Rugas (2011) – Porque Não Vamos Para Novos
“Rugas” (“Arrugas”) é um filme já com algum destaque aqui no Cinema 7 Arte, tem uma “crítica” da autoria de Tiago Resende em novembro de 2012 e foi “Destaque da Semana” na sua semana de estreia em Portugal em Maio de 2013. Mas quando o conteúdo é bom todos queremos dar o nosso contributo e opinião, pois este foi, sem dúvida uma brilhante surpresa.
Já aqui vos confessei a minha admiração e gosto especial pela animação. É um sem fim de possibilidades e por isso, nas mãos de Ignacio Ferreras nasce esta obra fantástica baseada na banda-desenhada com o mesmo nome, de Paco Roca e que recebeu o Prémio Banda-desenhada Nacional em 2008.
“Rugas” é uma longa-metragem de animação em 2D cujo público-alvo não são as crianças, mas que torna igualmente importante ser visto por elas. É um filme delicioso, amargo e doce, que põe na ordem do dia as questões do envelhecimento colocando-nos ocasionalmente um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos.
O filme desenvolve-se em torno da amizade de Miguel (voz de Álvaro Guevara) e Emilio (voz de Tacho González), dois idosos que residem num lar de terceira idade. Emilio é um antigo diretor bancário que apresenta sintomas de estado inicial da doença de Alzheimer. Miguel é um residente de longa data que o ajuda a integrar-se.
O envelhecimento é um processo de degradação diferencial que afeta todos os seres vivos, com uma velocidade e gravidade variável. No entanto, de forma geral este processo acarreta mudanças físicas e psíquicas que nos tornam mais vulneráveis e nos conduzem à inevitável perda de algumas capacidades, daí que lhe esteja associada uma carga emocional fortemente negativa.
Poucas vezes este é um dos temas centrais do enredo de um filme, razão pela qual esta magnífica obra possui ainda mais valor. Além disso, numa sociedade em que o respeito pelos mais velhos, a sua sabedoria e os seus ensinamentos são colocados em cadeiras reclináveis de “casas de repouso”, sem que lhes seja prestada a atenção e o carinho merecido, é também motivo de crítica por parte do realizador. Contudo, Ferreras expõe de forma bastante realista o medo que a todos nós é comum, juntando-lhe um bonita mensagem de esperança e celebração da vida, sem que seja sentimentalista e moralista.
Um filme perfeito para iniciar o novo ano com uma nova perspetiva sobre o futuro que se avizinha, e de abraçar as possibilidades do presente.