O thriller de ficção científica de sucesso de 1993, “Parque Jurássico”, realizado pelo lendário Steven Spielberg e baseado no popular romance homónimo de Michael Crichton, é amplamente considerado um clássico por uma razão específica: a impactante interação entre humanos e dinossauros.
Com a coexistência entre humanos modernos e dinossauros milenares, o argumento, habilmente adaptado por Crichton e David Koepp, adiciona um elemento adicional de emoção e tensão à trama. Nesta conjuntura, a combinação de efeitos visuais inovadores e uma narrativa envolvente resultou em uma experiência cinematográfica épica que continua a encantar e impressionar o público até hoje, mesmo após 30 anos desde o seu lançamento em 11 de junho de 1993.
Por este prisma, a expertise de trazer esses animais pré-históricos à vida de forma realista e aterrorizante é um dos principais motivos pelos quais o décimo sexto filme de Spielberg é amplamente considerado um clássico do género de ficção científica. A mistura de suspense, ação e thriller proporcionada pela interação entre humanos e dinossauros cativa os espectadores, tornando-o uma obra marcante, única e perene.
Todavia, além desse fator distintivo, o filme do início dos anos 90 também empreendeu um papel pioneiro na introdução de efeitos visuais gerados por computador (CGI), que estavam em estágios iniciais de desenvolvimento na época.
Pois é, embora já existissem exemplos anteriores de CGI em filmes, como “Star Wars Episódio IV: A Guerra das Estrelas” (1977), de George Lucas, “Star Wars – O Império Contra-Ataca” (1980), de Irvin Kershner, “Alien – O 8.º Passageiro” (1979), de Ridley Scott, “Mad Max – As Motos da Morte” (1979), de George Miller, “Tron” (1982), de Steven Lisberger, “Star Wars: Episódio VI – O Regresso de Jedi”, (1983), de Richard Marquand,“O Abismo” (1989) e “O Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento” (1991), ambos de James Cameron, nenhum deles retratou a representação de criaturas orgânicas de maneira tão revolucionária quanto “Parque Jurássico”. Foi essa inovação que tornou os efeitos da Industrial Light & Magic, na época da LucasFilm e Stan Winston Studio para a obra tão impactantes.
Não apenas isso, a parte sonora também alcançou patamares excepcionais. Além da banda sonora inesquecível composta por John Williams, a montagem de som de Richard Hymns e Gary Rydstrom, assim como a produção de som de Gary Summers, Gary Rydstrom, Shawn Murphy e Ron Judkins, também conquistaram um lugar especial nos corações dos fãs. Não à toa, o filme foi nomeado e ganhou os Óscares de Melhores Efeitos Visuais, Melhor Montagem de Som e Melhor Mixagem de Som.
Infelizmente, a obra não foi nomeada na categoria de Melhor Realização, para Spielberg, Melhor Filme, para Kathleen Kennedy e Gerald R. Molen, muito pouco, Melhor Argumento, para Crichton e David Koepp, e Banda Sonora, para John Williams, respectivamente.
Além de sua contribuição técnica, a obra de Spielberg despertou um renovado interesse pelo estudo dos dinossauros e pela paleontologia, além de ajudar a popularizar teorias que não eram amplamente difundidas na época, como a evolução dos dinossauros em direção às aves.
Ainda, o filme reimaginou completamente a representação dos dinossauros, como o Tyrannosaurus rex, retratando-os correndo rapidamente em uma postura agachada, com a cauda paralela ao chão, ao invés de arrastarem-se verticalmente com a cauda arrastando no chão, como era comum nas representações anteriores. No entanto, o filme também apresenta uma representação imprecisa dos Braquiossauros.
Nesse aspecto, Mateus Marchetto, no artigo “Os dinossauros mais famosos a caminharem pela Terra”da seção “Planeta Terra” do site So Cientifica, observa que ao mostrar um braquiossauro adulto levantando-se sobre as patas traseiras para alcançar folhas de uma árvore, o primeiro filme da franquia omite o fato de que esses dinossauros eram simplesmente muito pesados para realizar tal ação. Além disso, os braquiossauros possuíam patas dianteiras mais longas, o que lhes permitia alcançar galhos mais altos das árvores.
Em síntese, naturalmente, uma série de sequências foi produzida aproveitando o enorme sucesso do filme original, lançado em 1993. Embora os filmes mais recentes (da série “Mundo Jurássico”) não tenham conseguido capturar a mesma magia do primeiro filme, todos eles ainda têm a presença de dinossauros, o que não os torna completamente ruins (em partes).
