Neste sábado (14), às 19h, a Casa do Cinema de Coimbra assinala o Mês do Orgulho LGBTI+ com a exibição especial de “Chama-me Pelo Teu Nome” (2017), filme aclamado de Luca Guadagnino.
A sessão única antecipa a chegada da nova longa-metragem do realizador italiano, “Queer”, cuja estreia em Portugal está marcada para o dia 19 de Junho.
Chama-me Pelo Teu Nome
Obra de consagração internacional de Luca Guadagnino, “Chama-me Pelo Teu Nome” impôs-se, desde a sua estreia, como um marco incontornável na representação cinematográfica do desejo queer.
Aclamado pela crítica e abraçado pelo público, o filme revelou não apenas a singularidade estética do cineasta italiano, mas também a maturidade interpretativa de Timothée Chalamet, que, através de uma composição delicadíssima, se afirmou como uma das vozes mais promissoras da sua geração.
Último capítulo da chamada trilogia do “Desejo” — precedida por “Eu Sou o Amor” (2009) e “Mergulho Profundo” (2015) —, “Chama-me Pelo Teu Nome” adapta com subtileza o romance homónimo de André Aciman, conferindo-lhe uma dimensão sensorial que transcende o mero argumento narrativo. O elenco, que reúne ainda Armie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel e Victoire Du Bois, serve com rigor e sobriedade uma trama onde o não-dito, o gesto suspenso e o olhar prolongado se tornam motores dramáticos de rara intensidade.
Ambientado num idílio rural do norte de Itália, durante o verão abrasador de 1983, o filme acompanha Elio, jovem prodigioso de 17 anos, imerso num quotidiano de erudição familiar e ociosidade estival. Quando Oliver, um académico norte-americano de espírito exuberante e sensualidade ostensiva, se instala na villa para colaborar com o pai de Elio, um reputado arqueólogo, desencadeia-se entre os dois jovens uma aproximação tão silenciosa quanto inexorável — um jogo onde o amor, o desejo e o medo se entrelaçam em crescendo contido.
Mais do que um relato iniciático ou um romance de concretização, “Chama-me Pelo Teu Nome” é um exercício de contenção emocional, onde o espaço, o tempo e a luz são manipulados com maestria para dar corpo a uma narrativa de descobrimento e perda. Guadagnino filma o desejo não como clímax, mas como processo — como aquilo que antecede, perturba e transforma. Da primeira hesitação ao último adeus, tudo aqui é memória em formação.
A produção foi nomeada a quatro Óscares: Melhor Filme (Luca Guadagnino, Emilie Georges e Marco Morabito), Melhor Ator (Timothée Chalamet), Melhor Canção Original (Sufjan Stevens), tendo vencido na categoria de Melhor Argumento Adaptado, com o guião assinado por James Ivory.
Queer
Depois de quase uma década, Luca Guadagnino regressa à cartografia do desejo com “Queer”, adaptação livre do romance homónimo de William S. Burroughs. O realizador italiano retoma aqui a sua exploração estética das pulsões, da identidade e das zonas limítrofes do afecto, oito anos após o encerramento da trilogia dedicada ao desejo.
Nesta nova incursão cinematográfica, o realizador italiano mergulha no universo marginal e febril da Cidade do México dos anos 1950, onde o exotismo aparente encobre solidões profundas e inquietações existenciais.
A narrativa centra-se na figura de Lee, um imigrante americano na casa dos cinquenta, cuja rotina entorpecida e introspectiva é abalada pela súbita presença de Eugene Allerton (Drew Starkey), um jovem estudante por quem desenvolve uma obsessiva atracção emocional. O encontro entre estas duas figuras, marcadas por diferentes temporalidades do desejo, desencadeia uma espiral de tensão afectiva que Guadagnino filma com o seu habitual requinte visual e uma sensibilidade rarefeita, traço distintivo da sua linguagem cinematográfica.
Protagonizado por Daniel Craig — num desempenho de contida intensidade, profundidade psicológica e sensualidade que nem o mais fervoroso admirador do agente James Bond ousaria prever, e que lhe valeu o prémio de Melhor Ator da National Board of Review —, “Queer” ratifica o talento do cineasta em retratar os espaços interiores do desejo com rara densidade formal e afectiva. O argumento, adaptado com apuro e fidelidade ao espírito da obra de Burroughs por Justin Kuritzkes, foi também distinguido com o prémio de Melhor Argumento Adaptado pelo Círculo dos Críticos de Cinema da Florida.
Com estreia agendada para o dia 19 de Junho, a obra já conta com sessões em pré-venda na Casa do Cinema de Coimbra.
Preços
Se quiseres ir à sessão, os bilhetes para a Casa do Cinema de Coimbra costumam custar 6 €. Podes comprá-los online em casacinemacoimbra.bol.pt ou na bilheteira, que abre 30 minutos antes do filme começar. Há também bilhetes com desconto por 5 €, e para os sócios a entrada fica a 2 €.