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«Entre Sombras» – A Luz entre a Sombra

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Depois de “Amélia e Duarte” ter vencido o Prémio do Público da SPA no Curtas Vila do Conde em 2015, Alice Eça Guimarães e Mónica Santos voltam a surpreender, desta vez com “Entre Sombras”, um filme delicioso em stop-motion, produzido pelo estúdio Animais Avpl, ao estilo do film noir.

A história, narrada por Margarida Vila-Nova, acompanha a funcionária de um banco (Sara Costa) onde se depositam corações, numa aventura em busca de um coração roubado. Os vários perigos que enfrenta, na companhia de um homem misterioso (Gilberto Oliveira), conduzem-na a um dilema: dar o seu coração ou guardá-lo para si.

Entre Sombras é um daqueles casos raros, particularmente em filmes que exploram técnicas menos convencionais, como é o caso da pixilação, em que forma e história se unem para criar algo maior do que a soma das suas partes. Elementos surrealistas e a década de 50 de Hollywood dão o mote à componente estética do filme, esculpida por um trabalho exemplar de cinematografia e cenografia que, quando aliado ao stop-motion, evoca Juan Pablo Zaramella, Terry Gilliam e Bill Plympton, este último particularmente presente no absurdo das personagens do bar Private Eye, como o homem com cabeça de abajur, a mulher que se esconde por detrás de uma máscara de felicidade e uma mão gigante que faz a vez de rosto. E há que falar do jogo de luz e sombra, uma pequena maravilha de direção de fotografia, que contrasta lindamente com a expressividade colorida de Sara Costa e Gilberto Oliveira, ampliada pela pixilação.

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No entanto, e apesar de toda a criatividade da sua forma, do seu fortíssimo estilo visual, “Entre Sombras” não se deixa comprometer pela técnica. O argumento de Mónica Santos conta uma história que, noutras mãos, poderia ter sido um desastre sentimental e patético, uma mera desculpa para justificar toda a estética do filme, mas que, felizmente, não acontece. E não só não acontece, como, através do brilhante trabalho dos seus atores, da narração pautada de Margarida Vila-Nova e do olhar atento de Alice Eça Guimarães, esta é talvez uma das melhores histórias da animação nacional de 2018.

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