Bruno Ganz, o ator suíço que interpretou o anjo Damiel no clássico de Wim Wenders, “As Asas do Desejo”, e que deu voz à Morte no filme de Lars Von Trier, “A Casa de Jack”, morreu este sábado, em Zurique, vítima de doença prolongada. A notícia foi avançada ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung pela sua agente Patricia Baumbauer.
Nascido em Zurique a 22 de março de 1941, filho de pai suíço e de mãe italiana, Ganz decidiu seguir a carreira de representação quando estudava na universidade. Dedicou décadas de sua carreira ao teatro e passou a ser reconhecido pelo grande público através do cinema, a partir dos anos 1970. Em 1970, com Peter Stein, fundou o teatro alternativo Schaubuehne, tornando-se numa plataforma de lançamento de carreiras de grandes encenadores como Peter Zadek, Klaus Michael Gruber, Luc Bondy, Claus Peymann e Dieter Dorn.
Wim Wenders juntou Ganz a Dennis Hopper no filme “O Amigo Americano” (1977) e, posteriormente, o ator protagonizou a obra-prima do cineasta alemão, “As Asas do Desejo”, com o papel de Damiel, um anjo caído que perambula pela cidade, numa Berlim fria e devastada do pós-guerra. Werner Herzog também o escolheu para contracenar com Klaus Kinski em “Nosferatu, o Fantasma da Noite” (1979).
O seu talento foi reconhecido além-fronteiras e Ganz trabalhou com Eric Rohmer (“A Marquesa d’O”), Theo Angelopoulos (“A Eternidade e Um Dia”), Silvio Soldini (“Pão e Tulipas”), Francis Ford Coppola (“Uma Segunda Juventude”), Stephen Daldry (“O Leitor”) e Ridley Scott (“O Conselheiro”). Um dos seus últimos papéis foi em “Radegund”, de Terrence Malick, que se encontra atualmente em processo de pós-produção.
O ator foi protagonista de “A Cidade Branca”, o filme de Alan Tanner rodado em Lisboa, em 1983, contracenando com a atriz portuguesa Teresa Madruga.
O grande sucesso comercial de Ganz veio com “A Queda: Hitler e o Fim do Terceiro Reich”, de Oliver Hirschbiegel, um filme de 2004 que mostra os últimos dez dias da vida do ditador nazi, nomeado em 2005 para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Dos vários prémios com que foi galardoado, destacam-se o Leopardo de Ouro do Festival Internacional de Locarno, galardão honorário pela sua carreira, e também a distinção pela Academia Europeia de Cinema, em 2010.
Em 2015 foi um dos convidados de honra do Lisbon & Estoril Film Festival (LEFFEST) para acompanhar a retrospetiva dedicada ao cineasta alemão Wim Wenders, homenageando-o com um prémio de carreira.