Elas no Cinema pelo Mundo #4 – Alemanha, Angola, Arábia Saudita

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Todas as semanas a agenda feminista Elas no Cinema em Lisboa publica no site Cinema Sétima Arte dicas de filmes dirigidos por mulheres de vários países.

A lista busca incluir filmes que estão disponíveis em plataformas de streaming ou em cartaz nos cinemas, porém também citaremos cineastas cujas obras nem sempre estarão acessíveis no momento da publicação. A ideia dessa iniciativa é promover o trabalho de realizadoras pelo mundo ao longo do ano todo, portanto partilhem e comentem os nossos artigos com sugestões de filmes que mais pessoas deveriam conhecer.

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ALEMANHA

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“As Faces de Toni Erdmann”
[Toni Erdmann, 2016]
Realização: Maren Ade
Disponível na Filmin

Premiado e muito elogiado no seu ano de lançamento (já fará dez anos em 2026!), “Toni Erdmann” é o filme que revelou a actriz alemã Sandra Hüller (“Anatomia de uma Queda”, “Zona de Interesse”) a um público mundial. Aqui Hüller interpreta Ines, que é consultora de uma importante empresa alemã sediada em Bucareste e uma workaholic super séria, sem tempo para distrações. Já o pai de Ines, Winfried (Peter Simonischek), é um professor primário bem brincalhão e está tentando se reconectar com a filha, querendo saber mais da vida dela. Essa reaproximação, no entanto, não é fácil e, então ele cria um personagem chamado Toni Erdmann, que colocará Ines em diversas situações inusitadas, constrangeradoras, mas muito engraçadas. Além das ótimas atuações, Maren Ade soube exatamente como retratar essa relação familiar sem ser piegas.

Dica bônus: Depois de ver “Toni Erdmann”, aproveite que você já estará na Filmin e assista a outro filme alemão realizado por uma mulher que é “Western” (2017), de Valeska Grisebach. “Western” retrata um grupo de alemães contratado para trabalhar na construção de uma barragem no interior da Bulgária. Algumas coisas dão errado e eles vão ficando no local mais tempo do que o esperado. A realizadora se apropria do gênero faroeste para mostrar a relação entre estrangeiros e locais tornando-se cada vez mais hostil, com os alemães se comportando como cowboys.

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ANGOLA

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“Sambizanga”
[1972]
Realização: Sarah Maldoror

Morta aos 90 anos em 2020, a cineasta Sarah Maldoror é considerada a pioneira do cinema pan-africano. Homenageada pelo IndieLisboa no ano seguinte a sua morte, ela dirigiu 46 filmes mas, infelizmente, a sua obra não costuma estar acessível nas plataformas de streaming (acho que já esteve no catálogo da Mubi, mas saiu). Ela estreou como realizadora com a curta-metragem “Monangambé” (1968), baseada na obra do escritor angolano José Luandino Vieira, que mostra a tortura e a morte de um prisioneiro angolano que resulta da ignorância do colonizador português. Quatro anos depois, Maldoror lançou a longa “Sambizanga”, que se passa em 1961, no início da guerra pela independência angolana. No filme, Maria (interpretada pela incrível Elisa Andrade) é uma mulher que percorre as ruas de Luanda para tentar encontrar o marido, Domingos Xavier (Domingos de Oliveira), preso pela polícia portuguesa.

Dica bônus: recomendo também a leitura do livro “Olhar de Maldoror – singularidades de um cinema político”, escrito pela professora, jornalista e programadora de cinema Maria do Carmo Piçarra e publicado pela editora Húmus. É pequeno (cabe no bolso), fácil de ler e complementa bem a obra de Maldoror.

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ARÁBIA SAUDITA

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“O Sonho de Wadjda”
[Wadjda, 2012]
Realização: Haifaa Al Mansour
Disponível na Filmin

Você sabia que as mulheres sauditas só foram autorizadas a andar de bicicleta em 2013? Pois é! E um pouco antes disso (em 2011), a primeira mulher realizadora de cinema na Arábia Saudita, Haifaa Al Mansour, decidiu fazer um filme sobre a jornada de uma garota que sonha em ter uma bicicleta. Wadjda tem dez anos e vive num subúrbio de Riade, a capital da Arábia Saudita. Ela é uma garota “diferente” pois escuta rock, usa tênis All Star e tem um menino como seu melhor amigo. Porém, para conseguir comprar a sua própria bicicleta, ela precisa de dinheiro e, então, decide participar do concurso de declamação do Corão da escola. Perante a uma sociedade tão conservadora, “O Sonho de Wadjda” é uma trama com um final esperançoso. Por um longo período, no entanto, Al Mansour esteve trabalhando no Reino Unido e em Hollywood, voltando a Arábia Saudita apenas em 2019 para filmar “A Candidata Perfeita”, como conta essa entrevista.

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Acompanhem as nossas recomendações semanais:

Elas no Cinema pelo Mundo #1 – Palestina, Chile, Argentina

Elas no Cinema pelo Mundo #2 – Afeganistão, África do Sul, Albânia

Elas no Cinema pelo Mundo #3 – Canadá, Grécia, Peru

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