A cerca de duas semanas da 12.ª edição do LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival, que irá realizar-se de 16 a 25 de novembro em Lisboa e Sintra, o Cinema 7.ª Arte partilha algumas sugestões de uma programação que conta com mais de 150 filmes, 11 na Selecção Oficial em Competição e 18 Fora de Competição, inéditos em Portugal, alguns destes premiados nos mais reputados festivais internacionais. Entre os convidados estão confirmadas as presenças de: João Botelho, Laurie Anderson, Jacques Audiard, Mathieu Amalric, Louis Garrel, Walter Salles, Mario Martone, entre outros. Serão ainda apresentadas retrospectivas de Mike Leigh e de Paul Schrader. Estas são as nossas 20 sugestões de filmes para ver na 12.ª edição do LEFFEST. Ver programa completo aqui.
Filmes em Competição
L’Homme Fidèle, de Louis Garrel (França, 2018)
Marianne deixa o jornalista Abel por Paul, o melhor amigo do primeiro, de quem está grávida. Oito anos mais tarde, Paul morre e Abel e Marianne reatam os laços que os unia. Contudo, esta nova relação vai desencadear ciúmes tanto no filho de Marianne, Joseph, como na irmã mais nova de Paul, Eva, a qual tem, desde jovem, uma paixão secreta por Abel.
Ray & Liz, de Richard Billingham (Reino Unido, 2018)
Nos arredores de Birmingham e nas margens da sociedade, a família Billingham leva a cabo rituais extremos numa vida decidida por fatores fora do seu controlo. Entre um humor inquietante, desenrolam-se três episódios que, no seu conjunto, formam uma poderosa evocação da experiência de crescer num apartamento estatal em Black Country.
Blaze, de Ethan Hawke (EUA, 2018)
“Blaze” é inspirado na vida de Blaze Foley, a lenda do movimento Texas Outlaw Music que deu a conhecer estrelas como Merle Haggard e Willie Nelson. O filme entrelaça três períodos diferentes e reconstrói o passado, presente e futuro de Blaze. Os diferentes fios narrativos exploram a sua relação com Sybil Rosen e o impacto que as suas músicas e morte tiveram nos fãs, amigos e inimigos. Culmina num final agridoce que reconhece os altos e baixos de Blaze e as impressões que deixou nos que com ele se cruzaram.
The River, de Emir Baigazin (Cazaquistão, Polónia, Noruega, 2018)
Uma família de cinco filhos vive numa aldeia remota do Cazaquistão. Aslan, o mais velho e mais honesto, torna-se o representante do pai e responsável por todo o trabalho, delegando tarefas aos irmãos mais novos. Contudo, a vida doméstica muda subitamente quando uma misteriosa visita, Kanat, chega à vila e mostra às crianças o seu tablet e jogos de computador. A intrusão súbita do mundo moderno traz corrupção, tentação e mentira. De repente, Kanat torna-se o novo líder. Até que, um dia, Aslan leva Kanat consigo até ao rio e o rapaz da cidade desaparece.
Asako I & II, de Ryusuke Hamaguchi (Japão, França, 2018)
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Asako e Baku, dois estudantes universitários, conhecem-se e apaixonam-se à saída de uma exposição de fotografia. Contudo, Baku abandona subitamente Asako sem qualquer explicação. Anos mais tarde, em Tóquio, Asako pensa ver Baku a trabalhar num bar de saqué, mas, na verdade, trata-se de Ryohei, um simpático jovem de voz suave, confuso com as súbitas atenções de Asako. Começam a namorar e Asako não conta ao namorado que este se assemelha fisicamente à sua antiga paixão. Quando Baku reaparece anos depois, a jovem vê-se confrontada com os seus antigos sentimentos.
Fora de Competição
At Eternity’s Gate, de Julian Schnabel (Reino Unido, França, EUA, 2018)
Este é um filme que se faz de um acumular de cenas baseadas nas pinturas de Vincent Van Gogh, de um acordo comum de factos, boatos e histórias inventadas da sua vida. A arte oferece a oportunidade de criar um objeto palpável que expressa uma razão de viver. O trabalho de Van Gogh parece ter transgredido a morte e encorajado outros a fazer o mesmo.
