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Cannes 2025: Kléber Mendonça Filho, Wes Anderson, Ari Aster, Julia Ducournau e Kelly Reichardt são destaques

Na sua 78ª edição, o festival aposta numa mistura de pratas da casa, muitos americanos, e o “caso” alemão “The Sound of Falling”, o segundo filme de Mascha Schilinski.
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Wagner Moura em "O Agente Secreto" de Kléber Mendonça Filho

E por fim desvendou-se, uma semana antes do habitual, o tão aguardado programa oficial da edição 78 do Festival de Cannes. Por semanas, a internet foi inundada de previsões, supostas listas vazadas e especulações sobre o que poderia aparecer na croisette este ano. No fim, confirmou-se mais ou menos o que já se esperava, com algumas ausências notáveis como os novos filmes de Terrence Malick, Paul Thomas Anderson e Park Chan-wook. Lynne Ramsay e o seu muito aguardado Die My Love, com Robert Pattinson e Jennifer Lawrence, um dos títulos mais esperados para esta edição, o que inclusive já tinha sido confirmado pela IndieWire há semanas, ficou de fora mas parece que ainda pode ser acrescentado ao lineup nos próximos dias.

Com boa parte destes rumores agora confirmados, e alguns ainda pairando no ar, chegou a hora de olhar para o que realmente está aqui: os títulos de Cannes 2025.
A seleção deste ano parece mirar em manter o glamour hollywoodiano em alta, com uma forte presença de americanos — talvez tentando repetir o feito de Anora, vencedor da Palma no ano passado e, há apenas um mês, também do Oscar. A vitória consolidou Cannes como um sério competidor de Veneza enquanto plataforma para a temporada de premiações. O festival, aliás, não esconde seu orgulho: foram nove estatuetas douradas para filmes que passaram pelo programa oficial de 2024. Um recorde absoluto para Cannes.

A nova edição reforça essa tendência em celebrar o cinema americano, equilibrando o star system com o cinema de autor. Para além do já anunciado Mission Impossible – Final Reckoning, com Tom Cruise a encenar o encerramento da saga de Ethan Hunt, que terá sua estreia fora de competição, também veremos Vie Privée, thriller de Rebecca Zlotowski com Jodie Foster nesta mesma seção. Depois tem The Mastermind, de Kelly Reichardt, ambientado na Guerra do Vietnã. Outro destaque é Eddington, novo delírio western sci-fi de Ari Aster, com um elenco lustroso que conta com Joaquin Phoenix, Emma Stone, Pedro Pascal e Austin Butler.
E, como não podia faltar, Cannes recebe de braços abertos mais uma obra de Wes Anderson provavelmente a fazer dele mesmo: The Phoenician Scheme, com Benicio del Toro, Michael Cera, Tom Hanks, Bryan Cranston, Riz Ahmed, Benedict Cumberbatch e Scarlett Johansson.

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Johansson, aliás, não estará apenas em frente às câmeras. Ela estreia como realizadora com Elenor the Great, que fará parte da Un Certain Regard. O filme acompanha Elenor, uma mulher de 90 anos da Flórida (interpretada por June Squibb) que se muda para Nova Iorque após a morte da sua melhor amiga e que acaba por formar uma amizade improvável com um rapaz de 19 anos. Outro ator a estrear como realizador, também na Un Certain Regard, é Harris Dickinson, que chegou aos holofotes com Babygirl e antes com o vencedor da palma em 2022, o Triângulo da Tristeza do sueco Ruben Östlund. Seu filme Urchin segue Mike, um sem-abrigo em Londres tentando se reintegrar à sociedade, interpretado por Frank Dillane.

O “caso” alemão

Contava-se nos bastidores que esta seria uma edição carregada de filmes alemães, com o turco-alemão Fatih Akin e o seu muito aguardado Amrum indo parar à paralela Cannes Premiere, mas sem Christian Petzold e o seu Mirois N. 3, como era esperado.
A surpresa aqui acabou por ficar por conta de um filme que tem gerado alguma conversa e “buzz” por onde tem passado. In Die Sonne Schauen (em inglês: The Sound of Falling) , o segundo filme de Mascha Schilinski. O filme que até há pouco tempo era intitulado The Doctor Says, I’ll Be Alright but I’m Feelin’ Blue, título muito poético, que aliás, gerou um lamento de Thierry Fremaux na hora do anúncio oficial esta manhã “o título antigo era tão bonito, porque mudaram?”.

