“Uma pequena silhueta patética e mal vestida, um chapéu de coco amolgado, umas calças largas, um botão de bigode, uns sapatos enormes e uma bengala pretensiosa”. Falo de Charlot, o vagabundo, uma complexa personagem que é parte patife, parte figura patética, parte herói, parte romântico, parte crítico social, parte cavalheiro, parte poeta, parte sonhador. Este, é o meu Charlot!
Autor do texto: Vitor Ribeiro, Director do Cineclube de Joane
Plano-sequência: um dos Verões do nosso contentamento, Julho de 2006: projecção de cinco longas de Chaplin em película, duas delas a céu aberto; distingo Tempos Modernos (obra em que se empilham camadas, divagações reiteradas sobre as leituras de Chaplin quanto ao marxismo, à exploração do homem no trabalho, ao domínio da máquina), exibido no primeiro plano de um adro de uma igreja, ladeado por uma capela da qual só resta a torre sineira, uma plateia repleta e uma adesão plena dos espectadores, dos 7 aos 77, com sorrisos das crianças e gargalhadas desregradas de avós perante as pantominas do vagabundo, que só cessam quando Charlot (com Paulette Goddard, vemo-los de costas) abandona a cidade condenando os restantes personagens a permanecer.
Enquadramento: após uma encomenda nossa, estreia em Novembro passado do filme-concerto The Kid pelos Bueno.Sair.Es: do acasalamento entre a primeira longa do vagabundo, mescla de burlesco e melodrama construído no eco da perda de um filho (recém-nascido) por Chaplin, e a abordagem irónica mas devota da banda, apresentou-se uma banda-sonora feita de sombras expressionistas, encontros e evasivas, uma avalanche. (em breve numa sala próximo de si).
Obrigado, Vitor Ribeiro, pela colaboração.