Roma, de Alfonso Cuarón (EUA, México, 2018)
Uma história que narra a vida de uma família na Cidade do México no início da década de 70. O filme acompanha Cleo, uma jovem doméstica que trabalhava para uma família de classe média no bairro de Roma. Cuarón entrega uma carta de amor à mulher que o criou, inspirando-se na sua própria infância e desenhando um retrato emotivo da vida doméstica e da hierarquia social no seio do tumulto político desta década.
Shoplifters – Uma Família de Pequenos Ladrões, de Hirokazu Koreeda (Japão, 2018)
Osamu, um homem de meia-idade, e Shota, um jovem rapaz, entram numa mercearia. Calmos e sem falarem um com o outro, trocam sinais através de olhares e gestos. Enquanto um distrai, o outro vai roubando produtos, acabando por sair da loja com um bom pecúlio. Pelo caminho, Osamu e Shota encontram uma menina ao frio e levam-na para a sua pobre, mas feliz casa. Ainda que a mulher de Osamu não queira mais uma boca para alimentar, quaisquer planos para entregar a criança são descartados após a descoberta de marcas de abuso no seu corpo.
Beautiful Boy, de Felix Van Groeningen (EUA, 2018)
Baseado em dois livros de memórias, um do aclamado jornalista David Sheff e outro do seu filho, Nic Sheff, “Beautiful Boy” é um retrato comovente do amor e compromisso de uma família face à dependência de Nic e às suas tentativas de recuperação. À medida que Nic sofre várias recaídas, os Sheff enfrentam a dura realidade da dependência.
A Pereira Brava, de Nuri Bilge Ceylan (Turquia, Macedónia, França, Alemanha, Bulgária, Bósnia-Herzegovina, Suécia, 2018)
https://www.youtube.com/watch?v=GGts8qQe8Fc
Nesta hipnótica e comovente história de descoberta, Sinan, um jovem escritor em ascensão, regressa da faculdade para seguir a sua paixão pela literatura, mas depara-se com uma complicada dinâmica familiar causada pelo vício de jogo do seu pai, que deixa a mãe e irmã desesperadas. Enquanto tenta reorientar-se do drama familiar, Sinan tenta também lidar com esta nova fase da sua vida. A sua busca por sentido torna-se a fonte de longas e densas conversas que formam a estrutura emocional e intelectual do filme.
The House That Jack Built, de Lars Von Trier (Suécia, Alemanha, Dinamarca, França, 2018)
Estados Unidos da América, anos 70. Acompanhamos Jack ao longo de doze anos e presenciamos os crimes que o definem como um assassino em série. A sua história é-nos apresentada pelo próprio Jack, sendo cada crime pensado como uma obra de arte. À medida que a polícia se aproxima, Jack arrisca cada vez mais, tentando criar a sua obra-prima. “The House That Jack Built” é uma história negra e sinistra, mas apresentada como um conto filosófico com laivos de humor.
Suspiria, de Luca Guadagnino (Itália, 2018)
Uma escuridão abate-se sobre uma companhia de dança de renome mundial, envolvendo a diretora artística, uma ambiciosa e jovem bailarina e um psicoterapeuta. Alguns vão sucumbir ao pesadelo, outros vão finalmente acordar.
Sessões Especiais
Caminhos Magnétykos, de Edgar Pêra (Portugal, Brasil, 2018)
Raymond, de 60 e poucos anos, parisiense, autor de filmes fotográficos e BD de animação francesa, veio para Portugal com o 25 de Abril. Apaixonou-se e ficou. A sua atividade entrou em decadência e, agora, Raymond vive dependente da sua mulher Gertrudes. “Caminhos Magnétykos” desenrola-se no dia do casamento da sua filha de 21 anos. Em Lisboa vive-se uma guerra civil. Raymond irá sentir uma revolta interior e partir numa viagem frenética por uma cidade em vias de se desmoronar. Será também o colapso das suas convicções.