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“The Doctor Says I’ll Be Alright but I’m Feelin’ Blue”, agora rebatizado “In Die Sonne Schauen” de Mascha Schilinski

Mas para além dessa mudança repentina de título, provavelmente para ter um apelo mais “vendável”, o filme protagonizou uma história inusitada que andou circulando nos bastidores nas últimas semanas. Dizem que o filme estava supostamente confirmado para estrear em competição na última Berlinale mas que, à última hora, foi “roubado” por Cannes, que lhe ofereceu um lugar na Un Certain Regard. Que agora tenha “subido” a competição só aumenta a expectativa em torno do filme, de quase três horas de duração, somando-se assim às outras seis mulheres dessa competição com dezenove títulos. O filme da alemã já foi descrito como um “As Virgens Suicidas surrealista”.

As seções paralelas também estão a caminho. A Semana da Crítica e a Quinzena dos Realizadores anunciarão suas seleções nos próximos dias, com a Semaine prometendo divulgar o seu programa já na próxima segunda-feira através das suas redes sociais.

Confira abaixo a seleção oficial de 2025:

Filme de Abertura

“Leave One Day” (“Partir un Jour”) de Amélie Bonnin

Competição

“The Phoenician Scheme” Wes Anderson
“Eddington” Ari Aster
“Jeunes Mères” Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne
“Alpha” Julia Ducournau
“Renoir” Hayakawa Chie
“The History of Sound” Oliver Hermanus
“La Petite Dernière” Hafsia Herzi
“Sirat” Oliver Laxe
“Nouvelle Vague” Richard Linklater
“Two Prosecutors” Sergei Loznitsa
“Fuori” Mario Martone
“O Agente Secreto” Kléber Mendonça Filho
“Dossier 137” Dominik Moll
“Un Simple Accident” Jafar Panahi
“The Mastermind” Kelly Reichardt
“Aigles of the Republic” Tarik Saleh
“in Die Sonne Schauen” Mascha Schilinski
“Romería” Carla Simón
“Sentimental Value” Joachim Trier

Fora de Competição

“Colours of Time” Cédric Klapisch
“The Richest Woman in the World” (“La Femme la Plus Riche du Monde”) Thierry Klifa
“Mission: Impossible — The Final Reckoning” Christopher McQuarrie
“Vie Privée” Rebecca Zlotowski

Un Certain Regard

“La Misteriosa Mirada del Flamenco” Diego Céspedes
“Météors” Hubert Charuel
“My Father’s Shadow” Akinola Davies Jr.
“L’Inconnu de la Grande Arche” Stéphane Demoustier
“Urchin” Harris Dickinson
“Homebound” Neeraj Ghaywan
“A Pale View of Hills” (“Toi Yamanamino Hikari”) Ishikawa Kei
“Eleanor the Great” Scarlett Johansson
“Karavan” Zuzana Kirchnerová
“Pillion” Harry Lighton
“Aisha Can’t Fly Away” Morad Mostafa
“Once Upon a Time in Gaza” Arab Nasser and Tarzan Nasser
“The Plague” Charlie Polinger
“Promised Sky” Erige Sehiri
“Le Città di Pianura” Francesco Sossai
“Testa o Croce?” Alessio Rigo de Righi and Matteo Zoppis

Sessões Especiais

“Bono: Stories of Surrender” Andrew Dominik
“Tell Her That I Love Her” Romane Bohringer
“A Magnificent Life” Sylvain Chomet

Midnight Screenings

“The Residence” (“Dalloway”) Yann Gozlan
“Exit 8” Kawamura Genki
“Sons of the Neon Night” (“Feng Lin Huo Shan”) Mak Juno

Cannes Premiere

“Amrum” Fatih Akin
“Splitsville” Michael Angelo Covino
“La Ola” Sebastián Lelio
“Connemara” Alex Lutz
“Orwell: 2+2=5” Raoul Peck
“The Disappearance of Josef Mengele” (“Das Verschwinden des Josef Mengele”) Kirill Serebrennikov