Assim é o Amor (2010) – A Importância da Sinceridade
Vamos vivendo as nossas vidas sempre a achar que podemos programá-las e saber o que espera o dia de amanhã. Habituamo-nos a rotinas, mas há sempre um dia que acontece algo totalmente inesperado.
Para Oliver Fields (Ewan McGregor) o momento aconteceu quando, seis meses após a morte da sua mãe, o seu pai, com 75 anos de idade, lhe confessa que é homossexual e padece de uma doença terminal. Depois de um casamento de longos anos e na reta final da sua vida Hal (Christopher Plummer), com esta perceção de mortalidade, começa a viver intensamente o tempo que lhe resta, encontrando disponibilidade e permitindo-se viver um grande amor junto de um homem mais novo. Aproveita ainda para reformular a sua relação com o filho e, encontrar a serenidade interior que nunca antes havia conseguido.
Algum tempo após a morte inevitável de Hal, Oliver conhece Anna (Mélanie Laurent), uma jovem atriz, divertida e imprevisível, que lhe permite compreender, finalmente, o verdadeiro significado do amor. A relação com a Anna obriga-o a sair da sua zona de conforto, questionar o mundo à sua volta, o seu passado e pensar o seu futuro.
O filme desenvolve-se em três momentos temporais. O período da infância/adolescência de Oliver, contemplando o relacionamento entre os seus progenitores e o desenvolvimento do protagonista; Oliver numa fase adulta, nos momentos após a morte da sua mãe e as revelações do seu pai; e por fim, os momentos com Anna, após a morte de seu Hal.
“Assim é o Amor” é um filme sobre a capacidade do ser humano de recomeçar do zero, de ser resiliente e voltar a levantar-se mesmo depois da vida o ter feito passar por o que mais parece ser uma viagem no “olho do furacão”. Daí o seu título original ser “Beginners”, reforçando a ideia de que não passa-mos de eternos caloiros no centro das reviravoltas da vida, com o peso da influência das experiências, e a incerteza do futuro.
Uma história interessante, realização e argumento de Mike Mills, com inúmeras referências à cultura pop dos anos 80, uma grande quantidade de informação histórica, um personagem principal, a certa altura, mascarado de Freud, o Óscar e o Globo de Ouro para Christopher Plummer na categoria de Melhor Ator Secundário, e no meio de todo este enredo um adorável cãozinho que comunica através de legendas, acho que convence qualquer um a programar um dia para poder assistir a este filme, ou a desmarcar algo programado para o poder fazer.