A Sofia é uma amante da sétima arte, com formação em psicologia, que nos trará semanalmente uma análise idiossincrática de um filme da sua preferência. Opinião sincera e repleta de curiosidades, acerca de filmes, muitas vezes ignorados pelas luzes da ribalta, mas que de alguma forma merecem protagonismo, pelo interesse do ponto de vista psicológico, da análise do comportamento e da personalidade, e dos benefícios de os visionar. Esperamos que não fique indiferente a esta nova rubrica, e que torne as escolhas da Sofia suas escolhas também!
Desligados (Disconnect, 2012) – Uma Agradável Surpresa
Do realizador Henry Alex Rubin, conhecido pela realização de “Vida interrompida”, com argumento de Andrew Stern, “Desligados” é o tipo de filme que estou sempre a tentar encontrar: um que me encha as medidas.
Quem gostou de “Colisão”, vencedor do Óscar de Melhor Filme em 2006, vai com certeza gostar deste filme. Repartido em várias histórias no qual algumas acabam por se entrosar, têm em comum o fenómeno da internet, essencialmente pelo lado negativo que trouxe à nossa privacidade e às relações interpessoais.
Ben (Jonah Bobo) é um adolescente introvertido que sofre de cyberbullying por dois colegas de escola, Jason (Colin Ford) e Frye (Aviad Bernstein), que se fazem passar por uma jovem; Cindy (Paula Patton) e Derek (Alexander Skarsgård) são um casal que tenta ultrapassar a morte do seu filho e se tornam vítimas de roubo de identidade pela internet; Kyle (Max Thieriot) é um jovem que exibe o seu corpo online em troca de recompensas e é contactado por Nina (Andrea Riseborough) uma jornalista ambiciosa que procura uma história polémica.
A internet alterou irreversivelmente a forma como vivemos as nossas vidas. Hoje em dia temos a possibilidade de a transportar no bolso e de estarmos ligados em rede a qualquer momento. Mas, como se sabe nem tudo é positivo, e “Desligados” consegue demonstrar exatamente isso, sem descorar a crítica social de um mundo conectado mas cruelmente desligado das relações.
Polvilhado por um elenco de grande qualidade desde os adultos aos mais jovens. Destaca-se ainda Jason Bateman no papel de Rich Boyd, numa representação forte e dramática que contrasta com o que estamos habituados a ver do ator de comédias como “Chefes Intragáveis”, “Vigarista à Vista” ou “Cuidado Com o Que Desejas”.
“Desligados” destaca-se ainda por não se focalizar nas personagens principais dos subenredos, mas permitir expandir a densidade dramática aos outros papéis.
Um filme com uma temática muito atual e que a todos diz respeito, que não só serve para o entretenimento credível e de qualidade como também permite uma introspeção, uma avaliação do estado da sociedade e serve de alerta moral. Outro que não teve o merecido mediatismo, estreou em Portugal em outubro do ano passado mas pouco se ouviu falar sobre ele.
Quando o comecei a ver não estava a espera de me envolver tanto com as personagens e de realmente o achar tão interessante e completo. Os efeitos visuais utilizados são um regalo, muito boa banda sonora, um guião sólido e um final muito inteligente! “Desligados” está no top de 2012/2013 de muitos amantes do cinema e realmente é difícil ficar-lhe indiferente.