Time waits for no one: #11 (O Brat Pack)

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«Time can tear down a building or destroy a woman’s face Hours are like diamonds, don’t let them waste.»

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O Brat Pack: algumas notas

[box type=”info” ]’They’re Rob, Emilio, Sean, Tom, Judd, and the rest—the young movie stars you can’t quite keep straight. But they’re already rich and famous. They’re what kids want to see and what kids want to be.’ David Blum[/box]

No inicio dos anos oitenta do século passado, a sociedade a um nível mundial – em particular a dos Estados Unidos da América – vivia um novo fôlego, principalmente no aspecto económico, mas também nos valores pelos quais se começava a reger. Para trás ficavam as décadas de sessenta e de setenta, marcadas pela guerra do Vietname e pelas convulsões sociais. No entanto, a geração nascida entre estas duas décadas tornou-se o centro de todas atenções, sendo então considerada como o futuro que todos desejavam. A sua educação era decidida ao pormenor, e qualquer desvio das normas determinadas empírica e naturalmente seria considerado uma catástrofe. Todos se perguntavam se estavam correctos; se estes novos ventos trariam no futuro uma nova realidade em que pudessem confiar e onde estariam estes jovens nos anos que estavam por vir. Ninguém prestava atenção a cada um como indivíduo, nem se preocupava com o seu livre-arbítrio.

À distância do tempo que desde então decorreu podemos afirmar que foi a partir desse momento que um novo status social foi sendo construído. Sim, foram eles os fundadores de uma nova realidade. No entanto, e contrariamente ao espectado, conduziu-nos ao maior fosso sócio- económico desde a depressão dos anos vinte do século XX.

É neste contexto que surge um conjunto de filmes nos quais participam um grupo de actores em comum, denominado de Brat Pack. O termo foi enunciado pela primeira vez em 1985 por David Blum num artigo publicado na revista New York intitulado ‘Hollywood’s Brat Pack’ no qual o autor concentra num mesmo grupo os actores de filmes como «Breakfast Club», de John Hughes e «St Elmo’s Fire», de Joel Schumacher, ambos do mesmo ano. Deste grupo de actores faziam parte nomes como Emilio Estevez, Judd Nelson, Molly Ringwald, Demi Moore, Rob Lowe e Andrew McCarthy. Mais tarde, outros nomes foram sendo associados a este género de filmes, entre eles Robert Downey Jr, Matthew Broderick e Ben Stiller.

John Hughes (1950-2009) foi o verdadeiro responsável pela eclodir da carreira destes jovens, tanto como realizador e como argumentista. Na sua filmografia destacam-se o já referido «Breakfast Club» (1985), «Sixteen Candles» (1984) e «Pretty in Pink» (1986), este último realizado por Howard Deutch. À primeira vista estamos perante três filmes que apenas partilham entre si um público-alvo e dois ou três actores. No entanto, reconhecemos neles um retrato muito próximo de uma juventude no decorrer de um determinado período de tempo, seja no que diz respeito à dificuldade de expressão de uma individualidade numa comunidade que se quer estigmatizada e gerida/ perseguida pelos adultos, seja na dificuldade de afirmação num meio juvenil bipartido entre o misterioso universo da mulher e a testosterona meio pateta do homem, ou as pirâmides amorosas em que uma rapariga-mulher é disputada por dois jovens homens totalmente diferentes entre si, nem que seja pelo seu diferente contexto sócio-económico.

Em comparação com uma realidade cinematográfica recente, estes eram filmes com um principio activo. Sem necessidade de recorrer a artefactos narrativos espalhafatosos, sabiam ir de encontro à audiência que pretendiam cativar, tocando-lhes no âmago da sua vivência diária. O Cinema desde sempre manifestou um poder de abstracção, mas também de psicanálise e catarse. Fazer do real temática de ficção na qual o espectador se reconheça sempre foi o pressuposto da imagem-movimento, desde Buster Keaton a Woody Allen. Actualmente, as produções dirigidas aos jovens – adolescentes e pré-adolescentes – são fantasias que encerram em si personagens de um mundo que não existe, embora estas se movam e motivem por problemáticas que parecem tiradas da nossa realidade. «Harry Potter» trata de um miúdo que é vitima de bullying e que descobre que consegue vingar entre os seus colegas através da magia herdada dos seus pais; em «The Hunger Games», a juventude daquela república ficcional é pressionada e perseguida pelo governo de forma a que se eliminem uns aos outros, etc…

Por fim, refiro alguns filmes que passaram ao lado do mediatismo mas que merecem a devida atenção, entre eles «Oxford Blues» (1984) – sobre um jovem norte-americano que viaja para o Reino Unido para estudar em Harvard depois de falsificar o seu registo de notas – realizado por Robert Boris, «About Last Night» (1986), de Edward Zwick, e «Fresh Horses» (1988), de David Anspaugh.

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O artigo de David Blum (New York Magazine, 10 de Junho de 1985) disponível em

www.nymag.com/movies/features/49902 

Próxima publicação (28 de Maio): O Mumblecore e o diálogo naturalista.

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