Como acontece todos os anos no mês de maio, o Festival de Cannes é uma oportunidade para os Cahiers olharem para o cinema em construção.
Wes Anderson, que apresenta “O Esquema Fenício” está em competição e concede à revista uma entrevista exclusiva, enquanto os editores partilham as suas expectativas, apontando os filmes mais intrigantes nas várias secções que constituirão a temporada cinematográfica de 2025-2026.
Mas a passadeira vermelha já não tem a inocência violenta do luxo sem consciência: todos sabemos que o cinema também tem de enfrentar os tempos políticos conturbados em que vivemos. É por isso que nos concentramos nos filmes de Cannes rodados em plena guerra, na companhia dos cineastas Sepideh Farsi, Sergueï Loznitsa e dos irmãos Arab e Tarzan Nasser.
O ano de comemoração dos 130 anos de cinema abre este mês com uma conversa com Barbet Schroeder, figura importante da Nouvelle Vague que co-fundou a Les Films du Losange com Éric Rohmer antes de se aventurar em viagens por vezes longínquas (Estados Unidos, Colômbia, Nova Guiné…) para assinar documentários e ficções sempre surpreendentes, questionando as encarnações do mal.
As estreias do mês, embora tendendo para o fantástico, não são menos abaladas pelas incertezas globais, seja o conciliábulo burlesco do G7 de Guy Maddin (“Rumours”, com Cate Blanchett), as preocupações sociais de Kiyoshi Kurosawa, que também nos concedeu uma entrevista sobre “Chime and Cloud”, ou os voos mais diretamente horríveis de “Maudites” e “Sinners”.
A revista também dá lugar de destaque a retratos e entrevistas, cobrindo festivais, exposições e retrospectivas.
O cinema clássico não fica de fora este mês, com um álbum de fotografias inéditas sobre a realização do “Fausto” de F.W. Murnau, os filmes ingleses de Alfred Hitchcock e as reedições e edições em DVD de Robert Bresson e Jean Cocteau.
Texto traduzido da apresentação do número da revista Cahiers du Cinema
