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Especial Halloween – 20 Filmes para apanhar uns valentes cagaços (Parte 1)

Halloween. Para os de idade mais avançada é apenas o dia que anuncia que falta pouco para a habitual missa no cemitério, mas para os mais novos é dia de pedir doces de porta em porta. Existe ainda um terceiro grupo, onde eu me incluo, que aproveita a data para criar uma tradição de tardes/noites passadas em frente à TV a ver filmes de terror. E não há muito melhor do que isso.

Lembro-me com afeto de todos os Halloweens em que lá ia eu a um dos já extintos videoclubes aqui da zona abastecer-me de todo o tipo de filmes que pudesse conter qualquer tipo de monstro, morto-vivo, fantasma, assassino em série… tudo o que servisse para criar o ambiente ideal para uma noite de outono fria e chuvosa. Este filme por sua vez seria acompanhado por uma tigela cheia de gomas e uma grande caneca de sumo.

Pois então, chegou mais uma vez a hora de ressuscitar a tradição durante mais um dia e, em jeito de preparação para mais uma maratona de cinema, resolvi partilhar alguns dos filmes que mais mexeram comigo, que mais me deram vontade de tapar os olhos e que mais me tiraram horas de sono. Esta é a minha lista dos vinte filmes para ver em dia de Halloween:

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20 – Mártires – de Pascal Laugier

“Mártires” divide-se em duas sequências diferentes. A primeira começa com a história de Lucie, uma rapariga que, enquanto jovem, foi torturada e que depois de adulta consegue a sua vingança; enquanto a segunda mostra Anna, a melhor amiga de Lucie, a viver o mesmo tipo de torturas a que a amiga foi submetida. O curioso neste filme é a forma como as coisas se vão desenrolando e como as perguntas vão sendo respondidas (embora por vezes respondidas com novas perguntas). Pouco pode ser dito sobre o filme sem revelar demasiado a história, portanto o melhor é mesmo ver o filme.

Este filme não é propriamente o que eu chamaria de “cinema de terror”. Não há grande suspense e a base é assente apenas na violência e choque das imagens, mas há, no entanto, uma certa “vibração” no tom do filme que faz com que o realizador Pascal Laugier consiga fazer de “Mártires” algo mais atraente do que, por exemplo, “Hostel” e a interminável saga “Saw – Enigma Mortal”, exemplos elementares do cinema gore.

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19 – A Invasão dos Violadores – Don Siegel – 1956

E se de repente criaturas extraterrestres invadissem as nossas cidades e substituíssem toda a gente que conhecemos por réplicas exatas sem qualquer tipo de sentimentos ou vontade própria? Esta é a premissa deste filme que, apesar de ignorado pela crítica quando estreou, cresceu para se tornar num dos filmes que servem de exemplo para a construção daquilo que deve ser a grande ficção-científica.

O que é interessante em “A Invasão dos Violadores” é a forma como a atmosfera é criada e o espectador é envolvido por ela, o que leva a um crescente sentimento de impotência e desespero à medida que os minutos vão avançando. Pode não ser tão assustador quanto isso, mas causa algumas sensações interessantes no espectador e usa-as para se alimentar e tornar interessante, tendo uma narrativa bastante sólida e um bom trabalho de atores.

Este filme teve ainda direito a vários remakes (um deles em 2007 com Nicole Kidman e Daniel Craig nos principais papéis), mas nenhum deles consegue chegar perto da mística do original, feito há mais de 50 anos e ainda a mostrar que, apesar da idade, ainda não está tão datado como boa parte de filmes feitos posteriormente. Se ainda não viu, vale bem a pena.

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18 – Amityville – A Mansão do Diabo – Stuart Rosenberg – 1979

Toda a gente conhece aquele tipo de casa com uma certa vibração maligna. A típica casa velha e abandonada que faz apressar o passo sempre que passam por ela à noite. Se tiverem o azar de viver em Amityville, essa casa é a numero 112 da Avenida Ocean.

Baseado num livro que por sua vez é baseado numa (presumivelmente) história real, “Amityville – A Mansão do Diabo” é o filme que eu culpo por me obrigar a desviar do caminho sempre que em criança me aproximava de uma casa velha e assustadoramente suspeita.

Pude recentemente ver uma edição remasterizada em DVD e depois de ver o filme com outros olhos reconheço que não é propriamente uma obra prima do cinema, embora mantenha ainda aquela capacidade de nos criar aquele mal estar psicológico capaz de nos perseguir sempre que entramos numa divisão mais escura da casa.  É definitivamente um filme que deve ser visto em pleno Halloween.

