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Cannes 2014: Dias 7 e 8

Cannes 2014 - Dias 7 e 8_1

No sétimo dia do certame a realizadora japonesa Naomi Kawase marcou a sua quinta presença no festival, agora com o drama romântico “Still the Water” (uma “ode espiritual à Terra”), onde volta a explorar a sua influência mística sobre o ser humano. Naomi Kawase voltou a falar da importância que teve para ela fazer este filme: “Descobri as raízes que tinha naquela ilha há oito anos quando lá fui. A minha bisavó era uma xamã que lá vivia. Acho que Still The Water é o filme mais bem conseguido que já realizei, tanto pelo desempenho dos actores como do ponto de vista técnico. O mais importante é que este filme existe. Gostámos de o fazer e é muito emocionante que seja apresentado a todo o mundo”. A grande maioria da crítica aplaudiu o filme japonês, sendo neste momento apontado como um dos favoritos à Palma de Ouro. Segundo o The Playlist, este caracteriza o filme como “um espetáculo para os sentidos, e se houver justiça, será lembrado como um dos melhores filmes em competição”Por outro lado, o The Hollywood Reporter diz que “o esplendor visual é esmagado por um argumento subdesenvolvido e irregular”.

No mesmo dia, assistiu-se à estreia do novo filme dos irmãos Dardenne, “Two days, one night”, um filme de uma dupla de realizadores que cria sempre elevadas expectativas, ou não tivessem eles já ganho duas Palmas de Ouro (“Rosetta” e “A Criança”). Neste novo drama social, Sandra apoiada pelo seu marido, tem apenas um fim-de-semana para convencer os seus colegas a desistirem das suas bonificações de modo a que possa manter o seu emprego. Honestidade e solidariedade, é do que os irmãos Dardenne falam no seu novo filme. A solidariedade no centro de Deux jours, une nuit, conta Jean-Pierre Dardenne: “Procuramos contrar como a solidarieadade que a Sandra encontra, como o apoio do marido, vão transformar esta mulher para que ela diga no fim “Lutei, estou feliz”E Luc Dardenne completa: “Penso que ainda podemos ser solidários hoje. De qualquer modo, é o que o filme quer dizer”. Para o Indiewire, o filme apresenta uma “premissa aparentemente simples, que esconde uma demonstração bem sucedida dos talentos distintos de Dardenne” e o The Film Stage destaca a “grande trabalho de Marion Cotillard dentro de um filme profundo e sensível”. A conquista de uma terceira Palma de Ouro deve ser levada a sério, pois toda a crítica os aplaude. Os irmãos belga podem fazer história!

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Ao oitavo dia, é o dia o mestre Jean-Luc Godard, que vê, pela sétima vez na sua carreira, uma longa-metragem seleccionada para o Festival. O decano da Competição entrega um argumento original e baralha as pistas com um filme em 3D. No entanto, o cineasta não esteve presente, tendo aliás referido dias antes: “Nada me irá fazer comparecer no Festival de Cannes”.O mestre da Nouvelle Vague já mostrara a sua renitência pela chegada do digital e surpreende com a utilização do 3D em Adieu au langage. Além do aspecto tecnológico, as imagens do trailer deixam entrever um filme atípico e um recito não linear, antes de mais poético.”“Goodbye to Language” não agrada a todos. É Godard. Recebeu críticas mistas. É apontado como um bom candidato ao prémio de Melhor Realizador.

Neste dia foi também projectado “The Search”, o novo filme do também francês Michel Hazanavcius, que regressa a Cannes três anos depois de “O Artista”. Esta é a segunda presença do realizador na seleção oficial. O filme, que tem Bérénice Bejo como protagonista, fala sobre a guerra da Chechenia no final dos anos 90, foi uma desilusão e foi bastante vaiado. Criticado por ser um desperdício de dinheiro e acusado de ser um dos grandes fracassos deste festival. “The Search inspira-se no filme com o mesmo nome de Serge Zinneman, distribuído em 1948, cuja história se passava na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Michel Hazanavicius, acerca da dificuldade em tratar um tema tão sensível como o de The Search“Nunca tive a sensação de fazer filmes simples. Pelo menos nasceram todos de um desejo muito forte. Os constrangimentos do tema fazem parte dos elementos com os quais tem de trabalhar. O desejo deste filme é multiplicado, mas a razão principal era contar esta história que ninguém no cinema tinha ainda contado. Achava interessante colocar-me o mais perto possível do ser humano. Tentei trabalhar numa relação mais direta com as personagens e a história”. Sobre a imagem do exército russo divulgada no filme: “Tentei fazer um filme em que são seres humanos que sofrem com a guerra, quer sejam militares ou não. Não queria que as personagens tivessem uma consciência política. Segundo o que pude ler, o exército russo era bastante duro, com um funcionamento bastante violento. Na época, está numa fase de reconstrução e é em parte constituída por mercenários. Consultei muita documentação sobre o tema. Não penso ter traído a realidade do quotidiano dos soldados.”

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