25 de Abril

«Luz da Minha Vida» – Uma aventura de amor

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Amar outras pessoas e deixá-las amar… Acho que as histórias são importantes e boas, porque elas conectam-nos com outras pessoas e fazem o mundo parecer um lugar maior”.

Certos poemas não requerem palavras, apenas humanidade. Numa época cheia de estímulos, ou do vazio que os próprios nos causam, ter a coragem para viver do amor, da Natureza daquilo que realmente somos é escasso. “Luz da Minha Vida” (2019) vive, como todas as grandes obras, da simplicidade, da beleza dos acasos. Através da sua narrativa, subtil na crítica, carregada de mensagem, consegue transpor o espectador a outro nível: fazer recuar o Eu, através de passos atrás metafóricos, à sua essência; ao que o faz ser, além de existir.

Com um argumento fabuloso do protagonista Casey Affleck, à frente e atrás da câmara, ele consegue guiar-nos a um patamar célebre de interioridade. “Luz da Minha Vida” conta a história de um pai (Casey Affleck) que se vê obrigado a proteger a sua filha, Rag (Anna Pniowsky) de uma epidemia que afronta e que gera o caos na sociedade, espoletando a morte, em massa, de todas as mulheres. Rag conseguiu imunidade pois nasceu precisamente no prelúdio da doença, escapando a um final inglório. O filme, em si, é no fundo o Pai a tentar escapar da civilização, fazendo a sua filha passar-se por um rapaz para escapar à celeuma que descobrir a sua existência geraria. Afastam-se da cidade e vão vivendo – e pelo caminho apreciando – a beleza da Natureza envolvente. A sua e a do mundo, por extensão. {A mãe de Rag (Elisabeth Moss) falece pouco após o nascimento da sua filha e deixa-os numa autêntica luta pela sobrevivência}

Com uma banda sonora de cortar a respiração (criada pelo compositor americano Daniel Hart), que é capaz de ditar, na perfeição, o ritmo da narrativa, a pulsação da arte que em si mesmo (este filme) representa, alinhado na forma com os clímaxes, na maneira subtil e inteligente como transpõe a força, o sentimento que domina cada cena.

Escrito e realizado pelo brilhante Casey Affleck, que admitiu em Berlim ter começado a escrever o argumento há dez anos, conseguiu imortalizar a vida através da sua interpretação sublime e exímia, com protagonismo partilhado com Anna Pniowsky, que fazem uma dupla deliciosa.

“A Luz da Minha Vida” é um filme tocante, especial, diferente. Não é apenas mais um drama; é uma espécie de ensaio sobre nós mesmos: um espelho para o mundo, que, numa situação distópica, encontra asas para voar mais alto. Como? Através de uma união imaculada, divina e preciosa.

Fecha a cortina de forma audaz… a cortina da história e da Vida.

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4.5
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