O Festival de Cannes abriu hoje as suas portas ao mundo para a 67ª edição. Durante doze dias Cannes vai ser a Meca do cinema, cheio de glamour e o melhor do cinema mundial.
O júri da selecção oficial, presidido por Jane Campion, deu no inicio da tarde uma conferência de imprensa inaugural, em que a realizadora disse: “Existe uma grande pressão a pairar em cima da nossa cabeça. O cinema é toda a minha vida e a minha experiência nesta área faz de mim a espectadora que sou. É sempre apaixonante para mim perceber a visão do mundo de um realizador. Para todos nós o cinema é uma paixão e isso é que vai ditar as nossas reações. Não posso adivinhar as nossas reações antecipadamente. Cada filme é diferente, selvagem ou delicado, todos representam uma surpresa, sentimentos inéditos.”. O restante júri é composto por Carole Bouquet, Sofia Coppola, Leila Hatami, Jeon Do-yeon, William Dafoe, Gael Garcia Bernal, Jia Zhangke e Nicolas Winding.
A cerimónia de abertura realizou-se por volta das 19h (em França), apresentada pelo ator francês Lambert Wilson. Com uma energia contagiante, o mestre de cerimónias do 67º Festival de Cannes disse para o grande público em várias línguas, “Você é meu cinema! Confiante e alegre”. Foi feita uma curta homenagem ao cineasta francês Alain Resnais (que faleceu este ano), tendo invocado alguns grandes mestres do cinema que já partiram, de Marcello para Roberto e de Orson a Akira. “Não vamos esquecer estas grandes testemunhas que nos deixaram um grande legado”. Entretanto o júri da selecção oficial é chamado a sentar nos seus lugares, no palco, e o compositor Michael Nyman toca ao piano algumas das bandas sonoras que compôs para os filmes de Jane Campion, com uma performance magnífica. Esta entra finalmente em palco e agradece “a honra de ser o presidente do júri, um magnífico júri”. Mesmo no final da cerimónia, houve tempo para Lambert dar um pequeno passo de dança de salsa com Nicole Kidman e de cantar os parabéns a Sofia Coppola e Tim Roth. Coube ao recente oscarizado realizador Alfonso Cuarón e à atriz Chiara Mastroianni pronunciarem a tradicional frase de abertura do festival: “Declaro agora aberto o 67º Festival de Cannes!”.
O certame abriu com “Grace do Mónaco”, de Olivier Dahan, que contou com a sua presença e com a de Nicole Kidman, Tim Roth, Jeanne Balibar e Paz Vega. O filme retrata um período na vida da atriz americana Grace Kelly (interpretada por Nicole Kidman), que se tornou a princesa ‘Grace of Monaco’, quando ela se casou com o príncipe Rainier III (Tim Roth), em 1956, naquele que foi conhecido de “o casamento do século”. É assim uma forte homenagem a Grace Kelly, rainha de Hollywood que se tornou princesa do rochedo desde 1956. O realizador indicou que a sua ambição inicial era “fazer um filme que falasse de cinema porque falo de uma atriz. Não é um Biopic, mesmo se tudo é verdadeiro, sou uma pessoa que lê muito, que procura documentação. As escolhas íntimas de Grace Kelly são verdadeiras porque foram relatadas, mas sou consciencioso, inspiro-me do que leio”.