Dira Paes será a grande homenageada da 27.ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que decorrerá de 29 de abril a 6 de maio na capital francesa.
No tradicional cinema de rua L’Arlequin, no bairro de Saint-Germain-des-Prés, Dira receberá o Troféu Jangada na noite de abertura do evento e terá a sua trajectória no cinema celebrada com a exibição de cinco longas-metragens que marcaram a sua carreira como atriz e realizadora.

Nascida no Pará, a artista celebra 40 anos de carreira e é um dos grandes nomes do audiovisual brasileiro. Ao longo de quatro décadas, participou em mais de 40 produções no cinema e 20 na televisão. Esta será a primeira homenagem a Dira Paes na Europa.
A selecção de filmes, preparada pela directora e curadora do festival, Kátia Adler, inclui “Anahy de las Misiones” (1997), de Sérgio Silva; “Órfãos do Eldorado” (2015), de Guilherme Cezar Coelho; “A Floresta das Esmeraldas” (1985), de John Boorman; “Manas” (2024), de Mariana Brennand Fortes; e “Pasárgada” (2024), que marca a estreia de Dira como realizadora de um longa-metragem de ficção, também protagonizado por ela.
Dira Paes
Dira Paes é um nome incontornável no cinema brasileiro. A sua trajectória começou em 1985, quando interpretou Kachiri no filme “The Emerald Forest”, de John Boorman.
Dois anos depois, apareceu em “Ele, o Boto”, de Walter Lima Jr., no papel de Corina, mas foi em 1996 que realmente se destacou ao lado de Chico Diaz, interpretando a cangaceira Dadá em “Corisco e Dadá”, de Rosemberg Cariry. Este papel marcou o início de uma série de conquistas, incluindo a sua primeira nomeação ao Prémio Guarani de Cinema, uma das muitas que lhe viriam ao longo da sua carreira.
Com o passar dos anos, foi aclamada por sua versatilidade e talento. Em 1997, brilhou em “Anahy de las Misiones”, de Sergio Silva, pelo qual recebeu o Prémio APCA.
No ano seguinte, foi Luiza, a doméstica de “O Casamento de Louise”, de Betse de Paula, que conquistou a crítica, resultando numa nova nomeação ao Prémio Guarani e à sua primeira das treze nomeações ao Grande Otelo.
Dira foi deixando a sua marca em filmes como “Amarelo Manga” (2002), de Cláudio Assis; “Noite de São João” (2003), de Sérgio Silva; “2 Filhos de Francisco” (2005), de Breno Silveira; “Mulheres do Brasil” (2006), de Malu de Martino; “Baixio das Bestas” (2007), de Cláudio Assis; “A Festa da Menina Morta” (2008), de Matheus Nachtergaele; “Estamos Juntos” (2011), de Toni Venturi e “Sudoeste” (2012), de Eduardo Nunes.
Mas foi em 2013 que ela alcançou um dos momentos mais altos da sua carreira, quando ganhou o Grande Otelo de Melhor Atriz por “À Beira do Caminho”, de Breno Silveira, após nove nomeações, e o Prémio Guarani de Melhor Atriz Secundária pela terceira vez.
Aclamada por sua constante evolução, Dira continuou a brilhar em produções como “Órfãos do Eldorado” (2015), de Guilherme Coelho, “Redemoinho” (2016), de José Luiz Villamarim e “Divino Amor” (2020), de Gabriel Mascaro, que lhe garantiram novas nomeações ao Grande Otelo. Em 2021, em “Veneza”, de Miguel Falabella, no papel de Rita, conquistou o seu segundo troféu de Melhor Atriz.
Em 2022, protagonizou “Pureza”, de Renato Barbieri, um drama biográfico no qual interpretou uma mulher que batalha para salvar trabalhadores em condições análogas à escravidão, incluindo seu próprio filho.
Em 2024, Dira deu mais um passo importante em sua carreira: estreou-se como realizadora com “Pasárgada”, onde também interpreta a protagonista Irene. A personagem é uma ornitóloga de 50 anos que, durante um projecto na floresta, redescobre a sua tropicalidade ao conhecer Manuel, um jovem guia que fala a língua dos pássaros. O filme aborda os dilemas de Irene, que se vê confrontada com questões sobre a maternidade, a profissão e a sua identidade.
O Festival
O Festival, que decorre de 29 de abril a 6 de maio no cinema de rua L’Arlequin, no bairro de Saint-Germain-des-Prés, em Paris, contará também com um dia de programação especial dedicada ao Festival de Cinema de Gramado – o mais emblemático evento audiovisual do Brasil, realizado na Serra Gaúcha.
Além disso, no segundo semestre de 2025, está prevista uma jornada de cinema francês no 53.º Festival de Gramado, em agosto, com curadoria do Festival de Cinema Brasileiro de Paris.
A 27.ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris exibirá uma seleção das melhores produções do cinema brasileiro, entre ficções e documentários, com cerca de 30 filmes. A maioria das sessões será seguida de um debate entre os realizadores e o público.
O evento reúne anualmente mais de seis mil pessoas para celebrar o audiovisual brasileiro na capital francesa. O público é composto por brasileiros residentes em França, mas sobretudo por parisienses.
Um dos destaques do Festival é o envolvimento de estudantes do Ensino Secundário (Lycée) de diversas escolas francesas, que, todos os anos, assistem às produções brasileiras e têm contacto com alguns dos realizadores dos filmes. Um júri jovem elege o melhor filme.
L’Arlequin
O L’Arlequin, sede do festival, é uma atração à parte. Este importante cinema de rua parisiense, situado na Rue de Rennes, no encantador bairro de Saint-Germain-des-Prés (6.º arrondissement de Paris), foi inaugurado em 1934 e é uma referência para realizadores, cinéfilos e críticos.
Desde 2002, acolhe o Festival de Cinema Brasileiro de Paris, reunindo anualmente um público fiel que aprecia as produções do cinema brasileiro. O cinema pertenceu a Jacques Tati, realizador e ator francês que foi essencial na transição do cinema mudo para o sonoro em França.