Cannes 2019: Thierry Frémaux comenta a 72.ª edição

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Mandatory Credit: Photo by Francois Mori/AP/REX/Shutterstock (10213135d) Festival director Thierry Fremaux speaks to reporters during a press conference to announce the Cannes film festival line up for the upcoming 72nd edition in Paris, . The festival will run from May 14 to May 25, 2019 Cannes 2019 Presentation, Paris, France - 18 Apr 2019

O diretor geral do Festival de Cinema de Cannes, Thierry Frémaux deu recentemente uma entrevista ao Screen Daily onde falou sobre Tarantino, Scorsese, a representação das mulheres no cinema, entre outros assuntos sobre a 72.ª edição. A selecção oficial foi divulgada na semana passada.

O presidente do Festival de Cannes, Pierre Lescure, destacou o bom desempenho nas bilheteiras, como o vencedor da Palma de Ouro de Cannes 2018, “Shoplifters – Uma Família de Pequenos Ladrões”, de Hirokazu Kore-eda, que atraiu mais de 800 mil espectadores em França.

Frémaux anunciou que a cerimónia de abertura deste ano realiza-se com a estreia de “The Dead Don’t Die”, de Jim Jarmusch, e que será exibido em mais de 400 salas de cinema em toda a França no dia 14 de maio, uma operação conjunta entre o estúdio norte-americano Universal e o canal de televisão francês Canal Plus.

Thierry Frémaux disse que a Netflix e os Óscares são apenas uma parte das suas preocupações e que há muitas outras coisas que o mantêm ocupado. Há outros festivais que escolheram concentrar-se mais no cinema americano e na cerimónia dos Óscares, mas isso não faz parte da nossa agenda. Estamos em maio, os Óscares são em fevereiro. Claro que filmes que estrearam em Cannes também podem entrar na corrida aos Óscares, veja-se o exemplo de Spike Lee, com “BlacKkKlansman”. “Ele provou que se pode estar em Cannes em maio e ainda montar uma campanha para estar nos Óscares em fevereiro [e vencer]. O cinema americano é muito importante para nós em Cannes, mas também o resto do cinema do mundo.”

Questionado sobre a selecção do novo filme de Martin Scorsese, “The Irishman”, Frémaux respondeu que o filme não estará pronto até ao final do ano. “Tanto Martin Scorsese como a Netflix disseram-me isso há muito tempo. Não acho que exista alguma estratégia por parte da Netflix para mantê-lo longe de Cannes. Scorsese é um amigo e falo com ele regularmente. Embora possa ter esperanças pelo filme de Tarantino, sei que o de Scorsese não estará pronto a tempo.”

Quanto a “Era Uma Vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino, o diretor geral de Cannes afirmou ter visto grande parte do filme e sabia que ia ser difícil para Tarantino terminar o filme a tempo. “Está programado para estrear em julho. Estará pronto com dois meses de antecedência? Ele quer vir a Cannes, o estúdio quer que ele venha a Cannes. Eu adoraria que ele viesse e eu sei que ele está a trabalhar muito, mas eu não sei, ele não sabe e o estúdio não sabe.”

Sobre a igualdade de género no cinema, ou seja, a representação feminina no festival, o diretor geral respondeu o seguinte: “Eu direi exatamente a mesma coisa que eu disse nos últimos seis, sete anos, é que Cannes e todos os festivais estão no final de um ciclo. Somos o eco ou reflexo do que está acontecer na indústria cinematográfica. Se houvesse mais realizadores do sexo feminino na indústria, haveria mais realizadores do sexo feminino em Cannes. É uma questão que não deve surgir em maio em Cannes; deve estar na agenda durante todo o ano. Durante muito tempo, Agnès Varda, (…) estava sozinha, mas hoje vemos mais mulheres a chegar.”

Na selecção oficial há cinco filmes de produção francesa, dois realizados por homens (“Oh Mercy!”, Arnaud Desplechin, e “Les Misérables”, Ladj Ly) e três realizados por mulheres (“Atlantics”, Mati Diop“Portrait Of A Lady On Fire”, Céline Sciamma, e “Sibyl”, Justine Triet). Na secção Un Certain Regard acontece o mesmo. “Quando olho para a nova geração de cineastas que sai de África – seja norte, sul, leste ou oeste – vejo mais mulheres do que homens.”

“(…) Os filmes devem ser selecionados com base na qualidade do trabalho. Agnès Varda diria: “Eu não sou uma realizadora feminina, mas sou uma mulher e sou realizadora.” Há mais mulheres do que nunca este ano, mas tenho a certeza de que ainda haverá quem diga que não fizemos esforço suficiente, mas temos que continuar a selecionar filmes pelo seu mérito, não podemos simplesmente convidar mulheres com base no seu género. É muito perigoso. Os mesmos jornalistas que nos criticam pela falta de realizadoras, quando as luzes se apagam, não se importam se o realizador é um homem ou uma mulher – eles estão mais interessados ​​na qualidade do filme.”

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