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Cineasta iraniano Bahman Ghobadi pede à Academia de Hollywood para apoiar os protestos de Mahsa Amini

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O cineasta iraniano Bahman Ghobadi apelou à Academia de Hollywood numa carta aberta, assinada por vários colegas do cinema, para apoiar os protestos de Mahsa Amini, protestos esses que se têm vindo a alastrar a todas as regiões do Irão com centenas de manifestastes.

Os tempos que correm não querem fazer amizade com os corajosos, com os que batem o pé, com os persistentes. Está mais fácil como sempre para quem não questiona, quem não se indigna e quem não se impõe.

O Irão, acostumado à opressão e à ligação umbilical que tem com ela continua a não facilitar a vida aos seus habitantes. Milhares de manifestantes nas ruas exigem justiça para a jovem Mahsa Amini, a mulher de 22 anos que ousou não cobrir o cabelo e que acabou morta pela “polícia da moral” (sendo que esta afirma que morreu de ataque cardíaco). A verdade é que desde então já dezenas de manifestantes morreram, várias mulheres cortaram já o cabelo ou queimaram os seus hijabs (lenço para o cabelo) como forma de protesto em várias cidades do país.

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No Irão, o realizador Bahman Ghobadi, conhecido pelos filmes “As Tartarugas Também Voam” (2004) e “Um Tempo para Cavalos Bêbados” (2000), tem tido uma voz ativa publicando uma carta aberta à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, dos EUA, de forma a que esta instituição possa dar voz à causa do povo iraniano. Citando o mesmo no seu comunicada à Academia “Vocês certamente já ouviram falar sobre o que está a acontecer no Irão. O regime iraniano recentemente matou uma jovem chamada Mahsa Amini por não usar o lenço na cabeça “corretamente”. O povo iraniano saiu às ruas para protestar contra o regime. Nós, o meu povo e eu, precisamos do vosso apoio para divulgar esta notícia e apoiar o povo iraniano e os seus protestos legítimos. Precisamos do vosso apoio mais do que nunca. Por favor, ajudem-nos a espalhar a palavra.”

O papel da Academia tem sido cada vez mais discutido e necessário a nível político desde a última cerimónia dos Óscares aquando da invasão da Rússia à Ucrânia. É urgente que a Academia seja também politizada e que sirva como voz no apelo à liberdade individual, seja em que circunstância for.

Os cineastas iranianos uniram-se para escrever uma carta aberta aos seus amigos e colegas de toda a indústria cinematográfica, solicitando o seu apoio na defesa dos direitos do povo iraniano. A carta é assinada por Shirin Neshat, Zar Amir Ebrahimi, Pegah Ahangarani, Bahman Ghobadi, Abdolreza Kahani, Ali Abbasi, Kaveh Farnam, Farzad Pak e Ali Ahmadzadeh.

O presidente da Academia Europeia de Cinema, o produtor irlandês Mike Downey, respondeu: “A Academia Europeia de Cinema apoia totalmente os cineastas iranianos que protestam contra a atual repressão da onda que se espalha por todo o Irão. Têm havido batalhas entre a polícia iraniana e os manifestantes anti governamentais em Teerã na pior agitação dos últimos anos.”

E conclui: “O Irã está agora sujeito às mais severas restrições de internet vistas desde que o anti governo em massa eclodiu em novembro de 2019. Abominamos a censura em todas as suas formas e apoiamos totalmente os cineastas iranianos que lutam pela sobrevivência num clima de repressão terrível.”