assalto ao paquete Santa Maria pelo capitão Henrique Galvão, em 1961. O argumento coube a João Nunes, argumentista do filme “Julgamento” (2007), que juntou duas histórias paralelas no mesmo filme.

A acção passa-se em 1961, a poucos meses antes da eclosão da Guerra Colonial em Angola. O capitão Henrique Galvão em parceria com os espanhóis Sottomayor e Velo, tinham um plano para derrotar o regime ditatorial de Salazar, assaltar o navio Santa Maria e levá-lo até Luanda. Ao mesmo tempo, decorre outra acção, uma história de amor entre Zé (Pedro Cunha), um português emigrado na Venezuela, e Ilda (Leonor Seixas), filha de um coronel ligado ao regime salazarista.

A semelhança com o filme “Titanic” é inegável, também baseada numacontecimento verídico, o naufrágio do Titanic, por contar uma história de amor. Há muitos elementos na história de amor no filme de Francisco Manso, que nos  fazem lembrar “Titanic”, tais como, a diferença de classes entre Ilda e Zé, a cena de amor no barco que acontece no momento em que algo de trágico se passa no navio e a morte de Zé, deixando Ilda sozinha. Esta historiazinha de amor era desnecessária, só veio prejudicar o filme e distrair a atenção do espectador da acção principal. Era mais importante ter-se a ideia da projecção do acontecimento no mundo do que o romance entre Ilda e Zé, embora o realizador justifique a história de amor, num diálogo entre Zé e o capitão Henrique Galvão. Em que Galvão afirma que nunca se deve desistir de lutar por um sonho.

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Quanto aos acontecimentos históricos, Manso conseguiu um bom resultado, com cenários bem recriados, filmado no navio Gil Eanes em Viana do Castelo e com o uso de muito efeitos especiais, que conseguiram colocar o navio em alto mar. Na realização notam-se alguns erros graves como por exemplo, o aparecimento da ponta de um microfone, durante um travelling e o súbito salto da linha entre dois planos, quebrando a regra dos 180º sem qualquer razão aparente. Manso peca também pela falta de tensão em algumas personagens. A personagem de Henrique Galvão, interpretada por Carlos Paulo, parece ser a mais credível e única pela qual o público sente mais simpatia.

Contudo Francisco Manso deve ser reconhecido pelas boas intenções de trazer ao cinema português um acontecimento que foi muito importante para o país. Conseguiu passar a mensagem destes valentes homens que participaram no assalto ao Santa Maria, defendendo os ideais de liberdade e democráticos, que puseram o mundo inteiro de olhos postos em Portugal. “Assalto ao Santa Maria” não é um filme mau, deve ser visto pelo importante acontecimento histórico.

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Realização: Francisco Manso

Argumento: João Nunes

Elenco: Pedro Cunha, Leonor Seixas, Carlos Paulo, Vítor Norte, António Cerdeira

Portugal/2010 – Acção/Aventura

Sinopse: Para Zé esta viagem vai ser muito mais do que a aventura perigosa e visionária que a história registará. Vai ser também o palco para uma extraordinária história de amor com Ilda, uma passageira portuguesa, jovem, cujo destino se entrelaça inexoravelmente com o seu. Uma paixão intensa pela qual vale a pena viver, tanto quanto vale a pena morrer pelo ideal da liberdade.

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