O ator e realizador Nicolau Breyner, um dos atores portugueses mais mediáticos de sempre, morreu esta segunda-feira aos 75 anos, vítima de ataque cardíaco. O ator esteve, até agora, em filmagens para a nova novela da TVI “A Impostora”, com Maria do Céu Guerra, Eunice Muñoz, João Perry, entre outros.
Nascido em 1940, em Serpa, Nicolau Breyner teve uma longa carreira no teatro, cinema e televisão. Foi ator, argumentista, realizador, produtor, diretor de atores e apresentador. Começou a sua carreira como ator de teatro, tendo feito aliás muito teatro de revista, mas foi na televisão que maior sucesso e reconhecimento teve. Depois do 25 de abril de 1974, no seu programa televisivo “Nicolau no País das Maravilhas”, na RTP, ficou responsável por uma das mais conhecidas rábulas de sempre, “Senhor Feliz e Senhor Contente”, que fez em conjunto com o Herman José (que o viria a lançar como ator).
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Entre os anos 1980 e 1990, “Eu Show Nico”, “Euronico”, “Gente Fina é Outra Coisa” e “Nico D’Obra” (ao lado de Fernando Mendes) foram alguns dos programas de humor em que participou e que mais sucesso fizeram na televisão. No século XXI participou em “Os Compadres”, “Nico à Noite”, “A Casa é Minha” e “Aqui não há quem viva”.
No formato de telenovela ajudou a escrever “Vila Faia” (1982), a primeira telenovela portuguesa, e tornou-se numa presença constante em dezenas de telenovelas, como “Origens” e “Palavras Cruzadas”, “Fúria de Viver”, “Vingança”, “Flor do Mar”, “Meu Amor”, “Louco Amor”, “Jardins Proibidos” e “O Beijo do Escorpião”. Nicolau foi o criador, em parceria com Carlos Cruz, da NBP-Produções – a primeira empresa portuguesa a dedicar-se à produção de novelas para a televisão.
Participou também como ator em diversas séries televisivas, como “O Espelho dos Acácios”, “Verão Quente”, “Conde D’Abranhos”, “A Ferreirinha”, “João Semana”, “Quando os Lobos Uivam”, “Pedro e Inês”, “Equador”.
Participou em mais de 50 programas e séries de televisão e em cerca de 40 filmes. Ao todo foi uma carreira com mais de cinco décadas. No cinema trabalhou com cineastas como António Pedro Vasconcelos, João Botelho, Luís Galvão Teles, Bille August, Perdigão Queiroga, Fernando Lopes, Artur Semedo, Joaquim Leitão, Leonel Vieira, Mário Barroso, entre outros. Estreou-se como ator no cinema em 1961, em “Raça”, de Augusto Fraga, e no ano seguinte em “Dom Roberto” (1962) de José Ernesto de Souza. Não parou de fazer filmes dos quais se destacam, “Crónica dos Bons Malandros” (1984) de Fernando Lopes, “Inferno” (1999) de Joaquim Leitão, “Jaime” (1999) de António Pedro Vasconcelos, “Os Imortais” (2003) de António-Pedro Vasconcelos, “Kiss Me” (2004) de António da Cunha Teles, “O Crime do Padre Amaro” (2005) de Carlos Coelho da Silva, “Mistério da Estrada de Sintra” (2007) de Jorge Paixão da Costa, “Atrás das Nuvens” (2007) de Jorge Queiroga, “Corrupção” (2007) de João Botelho, “Call Girl” (2007) de António Pedro Vasconcelos, “A Bela e o Paparazzo” (2009) de António Pedro Vasconcelos, “Comboio Noturno Para Lisboa” (2013) de Bille August e “Os Gatos não Têm Vertigens” (2014) de António Pedro Vasconcelos. Estreia-se como realizador em 2009 com o thriller “Contrato” e mais tarde seguiram-se “A Teia de Gelo” (2012) e a comédia “7 Pecados Rurais” (2013).
Não será certamente pelo seu trabalho de realizador de cinema que Nicolau será lembrado, até porque não foi uma atividade que tenha resultado muito bem. Mas também porque Nicolau Breyner é um nome grande da cultura portuguesa, um dos grandes humoristas, que esteve ao lado de Herman José. Nicolau Breyner era realmente um dos melhores atores da sua geração, um profissional e um senhor da televisão, tendo feito história nesse formato diversas vezes. Nicolau deu-nos muitas horas de gargalhadas!
(Em Atualização)