Time waits for no one: #10 (One, Two, Three)

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«Time can tear down a building or destroy a woman’s face Hours are like diamonds, don’t let them waste.»

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«One, Two, Three» de Billy Wilder (1961)

Entre algumas comédias bacocas e algumas obras menores, encontramos na filmografia de Billy Wilder (1906-2002) filmes que merecem a nossa atenção. «One, Two, Three», de 1961, é um deles. O enredo decorre numa Alemanha dividida onde um alto funcionário da Coca-Cola na região ocidental do país teme perder o seu emprego caso não consiga evitar o casamento da filha do seu patrão norte-americano com um Comunista, tentando por tudo disfarçar esta relação quando o seu patrão e a sua esposa visitam o país.

Protagonizado por James Cagney, o filme leva ao grande ecrã problemáticas históricas importantes – numa época em que estas mesmas decorriam – interpretadas, no entanto, através de um apurado sentido cómico. À época da sua estreia, Bosley Crowther escrevia que a crise de Berlim não tinha, nem de perto nem de longe, a mesma graça e o mesmo espírito pro-americano que o filme de Billy Wilder exalta.

De qualquer forma, a premissa homérica do protagonista não é de nenhuma forma ingénua num contexto politico. Macnamara – é esse o nome da personagem de Cagney – vê-se com um caso bicudo nas mãos quando Scarlett (a filha do patrão) se apaixona por Otto (um Comunista do lado Este de Berlim) e engravida, na altura em que os seus pais viajam a partir dos Estados Unidos para uma visita. A solução por eles encontrada é a de transformar Otto num verdadeiro capitalista ocidental e apresentá-lo aos futuros sogros, sob o risco de Macnamara perder a sua promoção na empresa.

Os argumentistas – Billy Wilder e I.A.L. Diamond – recorrem frequentemente ao gag cómico e às mais que evidentes piadas politicas. De realçar a personagem de Fritz, um secretário de origem germanófila, gerida ainda pelos tiques militares do bater de sola nazi, da obediência cega e dos hábitos militaristas de outrora.

Esta inteligência da sátira aguçada deixa, no entanto, muito a dever às piadas evidentes e à acção cómica (comédia física até) que decorrem consecutivamente ao longo do filme. Permanece a ideia de uma considerável falta de subtileza, em particular no papel de Cagney, um ‘deus ex- machina’, um ‘mein fuhrer’ norte-americano. Como um general, em determinado momento, apenas importa a Macnamara a velocidade e a quantidade de coisas que são feitas para não obstruir a sua mais que provável promoção.

Apesar do valor de todo o elenco, «One, Two, Three» assenta essencialmente sobre James Cagney, que carrega todo o peso da narrativa ao longo de todo o filme, como nunca se tinha visto em qualquer outro filme em que havia participado. E a sua actuação é preponderante. Macnamara é uma personagem odiada por todos – a sua esposa inclusive – mas, simultaneamente, desde o inicio tanto faz com que não confiemos em si, como nos faz rir desde o principio.

No fundo, é essa a essência do filme: um filme que nos faz rir, com a sua própria impudência e piadas politicas sobre uma crise estrangeira na Europa, e com a sua periclitante narrativa, que decorre a um ritmo alucinante.

Próxima publicação (14 de Maio): «O Brat Pack: algumas notas»

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