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17 – Shaun of the Dead (recusamos veemente a tradução PT) – Edgar Wright – 2004

“Shaun of the Dead” é definitivamente uma comédia, mas bastante apelativa e cheia de referencias à cultura pop que nos fazem rir sem nunca cair no ridículo. Afinal de contas, este é um filme de Edgar Wright, realizador que já provou ser capaz de fazer boas comédias que roçam em quase todos os clichés, mas conseguindo dar-lhes a volta de forma a criar algo novo e divertido (vejam-se os casos de “Hot Fuzz – Esquadrão de Província” e “Scott Pilgrin Contra o Mundo”).

Neste filme, Shaun (Simon Pegg) a personagem central e que dá nome ao filme, um tipo preguiçoso e sem qualquer tipo de qualidade que o faça sobressair em qualquer que seja a área, vê-se no meio de um apocalipse zombie e decide procurar refúgio para si, para o seu melhor amigo, para a mãe e para a namorada dentro de um bar na esperança de encontrar segurança, enquanto o resto da população se debate com hordas de mortos-vivos. No que toca a comédias que se adequam ao Halloween, esta é definitivamente uma delas.

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16 – Pontypool – Bruce McDonald – 2008

“Pontypool” é um filme bastante interessante devido à ideia da propagação de um vírus que torna as pessoas numa espécie de mortos-vivos disléxicos. Na mitologia deste filme, certas palavras podem ficar infetadas, o que leva a uma falha de comunicação cada vez pior, até ao ponto de os indivíduos começarem a tentar matar-se uns aos outros.

Apesar da pouca distribuição nos cinemas e pequena publicidade, este filme conseguiu ganhar uma boa reputação entre os apreciadores de filmes de terror, tendo sido editado em DVD no inicio do ano, tornando mais fácil a sua procura. “Pontypool” entra facilmente no espírito do Halloween.

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15 – À l’intérieur – Julien Maury e Alexandre Bustillo – 2007

O que me faz colocar este filme na lista de recomendações para o Halloween é a forma como uma história que seria, noutro caso qualquer, aborrecida, é tratada aqui de uma forma inesperada e que nos faz torcer pelas personagens que à partida não deveriam merecer a nossa atenção.

O filme abre com uma mulher, Sarah, que se vê envolvida num acidente onde o seu marido morre. O tempo passa e Sarah torna-se numa mulher amargurada e infeliz ao mesmo tempo que começa a preparar o iminente nascimento do seu bebé. É neste momento que ela recebe uma visita de uma mulher que se descobre estar a perseguir Sarah e que tem como objetivo arrancar a criança dela (literalmente) e levá-la consigo.

Apesar do enredo parecer bastante simples, e talvez banal, este filme consegue tornar-se em algo bastante apelativo à medida que se vai desenrolando.Captura de ecrã 2011 10 29 às 23.26.10 41

14 – Um Lobisomem Americano em Londres – John Landis – 1981

Digamos que no ano em que este filme estreou, a Academia americana decidiu começar a entregar Óscares para melhor caracterização. Coincidência? Até pode ser, mas eu diria antes: “Rick Baker!” Este foi o filme que colocou Baker no mapa do grande publico e o tornou na lenda da maquilhagem/caracterização que é hoje.

Quanto ao filme em si, centra-se em dois amigos, David e Jack, que estão de férias em Inglaterra. Após uma conversa um bocado desconfortável num pub, os dois amigos decidem ir dar uma caminhada, quando em plena noite de lua cheia, são atacados, Jack morre e David acorda dias depois num hospital em Londres. A partir daí o filme torna-se mais assustador e um tanto enigmático.

Em 1997, uma sequela não tão feliz foi feita: “Um Lobisomem Americano em Paris”, que não contava com nenhuma personagem do filme original nem com Rick Baker.

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13 – Carrie – Brian De Palma – 1976

A jovem Carrie é introvertida e não tem muitos amigos. É constantemente vítima de abusos na escola por parte de colegas e, em casa, a mãe, uma cristã fanática, também não é flor que se cheire. Mas Carrie está a crescer e, juntamente com o seu primeiro período, certos poderes telecinéticos começam a despertar dentro dela. A partir daqui, a tímida Carrie deixa de ser o alvo de chacota das miúdas populares do liceu e começa a vingar-se de forma brutal e sangrenta.

“Carrie” é uma das inúmeras adaptações cinematográficas dos livros de Stephen King, e Brian De Palma consegue fazer um excelente trabalho, tornando um dos muitos livros de King num dos raros exemplos de excelente cinema de terror que podem combinar uma grande narrativa com litros de sangue e gore.