Aliás, como é comum em muitas franquias de longa duração, esses filmes compartilham cenas, temas, personagens e outros elementos que se repetem ao longo da série.
Como um fervoroso admirador de “Parque Jurássico”, decidi aproveitar a celebração dos 30 anos de seu lançamento para criar uma série de crônicas e especiais sobre o filme. Neste primeiro artigo especial, trago à tona alguns elementos marcantes presentes nesta icónica franquia bilionária.
Elementos marcantes presentes na franquia “Parque Jurássico”:
Marketing direcionado
De acordo com Philip Kotler, conhecido como “pai do Marketing”, o Marketing é um processo que combina elementos administrativos e sociais, permitindo que as pessoas alcancem aquilo que desejam e necessitam por meio da criação de desejo, oferta e troca de produtos de valor.
Nesse viés, fica evidente que “Parque Jurássico” também foi concebido como uma estratégia de marketing para impulsionar a venda de produtos licenciados, especialmente durante o próspero período de Marketing do início dos anos 90, conhecido como “período extremamente toy”. A Universal investiu uma quantia considerável de dinheiro no filme, especialmente depois de uma disputa acirrada com outros estúdios pelos direitos do livro de Crichton, que serviu de base para a produção do filme.
De fato, grande parte do portfólio de produtos oficiais do filme pode ser observado dentro do próprio filme. Indiretamente, vemos isso com as camisas, canecas, dinossauros de brinquedo e afins.
Apesar disso, a estratégia de Marketing fica ainda mais evidente com os veículos personalizados apresentados ao longo do filme. O site especializado Karvi listou alguns carros utilizados na produção, incluindo o utilitário esportivo Ford Explorer XLT de primeira geração (1991-1994) e o utilitário esportivo compacto Jeep Wrangler Sahara. Vale ressaltar também a presença da Mercedes-Benz ML em “Parque Jurássico – O Mundo Perdido” de 1997, assim como o Oldsmobile Intrigue e o Ford F-250 em “Parque Jurássico III” de 2001.
As sequências do filme seguiram o exemplo, apresentando modelos como a Mercedes-Benz GLE Coupé, o Unimog U5020, o Jeep Wrangler Unlimited e a picape Gladiator.
Além dos veículos, o departamento de Marketing aproveitou para desenvolver designs cada vez mais exclusivos, claramente direcionados para a venda de brinquedos. Isso pode ser observado, por exemplo, no laboratório móvel presente em “Parque Jurássico – O Mundo Perdido”, nas girosferas de vidro em movimento em “Mundo Jurássico 1” e no elegante e futurista helicóptero ByoSin em “Mundo Jurássico: Domínio”.
Miúdos em perigo
“Parque Jurássico” é um filme que, apesar de apresentar momentos assustadores, é adequado para todas as idades. Embora não seja destinado especificamente ao público infantil, contém elementos de horror, morte e sangue, embora em menor medida do que o romance original ou suas imitações de filmes B.
No entanto, o apelo do filme para as crianças é inegável, pois estas têm uma grande fascinação por dinossauros – assim como vocês e eu. Pois bem, além dos cientistas convidados e engenheiros residentes no parque safari, o primeiro filme também apresenta personagens infantis, Tim e Lex Murphy (interpretados por Joseph Mazzello e Ariana Richards, respectivamente), que são convidados por seu avô, John Hammond, o visionário criador do revolucionário parque temático.
Nesse contexto, é comum nos filmes de “Parque Jurássico” que, quando as coisas dão errado, os personagens infantis se vejam em perigo, precisando correr para salvar suas vidas de Tiranossauros Rex, Velociraptores e outras criaturas. Essa tendência de colocar crianças em perigo tornou-se um importante artifício narrativo no desenrolar de cada filme subsequente da franquia.
Pois é, ao longo da franquia, essa característica de incluir personagens infantis em situações perigosas foi uma constante presente em todos os filmes. Desde a presença de Vanessa Chester como Kelly Curtis, enteada de Ian Malcolm, em “Parque Jurássico – O Mundo Perdido”, passando por Trevor Morgan como Eric Kirby em “Parque Jurássico III”, até Ty Simpkins e Nick Robinson como Zak e Gray Mitchell em “Mundo Jurássico”, e Isabella Sermon como o clone Maisie Lockwood em “Mundo Jurássico: Reino Caído” e “Mundo Jurássico: Domínio”.
