Depois de “O Deus da Carnificina” (2011), o realizador Roman Polanski torna a fazer um filme num único espaço, num único cenário, desta vez, o Teatro. Polanski fecha-se novamente num só espaço para adaptar a peça de David Ives, “Vénus de Vison”.
Esta é a história de Thomas (Mathieu Amalric), um encenador e argumentista que tenta encontrar a atriz perfeita para o papel de Vanda, da peça que adapta do livro “Venus in Furs”, de Leopold von Sacher-Masoch. Vanda (Emmanuelle Seigner) é uma mulher intempestiva, desmiolada e sedutora que tenta a sua sorte para o casting do papel da personagem, que por acaso tem o mesmo nome que ela. Thomas deixa-a tentar a sua sorte numa audição privada que se vai tornar bastante longa, o que leva a que ele se torne obcecado por ela.
São sobretudo os diálogos bem escritos, com humor inteligente, que levam o espectador a entrar num jogo de emoções bastante intenso. Aquilo a que assistimos é a uma guerra de sexos, onde o macho tenta dominar a fêmea, num mundo bastante sexista. O que acontece é que os papéis de invertem, pelo que a mulher passa a dominar o homem. Este é um jogo de máscaras, entre a ilusão e a realidade, entre Thomas e Vanda e entre Severin e Thomas. A determinada altura começamos a não perceber que personagem estamos a ver, se a atriz, ou se a personagem que esta interpreta. É portanto a peça dentro da peça. No final, “o senhor o feriu pela mão de uma mulher”, literalmente.
Conta ainda com uma agradável banda sonora e uma dupla simplesmente fasntastica de atores. Já a câmara não tem muito por onde evoluir. Estando ela presa naquele lugar, parece que as vezes nem mesmo Polanski sabe muito bem onde a colocar, naquele apertado palco de teatro. Existe um jogo de espelhos entre a vida real e a vida do palco, do teatro, da ficção portanto.
“Vénus de Vison” é assim um bom filme que marca o regresso do cineasta desde “O Escritor Fantasma” (2010).
Realização: Roman Polanski
Argumento: Roman Polanski
Elenco: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner
França/2013 – Drama
Sinopse: Sozinho num teatro de Paris depois de um dia a fazer audições a atrizes para a peça que se está a preparar para encenar, Thomas está a queixar-se ao telefone sobre a baixa qualidade das candidatas. Nem uma tinha a qualidade suficiente para interpretar o papel principal. Thomas prepara-se para sair quando chega Vanda: uma desabrida e descarada lufada de energia. Vanda representa tudo o que Thomas detesta. Ela é rude, idiota e nada a fará deter até conseguir o papel. Mas quando Thomas se sente um pouco encurralado e a deixa tentar a sua sorte, fica espantado ao ver como Vanda se transforma. Não só descobriu as roupas e os cenários certos como percebe a personagem (cujo nome partilha) de uma forma íntima, além de saber todos os diálogos de cor. A “audição” vai demorando mais tempo e tornando-se mais intensa. A atracção de Thomas começa a tornar-se uma obsessão…