Passaram-se mais de trinta anos desde a estreia deste filme, e ele continua a ser um dos favoritos do público. A imagem de Carrie coberta de sangue de porco e as palavras acusadoras de uma mãe que vê o Diabo como resposta a tudo o que há de extraordinário mantém “Carrie” dentro da gama de excelentes filmes a ver quando a sede de sangue aperta.

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12 – Trilogia A Noite dos Mortos-Vivos – Sam Raimi – 1981/1987

Baixo orçamento, mortos-vivos, sangue, cabanas isoladas no meio de uma floresta assombrada e um jovem Bruce Campbell. É assim que se faz uma trilogia lendária.

Pedirem-me para escolher só um destes filmes é bastante difícil. E já que estamos a promover filmes para uma maratona cinematográfica de Halloween, sinto-me na obrigação de colocar os três filmes dentro de uma embalagem e ver tudo de uma só vez.

“A Noite dos Mortos-Vivos”, “A Morte Chega de Madrugada” e “O Exército das Trevas” são um misto de comédia e terror onde Ash, a personagem principal, interpretada por Bruce Campbell, tem de derrotar mortos-vivos, demónios e até exércitos enviados do Inferno para o capturar.

A trilogia “A Noite dos Mortos-Vivos” conquistou estatuto de culto não por tentar fazer arte, mas por saber exatamente qual é o seu lugar: sessões da meia-noite e projeções especiais no Halloween. Filmes obrigatórios nesta lista.

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11 – Sexta-Feira 13 – Sean S. Cunningham – 1980

O que dizer sobre “Sexta-Feira 13”?

Apesar de hoje em dia os filmes deste tipo serem (se me permitem a generalização) todos iguais, não nos podemos esquecer de que o filme estreou nos anos 80 e que, na altura, a premissa de um grupo de jovens ser chacinado de forma criativa era algo relativamente original e digno de atenção.

Mas, mais do que isso, pode dizer-se que há um antes e um depois de “Sexta-Feira 13”. Hitchcock definiu o sub-género slasher com “Psico” e Carpenter projetou o termo para uma dimensão ainda maior com “Halloween”. Porém, Sean Cunningham pegou no sub-género e fez dele um dos mais importantes dentro do cinema de terror. Com um orçamento de quinhentos mil dólares “Sexta Feira 13” arrecadou quase quarenta milhões de dólares em bilheteira em todo o mundo, e tornou-se numa espécie de mina de ouro de onde foram retiradas onze sequelas (embora quantidade não seja, necessariamente, qualidade) bem como alguns livros e bastantes peças de merchandise que fizeram deste filme um franchise bastante lucrativo. Para além das sequelas, impulsionou ainda todo um conjunto de filmes como “Gritos” e “Pesadelo em Elm Street”, ambos de Wes Craven e “Sei o que Fizeste no Verão Passado”, de Jim Gillespie.

Para não entrar em muitos detalhes sobre o filme, o melhor é mesmo recomendar a sua visualização, relembrando que, mesmo este filme não sendo uma obra-prima do cinema, consegue entreter e é dos filmes ideais para ver no Halloween.

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10 – O Projecto Blair Witch – Daniel Myrick e Eduardo Sánchez – 1999

Hoje em dia filmes found footage estão bastante na moda: “[Rec]”, de Jaume Balagueró e Paco Plaza, “Nome de Código: Cloverfield”, de Matt Reeves, e “Atividade Paranormal”, de Oren Peli. Mas tudo começou em 1980, quando o infame “Holocausto Canibal” causou choque e controvérsia um pouco por todo o mundo. Foi no virar do milénio, no entanto, que dois realizadores, até então desconhecidos, resolveram criar o filme que se tornou numa das maiores campanhas de marketing cinematográfico: “O Projecto de Blair Witch”. O filme centra-se num suposto documentário realizado por três estudantes de cinema encontrado numa floresta, um ano depois destes três terem desaparecido. O objetivo do documentário era explorar a história de uma bruxa do estado de Maryland nos Estados Unidos.

As filmagens mostravam que os três jovens cineastas teriam de facto encontrado uma pista sobre a bruxa que, séculos depois de morta, possuiu o corpo de um tal de Rustin Parr, um eremita que se viu obrigado a matar sete crianças para que a bruxa o deixasse em paz. A partir daí, o documentário sobre a bruxa de Blair torna-se num registo sobre três jovens perdidos numa floresta onde coisas estranhas acontecem durante a noite.

O final é surpreendente e deixa qualquer espectador com aquele arrepio na espinha, num misto de surpresa e medo.

Hoje em dia pode não ter o mesmo impacto que tinha aquando da sua estreia em 1999, mas, apesar de tudo, este filme continua a ser uma escolha válida para sessões de cinema noturnas em casa de amigos que gostem uns valentes sustos.

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