Vanessa Chester
Trevor Morgan
Ty Simpkins e Nick Robinson
Isabella Sermon
No final, os vilões são os Homo sapiens
Na maioria dos filmes da franquia “Crepúsculo”, os vampiros seculares idealizados por Stephenie Meyer raramente são retratados como os verdadeiros monstros. Em vez disso, a indiferença, má conduta e crueldade humanas são destacadas como os verdadeiros vilões. De forma semelhante, nos filmes de “Parque Jurássico”, os dinossauros são retratados como meras forças da natureza, enquanto os verdadeiros antagonistas da franquia são os CEOs gananciosos, engenheiros questionáveis, cientistas antiéticos, mercenários corruptos e empreiteiros militares cruéis. Essa abordagem coloca em evidência que os verdadeiros vilões são encontrados entre os seres humanos, e não nas criaturas pré-históricas.
Vamos realizar um resgate cronológico: No primeiro filme de 1993, “Parque Jurássico”, Dennis Nedry (interpretado por Wayne Knight) é o engenheiro-chefe do Jurassic Park. Ele desativa os sistemas elétricos de segurança do parque para contrabandear DNA de dinossauro para a corporação rival, a ByoSin, embora seu plano não seja bem-sucedido. Como consequência, os dinossauros são liberados de suas gaiolas, resultando em mortes e perseguições aos trabalhadores e convidados do parque.
A propósito, no primeiro filme, o CEO da ByoSin, Lewis Dodgson, é mostrado em uma cena contratando Nedry, mas posteriormente se torna o principal vilão na sequência mais recente, “Mundo Jurássico”. Lá, Dodgson é visto contratando mercenários e assassinos para assegurar seu plano de monopolizar o suprimento de alimentos.
Em “Parque Jurássico – O Mundo Perdido”, o inescrupuloso Peter Ludlow (interpretado por Arliss Howard) assume o cargo de diretor da InGen. Ele planeja enviar uma expedição à Ilha Sorna com o objetivo de capturar espécimes de dinossauros para exibi-los na nova sede do Jurassic Park, localizada na cidade de San Diego.
Todavia, esses não são os únicos vilões humanos na franquia. Em “Mundo Jurássico”, temos um empreiteiro militar maligno, interpretado por Vincent D’Onofrio, que busca utilizar os dinossauros para fins de combate.
Por fim, em “Mundo Jurássico: Reino Caído”, Elijah “Eli” Mills (interpretado por Rafe Spall) tenta vender dinossauros para ditadores e empresários obscuros.
Assim, ao longo dos filmes da franquia “Parque Jurássico”, vemos uma variedade de vilões humanos que desempenham papéis cruciais na trama, contribuindo para o perigo e a tensão enfrentados pelos personagens principais.
John Williams é um detalhe obrigatório
Seja você um cinéfilo ou não, é inegável que o tema de “Parque Jurássico” é um dos temas mais reconhecidos de todos os tempos no mundo do cinema. Ele está entre outros temas clássicos, como “Star Wars”, “ET”, “Tubarão”, “Indiana Jones”, “Harry Potter” e o filme “Superman” de Christopher Reeve. O incrível é que todos esses temas foram escritos e compostos pelo mesmo talentoso compositor: John Williams, renomado mundialmente.
Williams possui um impressionante histórico de 53 indicações aos Óscares, vencendo cinco estatuetas, sendo quatro para Melhor Banda Sonora Original e uma para Melhor Adaptação de Banda Sonora. Atualmente, ele detém o recorde de mais indicações aos Óscares para uma pessoa viva e é a segunda pessoa mais indicada na história do prémio, ficando atrás apenas de Walt Disney, que recebeu 59 indicações. Além disso, Williams é a única pessoa na história do Óscar a receber nomeações em sete décadas consecutivas.
Embora Williams tenha retornado para compor “Parque Jurássico – O Mundo Perdido” em 1997, ele deixou a franquia depois disso. O próximo filme, “Parque Jurássico III” de 2001, teve a trilha sonora composta por Don Davis, conhecido principalmente por seu trabalho na trilogia “Matrix” das irmãs Wachowski.
Posteriormente, o cada vez mais ocupado Michael Giacchino, que trabalhou em diversos filmes da Pixar, como “Up” e “Carros 2”, além de ter contribuído para produções como o reboot de “Star Trek”, “Star Wars: Rogue One”, ambos lançados no mesmo ano, “The Batman” e “Thor: Amor e Trovão”, entre muitos outros, foi escolhido para escrever e compor todas as três partituras de “Mundo Jurássico”.
