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25 anos de Cinema Paraíso!

25 anos de Cinema Paraíso!

Foi há 25 anos que se projetou pela primeira vez, em Itália, “Cinema Paraíso” (1988), realizado pelo italiano Giuseppe Tornatore. O filme, que comemora este ano o seu 25º aniversário, é hoje uma referência incontornável na história do cinema mundial. O realizador dá um toque autobiográfico a este filme, tornando-o ainda mais humano e extraordinário. “Cinema Paraíso” tornou-se um dos mais populares filmes italianos das últimas décadas. Falar deste filme é falar de todo o cinema feito até então. É a vida, o primeiro contacto com uma sala de cinema e com a película, é o primeiro amor e o primeiro beijo, é a amizade e a infância. As personagens Alfredo e Salvatore ficam-nos na memória como uma das melhores amizades no cinema. Há ainda a música! Cinema sem música? Nada disso. O grandioso compositor Ennio Morricone criou aqui a sua mais bela obra musical. A sua música faz-nos sonhar, faz-nos sorrir e chorar. Filmes destes surgem uma vez na vida de um realizador. Tornatore fez muitos outros grandes filmes, como por exemplo “A Lenda de 1900” (1998 ) e “Baarìa” (2009), mas será por “Nuovo Cinema Paradiso” que ele irá ser recordado para sempre. 25 anos depois o velho cinema desapareceu.

 

O cinema nunca mais foi o mesmo depois de ter chegado ao ‘paraíso’. A década de 80 marca o inicio do fim do velho cinema. Em 1980 morreu Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, e em 1984 estreava “Touro Enraivecido” e “Era Uma Vez na América”. Em meadas da década, com o sucesso dos clubes de vídeo por todo o mundo, os cinemas ficavam mais vazios e diminuíam de tamanho. “Cinema Paraíso” estreou dois anos antes de entrarmos nos anos 90, a década que marcou o fim da celulóide e o inicio da era da produção digital.

 

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Não é só este filme que presta homenagem ao cinema, como é o caso de “Crepúsculo dos Deuses” (1950), “Serenata à Chuva” (1952) e mais recentemente “Hugo” (2011) e “O Artista” (2011), por exemplo. O que estes filmes tem em comum é que falam do cinema (da sua origem e não só) e de certa forma o homenageiam. Falam do velho cinema, de um cinema ainda com película, da transição do mudo para o sonoro e das memórias desse cinema. No filme de Giuseppe Tornatore a homenagem ao cinema é evidente. É um hino à sétima arte, que desperta as memórias da infância no espectador. No final de tudo ficam alguns pedaços de película, de memórias e de esperança por um futuro melhor para o velho cinema.

 

Em Portugal já praticamente não se filma em película, até porque a Tobis fechou, infelizmente. A sua morte é apontada para entre 2013 e 2015. Será também possível fazer-se cinema em digital? Será este formato melhor que o analógico? Não há dúvida que o digital veio democratizar o acesso a quem quer fazer e ver cinema. Mas a superior qualidade da imagem é inegável na película, pela sua maior informação e textura. O que será do cinema depois do fim da película? De que cinema falaremos nós? Não sei. Mas a mesma coisa não será certamente. Restam-nos apenas algumas memórias, memórias de um filme.

 

Na cena final do filme, Salvatore chora de alegria numa sala de cinema ao ver projetados esses mesmos pedaços de tudo o que é a vida, os sorrisos e beijos censurados. Cinema Paraíso é puro Cinema!

 

Aqui fica a nossa crítica ao filme, escrita em 2010.

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