Nesta segunda-feira, 16 de setembro, a Academia Brasileira de Cinema anunciou a lista dos seis longas-metragens seleccionados pela comissão de selecção para competir pela nomeação na categoria de Melhor Filme Internacional da 97.ª edição dos Óscares.
Os títulos são:
“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles
“Cidade; Campo”, de Juliana Rojas
“Levante”, de Lillah Halla
“Motel Destino”, de Karim Aïnouz
“Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges
“Sem Coração”, de Nara Normande e Tião
Disputa de gigantes
Entre os seis filmes seleccionados pela comissão liderada por Bárbara Paz, dois destacam-se no cenário internacional. A próxima reunião decidirá qual deles representará o Brasil.
De um lado, “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, que estreou na competição principal de Cannes. Do outro, “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que conquistou o prémio de Melhor Roteiro na 81ª edição do Festival de Cinema de Veneza. Enquanto “Motel Destino” teve uma receção mista, “Ainda Estou Aqui” foi amplamente elogiado e já recebeu vários convites de festivais.
Dada a campanha em andamento e os elogios à atuação de Fernanda Torres e ao contexto da trama, muitos críticos acreditam que “Ainda Estou Aqui” seria a escolha mais estratégica para representar o Brasil. O favoritismo não se restringe apenas aos críticos, o público também está fazendo pressão nas redes sociais.
Além de enaltecer o drama de Salles e de afirmar que este já deveria ser o representante, há críticas quanto ao período de escolha, com alguns a argumentar que é demasiado tarde e que a selecção já deveria ter sido feita, uma vez que a maioria dos países já definiu os seus representantes. Este ponto foi levantado pelo realizador Aly Muritiba – vale lembrar que Muritiba já teve um dos seus filmes seleccionados para representar o país, o drama “Deserto Particular”.
No próprio post da Academia que anuncia os seis filmes, Muritiba declarou:
“Meados de setembro e ainda estamos numa pré-lista? Não aprendemos nada, mesmo, não é? A esta altura, a maioria dos países já está em campanha”.
O comentário de Muritiba foi amplamente apoiado pelo público e recebeu uma resposta directa da própria Bárbara Paz, que afirmou:
“Aly, pois pensa! Há tão pouco tempo, tanta coisa mudou… Lembras-te de quando nem sabias que tinhas de inscrever o teu filme para concorrer ao Óscar? Ou que nem sabias que existia uma Academia Brasileira de Cinema que fazia essa selecção dos filmes! Quem te indicou a fazer isso, lembras-te? Pois… Já avançámos bastante, não achas? Antecipámos a data, conforme nos foi permitido. Fizemos o possível… Agora é torcer para estarmos na shortlist este ano! E viva o nosso cinema brasileiro!”.
Em resposta, Muritiba disse:
“Sim, querida. Mas já falámos sobre esse prazo. Sabemos o quanto algumas semanas fazem diferença”.
Quando sai o representante oficial?
Foram inscritos e habilitados 12 longas-metragens para concorrer à vaga, e a eleição será realizada em duas rondas.
Na segunda-feira, 23 de setembro, será escolhido, entre os seis filmes pré-seleccionados, aquele que representará o Brasil na competição. O filme eleito será anunciado através de um comunicado à imprensa e nas redes sociais da Academia Brasileira de Cinema.
A lista preliminar para a categoria de Melhor Filme Internacional será divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) no dia 17 de dezembro. O anúncio dos filmes nomeados para os Óscares, incluindo os seleccionados para a categoria de Melhor Filme Internacional, será feito no dia 17 de janeiro.
Edições anteriores
Na edição mais recente, o elogiado documentário “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho, foi seleccionado para representar o país.
Estruturado em três actos, “Retratos Fantasmas” traça um panorama da história do centro do Recife através do olhar único das salas de cinema. Com uma abordagem nostálgica e reflexiva, o filme explora a relação entre os espectadores e o espaço cinematográfico, revelando como esses ambientes moldaram a cultura urbana e a vida das pessoas.
Nos anos anteriores, foram seleccionados a comédia dramática “Marte Um”, de Gabriel Martins, e o drama “Deserto Particular”, de Aly Muritiba. No entanto, nenhum desses filmes conseguiu figurar na lista final de nomeados.
