A primeira atriz brasileira indicada a um prémio internacional de cinema, artista também reconhecida como a primeira negra a construir uma carreira no teatro, no cinema e na televisão no país, morreu, na manhã deste passado domingo. Diagnosticada com pneumonia, a atriz havia sido internada, no início desta semana, na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D’Or, em Copacabana, onde seguia sem previsão de alta médica.
Ruth de Souza (1921-2019) ficou conhecida como a sendo primeira atriz negra a ser nomeada para um prémio internacional de cinema – o Leão de Ouro no Festival de Veneza, em 1954. O seu último trabalho foi na minissérie “Se eu fechar os olhos agora”, no início de 2019.
Foi na adolescência que se começou a interessar por teatro. Juntou-se à companhia de Teatro Experimental do Negro, liderada por Abdias do Nascimento, e protagonizou uma das personagens da peça “O Imperador Jones”, de Eugene O’Neil, com estreia a 8 de maio de 1945 no Teatro Municipal do Rio.
Em 1953, a sua carreira ganha projeção com o seu desempenho em “Sinhá Moça”, papel com que é nomeada para o Leão de Ouro de Veneza juntamente com Kahterine Hepburn, Michele Morgan e Lili Palmer. Em 1969 é contratada pela Rede Globo e aí ficou para sempre, até morrer este domingo.
Na TV Globo o seu primeiro papel foi na novela “A Cabana do Pai Tomás”. Obteve o maior prémio do cinema brasileiro em 2004, ao ganhar o Kikito de melhor atriz no Festival de Cinema de Gramado, pela sua atuação em “Filhas do Vento”, de Joel Zito de Araújo.