“Batman v Superman” é o mais recente investimento da Warner Brothers no que toca a filmes de Banda-Desenhada após “Man of Steel”, sendo que desta vez o estúdio torna bem claras as suas intenções (desesperadas) de seguir as pisadas da Disney e criar o seu próprio franchise de filmes de super-heróis. O resultado é uma mixórdia de acção, drama inconsequente e personagens sem interesse que se alastra por duas horas e meia.
Enquanto adaptação, este filme é o equivalente a uma gigantesca mão cerrada, apenas com o dedo médio bem erguido na direcção dos fãs das Bandas Desenhadas da DC. Enquanto exercício cinematográfico, “Batman v Superman” é simplesmente aborrecido, cheio de falsos simbolismos vácuos e alusões bíblicas sem interesse que se repetem vez atrás de vez para obrigar mesmo o espectador mais distraído que o Super Homem neste filme é uma espécie de jesus Cristo, e tudo isto regado com barulhentas sequências de acção e de exposição narrativa para os filmes futuros.
O argumento escrito por David Goyer (“Man of Steel”, “The Dark Knight”) e Chris Terrio (“Argo”) falha absurdamente por compreender as personagens principais do filme e falha ainda mais em, já que está a tentar criar algo novo, criar algo bom que se possa dizer sobre elas, sendo que à excepção de Bruce Wayne/Batman não há personagem nenhuma que apresente motivação ou contexto para fazer o que quer que seja que está a fazer ao longo do filme e quando ao realizador, Zack Snyder (“300”, “Watchmen”) já deixou bem claro que sem um excelente argumento ele não é capaz de criar um filme coerente, focando-se apenas no estilo visual e na beleza das suas composições sem se preocupar na substância por detrás das mesmas.
Os actores são o mal menor deste filme. Ben Affleck (Bruce Wayne/Batman) fez o melhor trabalho possível com o material que lhe foi dado e criou indícios daquilo que pode vir a ser uma boa personagem no futuro (Ben Affleck irá protagonizar e realizar um novo filme a solo do Batman). Henry Cavill deu-nos mais do mesmo Super-Homem de expressão cerrada que nos tinha dada em “Man of Steel”, sem acrescentar mais nada que possa ser digno de registo e com o carisma de uma parede branca, levando-me mesmo a certa a ter saudades do Brandon Routh em “Superman Returns”. Gal Gadot traz um grande charme e mistério à sua Wonder Woman, que funciona bem pelo menos durante o seu pouco tempo em cena. Quanto ao resto do elenco, Amy Adams (Lois Lane) e Diane Lane (Martha Kent) fazem tal como Affleck, o melhor trabalho possível, emprestando um pouco de dignidade a personagens que praticamente não têm nada de relevante para fazer, Jesse Eisenberg dá-nos um Lex Luthor interessante, mas não tanto ao ponto de o tornar num vilão relevante e Jeremy Irons (Alfred) consegue brilhar nos cerca de quatro minutos que aparece, voltando depois para o panteão das personagens inconsequentes deste filme.
Houve um tempo em que filmes de super-heróis eram considerados filmes interessantes, onde o público podia ficar maravilhado com os feitos heróicos das personagens enquanto se entretiam também com as ocasionais piadas, boas cenas de acção e a eventual sub-narrativa romântica dentro do filme. Tudo mudou quando Zack Snyder tomou de assalto o imaginário cinematográfico da Warner Bros./DC Comics e transformou-o no universo descolorido mais carregado de criaturas atormentadas, violentas e desinspiradas do Cinema actual. Num mundo onde existem filmes como “The Dark Knight”, “Guardians of the Galaxy” ou mesmo “Deadpool” a incompetência cinematográfica mostrada em “Batman v Superman” não pode ter espaço para ficar na memória do público.
Realização: Zack Snyder
Argumento: David S. Goyer, Chris Terrio
Elenco: Henry Cavill, Ben Affleck, Amy Adams, Gal Gadot, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Jeremy Irons, Holly Hunter, Laurence Fishburne,Callan Mulvey, Tao Okamoto, Ray Fisher, Tj Norris, Jason Momoa, Scoot McNairy
EUA/2016 – EUA
Sinopse: Temendo a imprevisibilidade das ações de um poderoso Super-Herói, o protetor e vigilante de Gotham City decide enfrentar o salvador de Metropolis, enquanto o mundo debate que tipo de herói realmente necessita. E com o Super-Homem e o Batman em guerra, uma nova ameaça emerge colocando a humanidade na sua mais perigosa situação de sempre.