Contudo, apesar dos diferentes compositores, cada filme da série “Parque Jurássico” e “Mundo Jurássico” apresenta, em algum momento, o icónico tema de John Williams, tornando-se uma marca indissociável da franquia.
A inebriante alta tecnologia
No artigo “O novo mundo e a tecnologia da alma”, Alissa Schmidt de Mateo Farias cita a frase “A tecnologia move o mundo”, proferida por Steve Jobs. Essa frase destaca o impacto significativo que a tecnologia tem causado na sociedade contemporânea, marcada pelos avanços na comunicação e nas transformações tecnológicas e científicas. Enfrentamos frequentemente o desafio de nos adaptar a esses avanços e inovações tecnológicas.
Porém, podemos compreender que a tecnologia é um recurso necessário e estratégico, desempenhando um papel potencializador no desenvolvimento. Isso é evidente nos filmes da série “Parque Jurássico”, em que os cenários de laboratórios e instalações de alta tecnologia são frequentemente apresentados. Embora faça sentido em muitos dos filmes, esse contexto não se aplica a todos.
O primeiro filme, ambientado em um parque de diversões de última geração, exige que os personagens acessem centrais elétricas e hackeiem o mainframe do parque a partir do centro de controle. Em “Parque Jurássico – O Mundo Perdido”, há uma cena famosa em um laboratório móvel pendurado, em que dois T-Rexes tentam atacar os protagonistas ou empurrar o laboratório para um penhasco. Já em “Parque Jurássico III”, Grant precisa explorar os laboratórios abandonados em Isla Sorna, uma parte remanescente do parque original.
Apesar disso, essa tendência se torna menos razoável nos outros filmes da série “Mundo Jurássico”. Em “Reino Caído”, a história começa no local original da Isla Nublar do parque e, mesmo quando a ação se desloca para a Califórnia, ela se concentra em uma mansão com instalações de alta tecnologia e um laboratório secreto, remetendo visualmente a todos os outros filmes da franquia.
O filme “Domínio” é ainda mais evidente nesse aspecto, uma vez que os dinossauros chegam ao continente no final de “Mundo Perdido – Reino Caído”, e o prólogo do filme é uma reportagem sobre como o mundo está aprendendo a conviver com os dinossauros. Ainda assim, a segunda metade do filme se passa em mais uma instalação secreta de laboratório de alta tecnologia, desperdiçando a premissa inicial. Pelo menos, pode-se considerar que há consistência nessa abordagem.
Velociraptores pra lá de inteligentes
Conforme detalhado pelo biólogo Mateus Marchetto no artigo “Os dinossauros mais famosos a caminharem pela Terra” da seção “Planeta Terra” do site So Cientifica, dos dinossauros que se destacaram após o sucesso de Jurassic Park, os tiranossauros se tornaram os mais famosos. O gênero Tyrannosaurus rex, descoberto em 1905, é o principal representante, juntamente com duas possíveis outras espécies.
Nesse quadro, além do renomado Tyrannosaurus rex, o segundo dinossauro mais popular provavelmente é o Velociraptor, o que faz sentido. Em contraste com o grande e pesado T-Rex, os Velociraptors são menores, mais leves e ágeis. Além disso, eles têm um apelo especial. É ainda mais impressionante quando percebemos que eles só se tornaram populares após o lançamento do filme, e sua popularidade disparou imediatamente, enquanto o T-Rex já desfrutava de um século de reconhecimento.
https://www.youtube.com/watch?v=JNAZIfSmNSE
Os Velociraptors também demonstraram ser muito mais inteligentes do que a maioria das outras espécies de dinossauros retratadas na série. Eles trabalham regularmente em grupos, são capazes de abrir portas e até mesmo enganaram completamente o experiente caçador Robert Muldoon (interpretado por Bob Peck) no primeiro filme da franquia.
Para mais, os Velociraptors são uma das poucas espécies de dinossauros que aparecem em todos os seis filmes da franquia. Ao longo da série, eles foram retratados como cada vez mais inteligentes. Por exemplo, em “Parque Jurássico III”, o Dr. Alan Grant (interpretado por Sam Neill), protagonista do primeiro filme, é capaz de se comunicar com eles usando um crânio modificado. Nos filmes “Mundo Jurássico”, eles foram totalmente treinados por Owen Grady (interpretado por Chris Pratt) e em “Mundo Jurássico: Domínio”, eles enfrentam agentes experientes da CIA.
