Fui ver este filme já com alguns preconceitos em mente; sou grande fã dos livros e até á data nenhum dos seis filmes sobre as aventuras de Harry Potter e companhia conseguiu na minha opinião fazer justiça á obra original. Depois de ver a sétima adaptação cinematográfica da saga continuo a pensar da mesma forma.
A decisão de David Yates (o realizador) em dividir a adaptação do sétimo livro da saga do jovem bruxo Harry Potter em dois filmes á partida parecia ser mais uma decisão financeira do que artística, contudo depois de estar na sala de cinema percebi o porquê da decisão: “Harry Potter e os Talismãs da Morte – Parte I” dedica-se bastante ao desenvolvimento emocional das personagens principais. Não temos grandes cenas de acção e os efeitos especiais não são tão grandiosos como nalguns dos filmes anteriores, mas são no entanto aproveitados de forma mais suave e agradável, dando um tom mais pessoal ao filme e com uma maior carga emocional. E é aqui que devo fazer uma menção a Eduardo Serra, o director de fotografia português conseguiu fazer com que “Harry Potter e os Talismãs da Morte” seja o filme com mais impacto visual de todos os sete que saíram até a data. Uma fotografia magnifica e que merece certamente ser vista pelo público com grande atenção.
Contudo um filme deste género não vive só da parte visual e Yates pecou num aspecto: a narrativa do filme não se explica de forma muito clara e algumas partes chegam mesmo a parecer deslocadas do resto do filme, como que se lhes tivesse sido arrancado o elo que as ligaria ao resto das cenas. Frases como “Isto agora parece mais o Senhor dos Anéis” ou mesmo “O que é uma horcrux?” foram ouvidas pela sala de cinema. Ora, partindo do principio que todo o filme gira em volta da procura e tentativa de destruição das horcruxes criadas por Voldemort, pode-se dizer que houve neste aspecto uma grande falha. Falha essa não tão importante para aqueles que já leram o livro mas gigantesca para quem está a ter o seu primeiro contacto com esta história. (o que equivale á maioria do publico presente na sala).
Ainda outro aspecto importante de referir são os actores. Cada filme do Harry Potter apresenta um poderoso conjunto de actores que dão uma dinâmica muito boa á narrativa, a forma como encarnam as personagens, a forma como se entregam ao filme, mesmo aqueles actores que pouco aparecem nas duas horas de filme mas que quando o fazem, fazem-no bem, como é o caso com Rys Ifans ou John Hurt.
Fica também o aspecto agradável de num período onde o 3D conquista cada vez mais espaço nas salas de cinema, existirem casos onde ainda se podem ver filmes da forma mais tradicional.
Realização: David Yates
Argumento: Steve Kloves
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Bill Nighy
EUA/2009 – Acção/Aventura
Sinopse: O mundo dos feiticeiros tornou-se um lugar perigoso para todos os que estão contra Voldemort. E os aliados deste continuam a querer o prémio mais desejado: Harry Potter. Este tem de ser entregue a Voldemort… vivo. A única esperança de Potter é encontrar o Horcruxes antes que Voldemort o encontre a ele. Mas enquanto procura por pistas, ele descobre uma lenda muito antiga – a lenda dos Talismãs da Morte. E se esta for verdadeira, pode dar a Voldemort o poder de que ele precisa…