Em outubro, a Escola das Artes deu início ao ano letivo com uma proposta inovadora, pensada para aproximar os estudantes do cinema nacional. A entidade lançou uma rubrica mensal dedicada ao cinema português, criando um espaço único de interação entre os alunos e cineastas de renome.
A dinâmica da rubrica é simples: a cada mês, um(a) realizador(a) é convidado(a) a exibir um dos seus filmes no Auditório Ilídio Pinho (AIP), seguido de uma conversa com os estudantes.
Além de dar a conhecer importantes obras do cinema nacional, a iniciativa oferece uma oportunidade valiosa de troca de ideias sobre o processo criativo e a carreira dos cineastas convidados. Com uma programação já diversificada e consolidada, este projeto reforça o papel da instituição como um ponto de encontro e reflexão sobre o Cinema.
Mais do que isso, estimula o espírito crítico de toda a comunidade académica, permitindo aos alunos aprender diretamente com alguns dos nomes mais influentes da sétima arte em Portugal.
Última exibição do ano
A última sessão do ano da nova rubrica ocorrerá hoje, dia 3, às 18h30, no AIP. Durante o evento, o público receberá João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, que irão dialogar com os presentes após a exibição do filme “Onde Fica Esta Rua? ou Sem Antes Nem Depois”.
O longa presta homenagem ao clássico “Os Verdes Anos”, realizado em 1963 pelo realizador Paulo Rocha (1935-2012).
No documentário, Rodrigues e Guerra da Mata deslocam-se a Lisboa para refazer os passos de Rocha durante o seu processo de criação do filme, anos atrás. Ao revisitar locais por onde o realizador passou, o filme procura desconstruir camadas geológicas, urbanas e sociais sucessivas da cidade, através das lentes das câmaras e das mentes dos realizadores.
Programação anterior
O projeto teve a sua primeira exibição no dia 30 de outubro, com a projeção do filme “Mal Viver”, realizado por João Canijo, que esteve presente para uma conversa com o público após a sessão.
“Mal Viver”, que é a primeira parte de um díptico, conta a história de uma família de cinco mulheres que herdaram um hotel e tentam salvá-lo da ruína, vivendo um conflito antigo e irresolúvel durante um fim de semana, enquanto os clientes vão e vêm.
Segundo Canijo, “é um filme sobre a ansiedade de ser mãe e como isso provoca a incapacidade de amor incondicional. Três gerações de mulheres vítimas da ansiedade das suas mães.”
No dia 19 de novembro, o público teve a oportunidade de receber Cláudia Varejão, que esteve presente após a exibição de “Lobo e Cão”.
Rodado na Ilha de São Miguel, nos Açores, com um elenco de atores não profissionais, o filme leva-nos a conhecer a realidade insular através de Ana, seu grupo de amigos e sua família. A produção de Varejão cruza realidade e ficção, numa ode à comunidade queer da ilha.