Elas no Cinema pelo Mundo #2 – Afeganistão, África do Sul, Albânia

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Todas as semanas a Elas no Cinema em Lisboa publica no Cinema Sétima Arte dicas de filmes dirigidos por mulheres de vários países. A lista busca incluir filmes que estão disponíveis em plataformas de streaming ou nos cinemas, porém também citaremos cineastas cujas obras nem sempre estarão acessíveis no momento da publicação. A ideia é promover o trabalho de realizadoras pelo mundo ao longo do ano todo, portanto partilhem e comentem os nossos artigos com sugestões de filmes que mais pessoas deveriam conhecer.

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AFEGANISTÃO

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“Pão, Rosas e Liberdade”
[Bread & Roses, 2023]
Realização: Sahra Mani
Disponível na Apple TV+

Essa é a segunda longa-metragem da realizadora afegã cujo trabalho documental busca denunciar a horrível situação em que vivem as mulheres em seu país. Produzido pela atriz hollywoodiana Jennifer Lawrence e pela ativista Malala Yousafzai, “Pão, Rosas e Liberdade” acompanha a luta de várias mulheres no Afeganistão após a tomada do poder pelo regime Talibã em agosto de 2021.

Segundo a ONU, o grupo extremista islâmico pratica o apartheid de gênero, proibindo raparigas de 10 anos ou mais de estudarem, e as mulheres de trabalharem e de deixarem as suas casas desacompanhadas até para coisas básicas do dia a dia, como fazer compras ou até mesmo falar em público. Sahra Mani mostra essa perda da liberdade, o medo da repressão, mulheres a gritar e a marchar com cartazes pelos seus direitos, mas também sendo presas, torturadas e mortas por serem contra o regime.

Dica bônus: Outra realizadora afegã que eu admiro é a Shahrbanoo Sadat cujo filme “O Orfanato” (2019) costuma estar no catálogo da MUBI (no Brasil, está disponível na Filmicca). A longa conta a história de um garoto de 15 anos que é levado a um orfanato de Cabul no final dos anos 1980, pouco antes de o Afeganistão tornar-se um Estado islâmico. Fã das produções de Bollywood, ele fica imaginando cenas de sua vida como se fosse um musical do cinema indiano. É uma ficção bem bonita.

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ÁFRICA DO SUL

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“Planuras”
[Flatland, 2019]
Realização: Jenna Cato Bass

Conheci esse filme e essa realizadora por conta da Kino – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, que o programou na edição de 2021. É um thriller que retrata duas garotas que decidem viajar para as vastas planícies da África do Sul (no deserto de Karoo) fugindo de situações abusivas e da opressão da vida doméstica. Essa jornada também assume conotações de classe e raciais, num país pós-apartheid (que chegou ao fim em 1994), já que uma das amigas – a mais revoltada – é branca (Izel Bezuidenhout) e a outra é negra (Nicole Fortuin).

Dica bônus: não é uma indicação de filme, mas de livro. Recomendo a leitura das memórias da poeta, dramaturga e romancista Deborah Levy, que nasceu em Joanesburgo, em 1959. São 3 volumes: “Coisas que não quero saber”; “O custo de vida”; e “Bens imobiliários”, sendo que, no primeiro, ela fala bastante da luta de seu pai contra o apartheid, a prisão dele, e a vida no subúrbio em Londres em que passou a adolescência em exílio.

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ALBÂNIA

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“Colmeia”
[Zgjoi, 2021]
Realização: Blerta Basholli
Disponível na Filmin

Uma coprodução de Kosovo, Suíça, Macedônia do Norte e Albânia, “Colmeia” é a longa-metragem de estreia de Basholli. O filme bateu o recorde no Festival de Sundance de 2021, tornando-se a primeira obra de sempre a conquistar os três prémios principais: o Grande Prêmio do Júri, o Prêmio de Direção e o Prêmio do Público na categoria Drama do Cinema Mundial. A protagonista de “Colmeia” é Fahrije (interpretada pela ótima Yllka Gashi), uma mulher cujo marido desapareceu na guerra no Kosovo. O conflito chegou ao fim em 10 de junho de 1999 e, até hoje, mais de 1600 pessoas no Kosovo continuam desaparecidas.

Enlutada, Fahrije se vê sozinha cuidando dos dois filhos e do sogro. Com o apoio de uma organização de mulheres, ela começa um pequeno negócio de ajvar caseiro (tipo um creme de pimentão assado), mas essa atitude não é bem vista na na aldeia em que vive, principalmente pelos homens da vizinhança, que a atacam e a desprezam diariamente. “Colmeia” é baseado numa história verídica (a  Fahrije da vida real é apresentada no encerramento do filme).

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Acompanhem as nossas recomendações semanais:

Elas no Cinema pelo Mundo #1 – Palestina, Chile, Argentina

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