25 de Abril

«Cry Macho»: O republicano que quis fazer as pazes

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Clint Eastwood, actor e realizador norte americano, conta já com 91 anos e continua a carregar consigo a fama da força da sua masculinidade . Celebrado em vários filmes western tanto vestia o fato em “Dirty Harry- A fúria da Razão”, como punha o chapéu de cowboy no “The good, the bad and the ugly- O bom, o mau e o vilão”.

No seu último filme estreado esta quinta feira, dia 16 de Setembro de 2021, Cry Macho- A redenção, não é só o realizador como é também o protagonista do romance adaptado de N.Richard Nash com o mesmo nome. A acção decorre em 1979, em que uma troca de favores é pedida a Mike Milo, antiga estrela de rodeos, interpretado por Clint Eastwood, troca essa que consiste em trazer o filho do seu patrão (Dwight Yoakam) da Cidade do México até ao Texas onde o pai o esperará na fronteira com os Estados Unidos. Esta missão tem tudo para ser turbulenta. Sabendo de antemão que irá resgatar um miúdo, Rafo (Eduardo Minett), abusado pelos companheiros da sua mãe, de uma casa em que o tecto não lhe dá a segurança de querer regressar todos os dias. É na Cidade do México que o velho cowboy acaba por encontrar Rafo cercado por outros rufias numa luta ilegal de galos.

 

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Aqui os animais têm um papel dominante, o galo “Macho” de Rafo que acaba por trazer o protagonismo de um animal protector em quem se pode confiar e que nunca desiludirá e os cavalos difíceis de dominar cuja revolta ainda se cura com a paciência que o tempo nos ensinou a perceber . O filme evoca as paisagens dos westerns que nos habituámos a ver, as estradas intermináveis que Clint Eastwood percorreu em tantos filmes, o deserto companheiro da sua arrogância masculina que durante o filme ridiculariza o nome do galo “Macho” (“If a guy wants to name his cock Macho, that’s okay by me.”, Mike Milo) . O macho que outrora ele já foi dá agora lugar a um velho capaz de saber orientar uma criança para o seu “poleiro” e acima de tudo redimir-se nem que seja uma última vez. Sobreviver e mostrar-se dentro da sua fragilidade é um dom mesmo sabendo que outrora já ele próprio fora o grande macho alfa que agora se recusa a reviver.

 

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É fácil lembrar-nos durante este filme de “Gran Torino” (2008) em que o veterano republicano era surpreendido pela compaixão do adolescente asiático, mas em “Cry Macho- A redenção”, encontramos o filme que teve que ter o seu tempo de espera para ser feito, a idade certa para quem sabe um dia despedir-se de super-herói e ir a tempo do que sempre procurou, ser amado.

O filme é também uma homenagem à família, ao povo mexicano e à sobrevivência. Não é um western clássico mas sim justo, e isso é mais que suficiente. Clint Eastwood parece querer mostrar que apesar de assumidamente republicano cada vez mais está distante do que conhecemos hoje da herança deixada por Donald Trump. Não estamos à espera de suspense, o filme é lento tal como a figura débil do cowboy de cintura deambulante.

 

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Um Homem tem um código, e o dele é que nunca devemos desistir. Se este filme for uma despedida, ele, na fronteira, já escolheu o lado onde quer ficar.

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«Cry Macho»: O republicano que quis fazer as pazes
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