O cinema de terror passou de sangrento, na década de 1970, para adolescentes aterrorizados na década de 1980. Hoje o cinema de terror recorre bastante ao CGI e perdeu fulgor, mas filmes como “Get Out” e “It”, em 2017, tem sido dos maiores sucessos de bilheteira do ano, revitalizando o género de terror. No entanto, apesar do mega hype de “It”, este mais parece uma cópia de “Stranger Things” (a série de sucesso da Netflix), mas sem terror e sem comédia. Pois “Stranger Things” consegue ser profundo e mais sério. É de longe melhor.
As referências neste novo filme de terror realizado por Andy Muschietti (“Mamã”) são várias, desde “E.T.” (1982), “Os Goonies” (1985), “Conta-Comigo” (1986) e “Nightmare on Elm Street 5” (1989), mas as qualidades são muito escassas ou nenhumas.
Baseado na primeira parte da obra homónima escrita, em 1986, por Stephen King, “It” conta a história de um grupo de crianças que se une para desvendar o que leva a várias crianças desaparecem misteriosamente da pequena cidade de Derry. Elas são perseguidas por um ser malévolo que, para as seduzir, assume a forma de palhaço. Para o enfrentarem e desvendar estes misteriosos assassinatos vão ter de ultrapassar os seus próprios medos da infância.
Seis rapazes e uma rapariga formam o grupo de amigos e aqui podemos encontrar todo o tipo de clichés e personagens estereótipo, em situações comuns (já tantas vezes vistas no cinema). Mais uma vez temos Hollywood a tentar ser moralista da forma mais banal e infantil possível. Previsível a narrativa e a mensagem. Os sete protagonistas tem vulnerabilidades e medos de infância que vão ultrapassar quando se unirem e lutarem.
O filme falha a partir do momento em que não se consegue focar. Dispersa-se logo depois do desaparecimento da primeira criança. Não consegue criar um ambiente e mantê-lo, pois quer parecer ‘divertido’ e ao mesmo tempo ‘assustador’, passando a ideia de um filme familiar pelo meio, não conseguindo ser uma coisa nem outra. Mesmo a direcção de fotografia, que apesar de tudo está bem conseguida, consegue ser bastante diferente de cena para cena, ora muita luz, ora muito negro. Os ambientes mudam e o tempo vai passando sem nada de importante estar acontecer. E o vilão? O palhaço pouco aparece e sem grande critério. “It” em nada acrescenta ao género de terror. Não é inventivo, nem competente. Não assusta, nem faz rir (os gags de nada servem e tornam o filme ainda mais leve e familiar). Contudo, o que ainda consegue dar alguma esperança a este filme é o fabuloso elenco jovem dos sete protagonistas com os seus desempenhos.
Realização: Andy Muschietti
Argumento: Chase Palmer, Cary Fukunaga
Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Jack Dylan Grazer, Jeremy Ray Taylor, Wyatt Oleff
EUA/2017 – Drama/Terror
Sinopse: Após o desaparecimento misterioso de algumas crianças na cidade de Derry, no Maine, um grupo de pré-adolescentes é confrontado com os seus maiores medos quando inicia um confronto com o maquiavélico palhaço Pennywise, cujo historial de crimes e violência tem origem há séculos.