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Time waits for no one: #9 (Do remake)

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«Time can tear down a building or destroy a woman’s face Hours are like diamonds, don’t let them waste.»

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Do remake: cópia, roubo ou usurpação?

O que pode ser dito sobre uma arte especifica dentro da própria produção cinematográfica como a do remake, um método que engloba em si uma série determinada de cânones e métodos particulares? Ao longo do tempo, e desde os primórdios do Cinema, novas adaptações de obras já existentes foram vindo sendo trazidas ao grande ecrã. A novidade pode-se concentrar tanto numa nova interpretação do argumento, trazendo à luz o seu reflexo sob o prisma de uma nova realidade politica, social e cultural, tanto como uma nova roupagem tecnológica, etc.

No entanto, a honestidade de um remake reside sempre na capacidade da produção e da realização em utilizar os dados lançados anteriormente para, embora inspirados no anterior, concretizar um filme totalmente distinto.

Quantas não foram as vezes – e aqui julgo que muitos partilharão o sentimento – que nos sentimos tentados a assistir à nova roupagem actual de um filme mais antigo que tanto nos diz, ou que tanto nos marcou, e a total desilusão tomou conta da nossa interpretação? Ou por outro lado, quem nunca se sentiu redimido ao preferir um remake ao original? O que torna os filmes de um realizador em específico mais difíceis de re-interpretar do que os dos outros?

Pessoalmente, quando penso em remakes, penso imediatamente na obra tão particular do holandês Paul Verhoeven (n. 1938). A sua filmografia entre os anos de 1980 e de 2000 – período em que trabalhou em Hollywood, deixando para trás uma obra considerável no país natal – é rica quando analisada neste contexto, mas não só.

Neste período destacam-se filmes como «Robocop – O Polícia do Futuro» (1987), «Desafio Total» (1990), «Instinto Fatal» (1992), «Soldados do Universo» (1997) e «O Homem Transparente» (2000). Destes, foi produzida recentemente uma nova versão muito pouco bem recebida pela critica: «Desafio Total» (2012) de Len Wiseman e «Robocop» (2014) de José Padilha.

Quais são os defeitos apontados? Estamos perante dois thrillers, repletos de acção e com enorme capacidade para o entretenimento. Os elencos são brilhantes, contando com actores reconhecidos como Colin Farrell, Gary Oldman, Michael Keaton, Samuel L. Jackson; os efeitos especiais são actuais, desenvoltos e sem dúvida alguma melhores que os originais… O agente tornado máquina tem novas armaduras, novas armas, novos veículos. Respira, faz diálise, chega até a chorar; faz exercicios de tiro ao som de «Hocus Pocus» tema dos Focus, grupo reconhecido de rock progressivo.

Onde falham? Falham na cópia, no roubo, e na usurpação. O que é mais importante num filme do que a própria capacidade autoral de um realizador em explanar os seus conceitos cinematográficos, poéticos e narrativos, independentemente do tema? O que transforma um remake num bom filme é a reinterpretação de uma trama ou enredo aos olhos de um novo autor, e tudo o que com ele transporta. De uma forma minimal: que o realizador seja… bom.

Voltando a Verhoeven. Será sempre impossível adaptar os seus filmes de uma forma banal. O seu estilo de ficção cientifica respira originalidade e inovação. Como nos velhos clássicos, de Stanislaw Lem a Ray Bradbury, faz uso de uma época mais espacial para criticar uma condição de existência contemporânea e aonde a insistência neste comportamento generalizado nos pode conduzir num possível futuro. Os efeitos visuais, embora adequados à época, não são protagonistas, mas sim um veículo para algo mais, ou de forma mais arriscada, uma obrigação. De igual forma, o humor presente nos filmes de Paul Verhoeven está completamente ausente nas suas respectivas adaptações, assim como o sentido critico acicatado – quase ausente no panorama contemporâneo da sétima arte.

A produção cinematográfica faz-se de pormenores e de individualidades criativas. De contextos, de associações de ideias e entretenimento. Recentemente parecem ter-se concentrado na última.

01 - robocop
01 – robocop
02 - total recall
02 – total recall

Próxima publicação (14 de Maio): «Um, Dois, Três», Billy Wilder (1961).

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