A Academia Brasileira de Cinema anunciou, nesta segunda-feira, 23 de Setembro, o longa-metragem que representará o Brasil na disputa pela categoria de Melhor Filme Internacional nos 97.ª Prémios da Academia Americana de Cinema, que terão lugar a 2 de Março de 2025, em Hollywood, Los Angeles (EUA).
O escolhido foi “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que recebeu a aprovação unânime da Comissão de Selecção.
“Ainda Estou Aqui” competiu com outras 11 produções que se inscreveram e estavam habilitadas a concorrer à vaga. Na semana passada, avançou para o segundo turno, juntamente com outros cinco títulos: “Cidade Campo”, de Juliana Rojas; “Levante”, de Lillah Halla; “Motel Destino”, de Karim Aïnouz; “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges; e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião.
“Estou orgulhosa de presidir essa comissão, que foi unânime na escolha desse grande filme sobre memória, um retrato emocionante de uma família sob a ditadura militar. ‘Ainda Estou Aqui’ é uma obra-prima, sobre o olhar de uma mulher, Eunice Paiva, e com atuações sublimes das duas Fernandas. Esse é um momento histórico para nosso cinema. Não tenho dúvida que esse filme tem grandes chances de colocar o Brasil de novo entre os melhores do mundo. Nós, da indústria do audiovisual brasileiro, merecemos isso”, disse Bárbara Paz, presidente da Comissão de Selecção.
Exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián, seleccionado para o Festival de Nova Iorque, e vencedor do prémio de Melhor Argumento no Festival de Veneza, a produção conta com Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello no elenco principal. Além de Antonio Saboia, Valentina Herszage, Marjorie Estiano, Olívia Torres, Maeve Jinkings, Dan Stulbach, Daniel Dantas, Thelmo Fernandes, Camila Márdila e Humberto Carrão no elenco de apoio.
O filme é uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua mãe, Eunice Paiva, e tem argumento de Murilo Hauser e Heitor Lorega.
Produzido pela Videofilmes, RT Features e Mact Productions, o longa é o primeiro filme original da Globoplay, em coprodução com a ARTE France e a Conspiração. A distribuição nos cinemas brasileiros será realizada pela Sony Pictures.
Garantia da candidatura
Para garantir a candidatura ao prémio, o drama de Walter Salles teve uma antestreia exclusiva em Salvador na última quinta-feira (19), no Cine Glauber Rocha, onde será exibido em duas sessões diárias até ao dia 25 de setembro.
Para quem não está a par, esta táctica é fundamental, pois, para que um filme possa concorrer à cobiçada estatueta, tem de estrear nas salas de cinema entre 1 de Novembro de 2023 e 30 de Setembro de 2024, mantendo-se em exibição por, pelo menos, sete dias consecutivos.
Além desta exibição especial, o filme faz parte da programação da 48.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que decorrerá de 17 a 30 de Outubro.
A estreia no circuito comercial será a 7 de Novembro.
Ainda Estou Aqui
O filme decorre no Brasil de 1971, num período marcado pela crise e pela crescente repressão da ditadura militar (1964-1985).
Baseado nas memórias de Marcelo Rubens Paiva sobre a sua mãe, Eunice Paiva, a trama acompanha a vida de uma mãe de cinco filhos que, após o sequestro e desaparecimento do marido, o então deputado Rubens Paiva, pelas mãos da Polícia Militar, vê-se obrigada a tornar-se uma ativista pelos direitos humanos.