MDOC 2025: Revelada Seleção Oficial e Novidades da 11.ª Edição

A 11ª edição do MDOC Melgaço irá exibir 33 documentários de 23 países
"Kora", de Cláudia Varejão, um filme que traça a silhueta de mulheres refugiadas a viver em Portugal. Prémios Curtas MDOC "Kora", de Cláudia Varejão, um filme que traça a silhueta de mulheres refugiadas a viver em Portugal. Prémios Curtas MDOC
"Kora", de Cláudia Varejão

A 11.ª edição MDOC – Festival Internacional de Documentário volta a lançar um olhar sobre o mundo a partir de Melgaço, onde as grandes questões do nosso tempo se cruzam com o olhar do cinema do real. Trinta e três filmes competem aos prémios Jean-Loup Passek, D. Quixote (FICC) e, pela primeira vez, ao FIPRESCI Prize, atribuído pela Federação Internacional de Críticos de Cinema.

Durante uma semana, a 11ª edição do MDOC Melgaço irá exibir 33 documentários de 23 países, cruzando geografias, histórias e temáticas atuais que convidam à reflexão sobre o que somos, de onde vimos e como enfrentamos o presente.

Dos mais de 800 filmes submetidos, foram selecionadas 16 curtas e médias-metragens e 17 longas-metragens. Todos os filmes internacionais em competição são estreias em Portugal. Concorrem documentários de Espanha, Estados Unidos, China, Canadá, República Checa, França, Síria, Países Baixos, Líbano, Ucrânia, Dinamarca, Irlanda, Alemanha, Irão, Suécia, Lesoto, Catar, Arábia Saudita, Egito, Polónia, Geórgia e Iraque (além de Portugal).

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O tema transversal — Identidade, Memória e Fronteira — atravessa a totalidade dos filmes em competição, assumindo uma expressão particularmente atual e diversificada. Dos ecos do Holocausto em “Bedrock” (exibição a 29 julho) de Kinga Michalska; à força vital de uma mulher a resistir à guerra em “Flowers of Ukraine” (1 agosto) de Adelina Borets; das tradições do Entrudo de Lazarim em “O Diabo do Entrudo” (30 Julho) de Diogo Varela Silva; à elegia visual que explora a interseção da realidade entre a memória do passado e o presente da cidade de Homs, na Síria, em “My memory is full of ghosts” de Anas Zawahri (31 Julho)

Dos traumas e experiências passadas que definem quem somos no presente em “Ancestral Visions of the Future” (2 agosto) de Lemohang Jeremiah Mosese; às mulheres refugiadas em Portugal, que carregam as suas identidades no corpo e nas palavras, reconstruindo as suas vidas num novo território em Kora (3 agosto), de Cláudia Varejão; ou de “Afterwar” (1 agosto), de Birgitte Stærmose, filmado ao longo de 15 anos, e que acompanha crianças que crescem sob os traumas da guerra; a “Holding Liat” (30 julho), de Brandon Kramer, sobre a história de uma família dividida por um sequestro durante o conflito Israel Palestina; ou “Cutting Through Rocks” (2 agosto), de Sara Khaki, sobre a primeira vereadora eleita numa aldeia iraniana, que desafiou quebrar antigas tradições patriarcais e as fronteiras de género e sociais.

A secção Plano Frontal – Residências Cinematográfica e Fotográfica (25 julho a 3 de agosto) orientada por Pedro Sena Nunes abre o festival com a estreia dos filmes realizados durante a residência de 2024.

Extracompetição, a 3 de agosto a estreia nacional do “O Homem do Cinema”, de José Vieira, que presta tributo à vida e legado cinéfilo do impulsionador do Museu de Cinema de Melgaço Jean-Loup Passek, que assinala este ano o 20.º aniversário. A estreia mundial aconteceu no FEMA – Festival La Rochelle Cinéma, a 1 de julho.

Outra novidade desta edição é o Encontro de Festivais VIVODOC (2 agosto), rede de festivais europeus (da qual o MDOC faz parte) e que promove a colaboração transfronteiriça no cinema documental. Neste encontro estarão representados Majordocs (Maiorca, Espanha), Escales Documentaires (La Rochelle, França), Frontdoc (Aosta, Itália) e One World Romania (Bucareste, Roménia).

O MDOC volta a afirmar-se como um lugar de encontro entre cinema, pesquisa e pensamento, promovendo oficinas e masterclasses com as realizadoras Margarida Cardoso («Perdidos e Achados», 28 a 31 de julho) e Sandra Ruesga («Cinema Auto-referencial e Identidade», 1 de agosto) e volta a acolher a nova edição do X-RAYDOC (3 de agosto) com Jorge Campos, dedicada ao olhar histórico e debate sobre clássicos de Chris Marker e Joris Ivens.

O Curso de Verão Fora de Campo (coordenado por José da Silva Ribeiro da Universidade Federal de Pernambuco e AO NORTE e Alfonso Palazón Meseguer, Universidad Rey Juan Carlos (URJC), enquanto espaço de apresentação, debate e desenvolvimento de pesquisa e práticas criativas, conta este ano com as participações de referência como Amália Córdova (Smithsonian Institution, Estados Unidos), Luiz Joaquim (Coordenador de Cinema da FUNDAJ, Brasil), Renato Athias (coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (NEPE) da Universidade Federal de Pernambuco), Raúl Alaejos (realizador e artista visual, Espanha), entre outros colaboradores.

O Fora de Campo integra as temáticas associadas ao «Cinema e Território» em múltiplas perspectivas e está assente num vasto programa de atividades que começa a 28 de julho e termina a 3 de agosto.

O MDOC contempla ainda o Projeto Quem somos os que aqui estamos? coordenado pelo geógrafo Álvaro Domingues e pelo antropólogo e membro da AO NORTE, Daniel Maciel. O projeto irá incidir na freguesia de Alvaredo e terá visibilidade no registo audiovisual – Fotografias Faladas, na recolha e digitalização de fotografias de álbuns familiares de habitantes de Alvaredo, numa exposição de fotografia e na edição de um livro sobre o trabalho realizado.

A exposição «Lágrimas de Ferro», patente no Museu de Cinema Jean-Loup Passek, completa o programa, reunindo imagens de guerra dos países de Leste como testemunho da resistência através do cinema.

Nos dias 2 e 3 de agosto, a iniciativa Salto a Melgaço oferece uma programação intensiva e condensada para quem opta por visitar o festival no último fim de semana do MDOC, com sessões de cinema, visitas guiadas e conversas com realizadores.