Entretanto, Marchetto ressalta a necessidade de ter cautela ao interpretar a representação dos Velociraptors em “Parque Jurássico”. Isso ocorre porque os terríveis carnívoros retratados, com mais de dois metros de altura, na verdade são imagens de outro dinossauro, o Deinonychus, que é maior e mais antigo que os verdadeiros Velociraptors. Essa inconsistência científica na trama acabou ocorrendo.
Teoria do Caos
Os pesquisadores Djeferson Pereira de Sousa, Julio Klafke e Ailton Marcos Bassini, do CienTec-USP, detalham que a “Teoria do Caos” é um estudo científico de extrema importância na atualidade. Essa teoria é aplicada em praticamente todas as áreas do conhecimento humano, desde as ciências exatas até as ciências humanas. A ideia central por trás da teoria é que uma pequena mudança no início de um evento pode ter consequências enormes e desconhecidas ao longo do tempo. Para ilustrar isso, podemos pensar na seguinte situação: o pai de uma criança perde o prazo para matricular seu filho na escola “A” porque seu carro estava com uma peça faltando. Aparentemente, isso não parece um grande problema, já que o pai resolve a situação matriculando seu filho em uma escola de outro bairro. Contudo, essa decisão faz com que o filho tenha amigos completamente diferentes do que teria na escola “A”, tenha outros professores que irão influenciar diretamente seu processo de aprendizagem e, possivelmente, desenvolva outros interesses. Em resumo, a vida do filho será completamente diferente devido a uma pequena peça de carro.
Em si, a Teoria do Caos foi descrita pela primeira vez pelo matemático e astrônomo francês Henri Poincaré. Nesse cenário, estruturalmente, ela é um tema central nos filmes da franquia “Parque Jurássico”, que, por sua vez, abordam a ideia de que o homem não deve brincar de ser Deus, nem tentar controlar a natureza. Como diria o físico Ian Malcolm, interpretado por Jeff Goldblum, “A vida, uh, encontra um caminho”.
Tal teoria é recorrente na ficção científica especulativa, especialmente em histórias de desastre ou thriller. Em vista disso, nos filmes da franquia “Parque Jurássico” e “Mundo Jurássico”, poderosas e corruptas corporações contratam cientistas de renome para trazer os dinossauros de volta à vida em busca de diversão e lucro, sem se importarem em como isso pode afetar o equilíbrio da vida atual. Tanto que, em cada filme, os dinossauros causam estragos nos CEOs e cientistas que ousam tentar controlá-los. Por exemplo, no primeiro filme de “Parque Jurássico”, os dinossauros escapam e causam mortes no parque. Já no segundo filme “Mundo Perdido”, caçadores e mercenários tentam capturar os dinossauros e levá-los para o continente, resultando em consequências desastrosas.
Sem embargo, os filmes da sequela “Mundo Jurássico” exploram ainda mais essa teoria. Destrincando, o primeiro filme mostra um parque em pleno funcionamento que entra em colapso quando tentam criar geneticamente um “super dinossauro” chamado Indominous Rex. Já “Reino Caído”, apresenta um leilão ilegal de dinossauros que acaba em morte para a maioria dos envolvidos. A instalação ByoSin de Dodgson é destruída (e o próprio Dodson é morto por Dilofossauros), enquanto “Domínio” envolve a alteração genética de gafanhotos para estabelecer um monopólio na cadeia alimentar.
Por fim, no artigo “Teoria do caos: a ordem na não-linearidade”, os matemáticos Franciele Fey e Jarbas André da Rosa contextualizam que o Caos coloca em dúvida nossas maiores certezas e nos faz questionar a nossa própria realidade. A sociedade moderna tem uma obsessão por prever, controlar e manipular tudo ao seu redor. Porém, os sistemas caóticos e não-lineares presentes na natureza, na sociedade e em nossas próprias vidas estão além do nosso domínio. Uma pequena mudança no início de um evento pode ter consequências enormes e totalmente desconhecidas no futuro, o que é metaforicamente explicado pelo “Efeito Borboleta”. Essa perspectiva está amplamente presente em todos os filmes da franquia, afinal, quem poderia imaginar a coexistência de humanos e dinossauros no mesmo planeta?
Matéria sobre o lançamento de “Parque Jurássico”, realizada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, para o programa “Fantástico” da TV Globo:
*Entre 2019 e 2023, o autor do artigo foi bacharelando em Geografia pelo Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal de Alagoas (IGDEMA/UFAL). Nesse sentido, o artigo em questão integra o projeto Cinema e Geografia (CINEGEO). O projeto de divulgação científica Cinema e Geografia estuda a relação entre sociedade e cinema e a ciência geográfica na análise fílmica.