A Critics Choice Association (CCA) anunciou, na quarta-feira (17), o rol de homenageados da 5.ª edição anual da Celebração do Cinema e Televisão Latinos, a realizar-se em 24 de Outubro, em Beverly Hills. A cerimónia consagra interpretações e contributos de vulto da comunidade latina, tanto no ecrã como nos bastidores da indústria do entretenimento.
Entre os laureados figura Kleber Mendonça Filho, distinguido como melhor realizador pelo filme “O Agente Secreto”, obra escolhida para representar o Brasil na senda de uma eventual nomeação ao Óscar de Melhor Filme Internacional em 2026.
Kleber Mendonça Filho
Com uma filmografia já marcada pelo estatuto de clássicos contemporâneos, como “Bacurau” (2019), “Aquarius” (2016) e “Retratos Fantasmas” (2023), Kleber Mendonça Filho acrescenta agora mais este reconhecimento internacional com a sua nova obra, “O Agente Secreto”. Recentemente distinguido como Melhor Director no 78.º Festival de Cannes pela sua realização neste filme, o cineasta pernambucano arrecadou também o Prémio da Crítica Internacional FIPRESCI, reafirmando a sua presença no mapa global do cinema de autor. 
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mendonça Filho iniciou a sua trajectória como crítico de cinema, colaborando em 1998 com o site CinemaScópio, primeiro portal pernambucano dedicado à sétima arte. No mesmo ano assumiu a coordenação de cinema na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), cargo que ocupou durante dezoito anos até se dedicar integralmente à realização cinematográfica, equilibrando o olhar analítico de crítico com a inventiva do realizador.
Na transição do vídeo para o digital e o 35 mm, Kleber começou a experimentar com curta-metragens no início dos anos 2000, ensaios que se tornariam trampolim para os longas-metragens que consolidariam a sua reputação internacional e o colocariam entre os cineastas mais celebrados da América Latina, reconhecido tanto pelo rigor formal e pela intensidade poética das suas narrativas como pela capacidade de lançar luz sobre o atrito entre classes e a vida urbana.
O Agente Secreto
Situado no Brasil de 1977, “O Agente Secreto” desenha o percurso de Marcelo (Wagner Moura), professor e perito em tecnologia, que, aos quarenta anos, regressa ao Recife na tentativa de reencontrar a paz. Carrega, porém, um passado enigmático e cedo descobre que a cidade natal não é o abrigo sereno que imaginava.
Escolhido para representar o Brasil nos Óscares de 2026, o filme tem distribuição da Neon nos Estados Unidos, estúdio cuja reputação se cimentou em campanhas arrojadas, semelhantes às que levaram títulos como “Parasitas”, de Bong Joon-ho, e “Anora”, de Sean Baker, à conquista da estatueta de Melhor Filme.
A expectativa em torno da obra de Mendonça Filho cresce a cada festival. O Hollywood Reporter vê grandes probabilidades de o realizador brasileiro figurar em múltiplas categorias, incluindo Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Argumento Original.
A publicação actualizou as previsões após Veneza, Telluride e Toronto, certames onde o filme teve recepção entusiástica. Meses antes, em Cannes, já saíra consagrado com os prémios de Melhor Realização e Melhor Actor, além do galardão paralelo da crítica internacional (Fipresci) para Melhor Filme.
Outras publicações também acreditam na ascensão da produção. O IndieWire incluiu o título nas suas apostas, destacando Wagner Moura como potencial candidato a Melhor Actor e reforçando a presença de Mendonça Filho em Melhor Realizador e Melhor Argumento Original.
A Variety, por sua vez, foi a primeira das grandes publicações a levantar a hipótese de o Brasil disputar não apenas a categoria de Melhor Filme Internacional, mas também outras de maior peso, como Melhor Actor e Melhor Argumento Original.
Outros vencedores da 5.ª edição anual da Celebração do Cinema e Televisão Latinos
Para além de Kleber Mendonça Filho, a lista de premiados reúne talentos que têm vindo a afirmar-se no cinema e na televisão de língua latina.
Oscar Isaac receberá o prémio de Melhor Ator pela sua interpretação em “Frankenstein”, de Guillermo del Toro. America Ferrera será homenageada com o Prémio Trailblazer, em reconhecimento pela sua obra e, mais recentemente, pelo papel de destaque em “The Lost Bus”. Andy Garcia, por sua vez, será distinguido com o Prémio Vanguard, que celebra a excecionalidade da sua carreira.
Ícone dos direitos civis, Dolores Huerta receberá o Prémio Ícone, homenagem à sua incansável dedicação à justiça social e à advocacia, reconhecendo um legado que há mais de sete décadas inspira artistas, cineastas e agentes de mudança.
Anthony Ramos será agraciado com o Prémio de Melhor Ator Secundário de Cinema pela sua interpretação em “Casa de Dinamite”, de Kathryn Bigelow.
Gabriel Luna receberá o Prémio de Actor Secundário de Série pelo seu papel em “Devil in Disguise: John Wayne Gacy”, produção da Peacock.
Frida Perez será distinguida com o Prémio Showrunner pelo seu trabalho em “The Studio”, da Apple TV+. Cocriadora da série aclamada, Frida foi determinante na conquista de 13 Emmys num único ano, estabelecendo o recorde histórico para uma série de comédia, e acumulando 23 nomeações ao longo da sua trajectória.
Tonatiuh será premiado com o Prémio de Actor Revelação pela sua interpretação em “O Beijo da Mulher-Aranha”, de Bill Condon, enquanto Camila Perez receberá o Prémio de Actriz Revelação pelo desempenho na série de sucesso “Acapulco”, também da Apple TV+, que no ano passado figurou entre os indicados ao Critics Choice Awards na categoria de Melhor Série Estrangeira.