Homenagem a João Botelho
O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, de João Botelho (Portugal, 2016)
“Uma fotografia antiga, com 36 anos. A mão dele no meu ombro. Bênção, dádiva. Depois, uma longa história de mais de quatro décadas de amizade, admiração e aprendizagem. Uma viagem ao cinema de Oliveira, ao seu método, ao seu modo de filmar, às suas prodigiosas invenções cinematográficas. Mais de um século de vida, mais de um século de cinema, todo o cinema”. – João Botelho
Homenagem a Walter Salles
Central do Brasil, de Walter Salles (França, Brasil, 1998)
O filme conta a viagem emocionante de uma antiga professora, Dora, que escreve cartas para pessoas analfabetas, e de um menino, cuja mãe acaba de morrer, em busca do pai que ele nunca conheceu. Dora aproveita-se dos que querem escrever cartas para as suas famílias e fica com o dinheiro sem nunca enviar os envelopes. Um dia, Josue, o filho de nove anos de um dos seus clientes, é abandonado quando a sua mãe é morta num acidente de autocarro. Relutante, Dora junta-se ao rapaz numa viagem para encontrar o seu pai há muito desaparecido.
Retrospetiva Paul Schrader
No Coração da Escuridão, de Paul Schrader (EUA, 2017)
O antigo capelão Toller está devastado pela perda do filho que ele mesmo encorajou a alistar-se no exército. A sua fé é testada quando a jovem Mary e o seu marido Michael, um ambientalista radical, lhe pedem ajuda. Consumido pela ideia de que o mundo está prestes a ser destruído por grandes e implacáveis empresas, Toller decide levar a cabo um ato arriscado na esperança de conseguir redescobrir a sua fé. Ethan Hawke interpreta o atormentado reverendo Toller, refletindo a imagem de um homem pronto para tudo a fim de recuperar uma dimensão espiritual num mundo massacrado por interesses económicos.
Retrospetiva Mike Leigh
Segredos e Mentiras, de Mike Leigh (Reino Unido, França, 1996)
https://www.youtube.com/watch?v=Kro0PD2M9B4
Após a morte da mãe adotiva, Hortense, uma jovem negra de 27 anos, decide encontrar a sua mãe biológica. Quando finalmente se encontram, Hortense fica espantada ao descobrir que a mãe, Cynthia, é branca e tem uma filha de 20 anos. No início, Cynthia fica perturbada ao ver a filha que havia esquecido. Mais tarde, no entanto, decide desenvolver um relacionamento profundo com ela. Cynthia depara-se então com a tarefa de fazer a sua família aceitar o facto de ter uma filha negra…
Ciclos Temáticos – Neoliberalismo – A Semente do Populismo e dos Novos Fascismos?
Tempos Modernos, de Charles Chaplin (EUA, 1936)
Nesta obra-prima de comédia, encontramos o icónico Charlot a trabalhar numa fábrica com tecnologia de ponta, onde a maquinaria o domina totalmente e onde sucessivos contratempos o fazem ir parar à prisão. Conhece e torna-se lá amigo de uma rapariga órfã. Em conjunto e separadamente, tentam lidar com as dificuldades da vida moderna, com Charlot a trabalhar como empregado de mesa, e, eventualmente, como artista.
As Vinhas da Ira, de John Ford (EUA, 1940)
O clã Joad, apresentado ao mundo no icónico romance de John Steinbeck, procura uma vida melhor na Califórnia. A sua quinta, assolada pela seca, foi tomada pelo banco. A família, liderada por Tom, que acaba de sair da prisão em liberdade condicional, enche uma carrinha com os seus pertences e ruma a oeste. Na estrada, os Joad cruzam-se com dezenas de outras famílias que percorrem o mesmo caminho e partilham um mesmo sonho. Quando chegam à Califórnia, rapidamente se apercebem de que a terra prometida não é o que esperavam.
Ciclos Temáticos – O Desejo Chamado Utopia
Torre Bela, de Thomas Harlan (França, Portugal, Itália, Suíça, 1975)
A ascensão e queda de um movimento cooperativo revolucionário foi estabelecida numa grande quinta privada do Ribatejo de março a dezembro de 1975 (a maior parte das ocupações de terras ocorridas no Alentejo foram promovidas pelo partido comunista). Em discurso direto, às vezes em frente à câmara, às vezes entre si, os trabalhadores rurais expõem a sua miséria, o seu sofrimento, as suas esperanças e, finalmente, o seu desespero quando um governo socialista ordena a restituição da terra aos seus proprietários primitivos e estes transformam a terra numa reserva de caça.