O Brasil selecionou o filme “Retratos Fantasmas”, realizado por Kleber Mendonça Filho, como sua nomeação para concorrer aos Óscares 2024 na categoria de Melhor Filme Internacional. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (12) pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais, após uma reunião do Comitê de Seleção, presidido por Ilda Santiago.
“Foi uma reunião democrática, representativa em uma comissão ampla. A diversidade e qualidade dos filmes nos levou a três horas de debate até chegarmos ao título escolhido”, declarou Ilda.
Quinto longa-metragem do realizador e argumentista pernambucano, o documentário explora a história do centro de Recife desde o século XX através de suas salas de cinema. Inspirado nas memórias pessoais de Kleber, que se mudou para o bairro de Setúbal durante a adolescência, o filme é dividido em três atos.
Na obra, Mendonça reflete sobre a importância dos cinemas na vida das pessoas e na cultura das cidades. Com um tom de crónica, a narração do realizador apresenta uma perspectiva pessoal sobre a relação entre os espectadores e as salas de cinema. Além disso, o filme faz uma reflexão sobre como os letreiros dos filmes se tornaram verdadeiros ícones de suas épocas.
“Retratos Fantasmas” não tem personagens humanos como protagonistas, mas sim a cidade, os prédios e a própria essência do cinema. O filme explora como o cinema entra em nossas vidas de maneira imperceptível, indo além das salas de exibição.
Em uma entrevista ao portal brasileiro G1, Mendonça explicou: “É um filme que aborda a ideia central de uma cidade, explorada através de uma espécie de arqueologia do passado, do século XX, representada pelas salas de cinema. Todas as cidades têm uma história que pode ser contada a partir do seu centro e das salas de cinema que movimentavam esse centro. O filme aborda os costumes, a forma como a indústria enxergava e enxerga a população e a comunicação em massa”.
Kleber Mendonça Filho iniciou sua carreira como diretor, produtor e roteirista com curtas-metragens em 2004. Seu primeiro longa-metragem, “Crítico”, foi lançado quatro anos depois. No entanto, foi apenas em 2012 que ele conquistou reconhecimento internacional com o filme “O Som Ao Redor” e, em seguida, com o icônico “Bacurau”.
Este ano, no total, 28 longas-metragens foram inscritos e qualificados para competir pela vaga, com a eleição realizada em duas etapas.
É importante recordar que na última edição, “Marte um”, de Gabriel Martins, foi a produção selecionada para representar o Brasil no Óscar, enquanto na edição anterior, “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, foi a escolha. Contudo, ambos não conseguiram entrar na lista final de nomeados.