O destaque da semana vai para “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, um filme rodado junto dos Krahô, um povo indígena do Brasil, realizado por João Salaviza e Renée Nader Messora. O filme, uma produção luso-brasileira, estreou em 2018 na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, onde viria a ganhar o Prémio Especial do Júri. “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” estreia hoje nas salas de cinema nacionais.
Esta noite, os espíritos e as cobras ainda não apareceram. A floresta ao redor da aldeia está calma. Ihjãc, quinze anos, tem pesadelos desde que perdeu o pai. Ele é um índio Krahô, do Norte do Brasil. Ihjãc avança na escuridão com o corpo suado. Uma voz distante ecoa por entre as palmeiras. A voz do pai chama-o, junto à cascata: chegou o momento de preparar a sua festa de fim de luto para que o espírito possa partir para a aldeia dos mortos. Rejeitando o seu dever e para escapar do processo de se transformar em xamã, Ihjãc foge para a cidade de Itacajá. Longe do seu povo e da sua cultura, vai enfrentar a realidade de ser um indígena no Brasil contemporâneo.