O novo filme do universo cinemático da DC, “Birds of Prey (e a Fantabulástica Emancipação de uma Harley Quinn)”, estreou no passado dia 6 de fevereiro, recuperando uma das personagens mais populares do filme “Esquadrão Suicida”: Harley Quinn. O papel da infame vilã foi novamente interpretado pela talentosa Margot Robbie, que mantém o estilo louco e colorido já introduzido no filme onde fez a sua estreia.
Tudo começa quando termina a relação entre Harley Quinn e Joker, que não chega a aparecer, enterrando assim o Joker de Jared Leto. Sem a proteção do ex-namorado, torna-se o alvo de meio mundo. A solução? Encontrar um diamante, um objeto até apropriado para o filme, que se concentra no universo feminino, pegando nos estereótipos e destereotipando-os. Afinal de contas, é o melhor amigo de uma rapariga, algo que o filme nos recorda num curto número musical. Este diamante acaba por unir as protagonistas Harley Quinn, Black Cannary (Jurnee Smollett-Bell), Huntress (Mary Elizabeth Winstead), a detetive Montoya (Rosie Perez) e a jovem Cassandra (Ella Jay Basco) contra o vilão, Roman Sionis, interpretado por Ewan McGregor. O que se segue é uma série de lutas mais coloridas do que sangrentas, perfeitamente alinhadas com a banda sonora, inteiramente composta por cantoras, o que não será por acaso.
A palavra de ordem de “Birds of Prey” será mesmo o empoderamento feminino. Num mundo dominado por homens, as mulheres têm de se erguer e, como o título indica, emancipar-se. O culminar deste ponto será mesmo Harley Quinn perceber que não precisa da proteção de ninguém e que devia ser temida por si mesma e não pelo homem a que está associada.
O melhor do filme será, sem dúvida, Margot Robbie, que é a escolha perfeita para a persona cinematográfica que protagoniza. Harley Quinn é divertida, louca, inteligente, sortuda q.b. e até sensível, criando uma personagem muito apreciada pelo público (ao ponto de ser uma escolha popular para cosplay e para disfarces de carnaval nos últimos tempos). Robbie encarna esta personagem na perfeição, como encarna muitas outras.
Embora o filme seja divertido e seja importante para os dias de hoje, alguns poderão considerá-lo exageradamente feminino. Além disso, é para quem gosta de filmes de super-heróis. Entretém-nos sem realmente nos fazer pensar em questões sociais, o que não será para o gosto de todos.
“Birds of Prey” mantém a tendência dos outros filmes da DC em falhar na construção de uma ligação mais emocional entre o público e as personagens, ao contrário dos filmes da Marvel, cuja construção de personagens é mais completa e mais bem preparada porque foi trabalhando o backstory das suas personagens progressivamente. É curioso também vermos este filme ignorar o filme anterior da DC, “Joker”, até em termos de estilo. Será a separação que dá origem à história de “Birds of Prey” também uma indicação para o que se seguirá do ponto de vista cinemático, mantendo Harley Quinn e Joker afastados no grande ecrã?
Um filme para os fãs do género que queriam ver mais Harley Quinn, “Birds of Prey”, de Cathy Yan, é uma explosão de cor e girl power que se enquadra o mundo cinemático pós-#MeToo e que fortalece o poder feminino. Não é um filme só para mulheres ou raparigas, mas algumas talvez tenham um boost de confiança após a sua visualização.