Ler, escrever e entender um texto. Estes são os desafios apontados pelos educadores neste último 08 de setembro, Dia Mundial da Alfabetização.
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1967, para promover globalmente discussões alternativas possíveis para que a alfabetização seja acessível a todos no mundo.
A alfabetização de crianças e adultos pode mudar significativamente os rumos de uma nação.
Por exemplo, a taxa de analfabetismo em Portugal continua a diminuir, e em 2021, registrou-se um valor de 3,1%, o que representa uma redução em relação aos 5,2% registrados uma década antes pelo Instituto Nacional de Estatísticas. Em números absolutos, de acordo com o censo mais recente, ainda existem 292.809 pessoas com 10 anos ou mais que não possuem habilidades de leitura e escrita.
Por sua vez, no Brasil, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais diminuiu de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022, representando uma redução de pouco mais de 490 mil analfabetos em todo o país. Essa queda levou à menor taxa registrada desde o início da série histórica em 2016. No total, havia 9,6 milhões de pessoas que não possuíam habilidades de leitura e escrita, sendo que 55,3% (5,3 milhões) residiam na região Nordeste e 54,2% (5,2 milhões) tinham 60 anos ou mais, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Educação, Pnad Educação, feita pelo IBGE.
Em Angola, os números são alarmantes. O país apresenta uma taxa de analfabetismo geral de 34%. Essa taxa é ainda mais preocupante quando se olha especificamente para cidadãos com idades entre 15 e 24 anos. Em uma entrevista dada a Alberto Quiluta do Jornal de Angola, Evaristo Pedro, diretor nacional da Educação de Jovens e Adultos, explicou que a taxa de analfabetismo entre jovens de 15 anos é de 24%, sendo mais alta no sexo feminino.
Já em Moçambique, aproximadamente 40% da sua população, que chega a 30 milhões de habitantes, enfrenta o desafio do analfabetismo. É relevante ressaltar que essa taxa é ainda mais alta entre as mulheres, atingindo 49,4%, enquanto entre os homens é de 27,2%, conforme revelado pelo presidente do país, Filipe Nyusi, durante a abertura de uma conferência nacional sobre educação no país.
Para que o processo de alfabetização seja bem-sucedido, é crucial que as crianças adquiram a consciência dos sons das palavras, ou seja, compreendam que as palavras são compostas por unidades sonoras chamadas fonemas. Por essa razão, a consciência fonológica desempenha um papel fundamental na alfabetização. Trata-se da habilidade de manipular os sons presentes em nossa língua e perceber que uma palavra pode começar ou terminar com o mesmo som.
Atividades lúdicas simples realizadas em casa podem contribuir para o desenvolvimento da consciência fonológica e da alfabetização. Nesse ponto, sugerimos que os pais brinquem com jogos de memória que apresentem rimas, esse exercício permitirá que as crianças diferenciem e identifiquem sons semelhantes.
Outra sugestão valiosa é a contação de histórias. Além de instruir, socializar e entreter as crianças, contar histórias desperta o interesse pela leitura, auxilia no crescimento psicológico e moral, contribui para a saúde mental durante a fase de desenvolvimento, amplia o vocabulário e as perspectivas, desenvolve a linguagem e o pensamento, trabalha a atenção, memória e reflexão, bem como estimula a sensibilidade e a descoberta da identidade.
Essas brincadeiras e práticas podem parecer simples, porém proporcionam inúmeros benefícios e facilidades para o desenvolvimento da leitura e escrita infantil. Além disso, podem ser realizadas em qualquer lugar ou momento de ociosidade das crianças, permitindo que elas aprendam de maneira divertida e enriquecedora.
Com isso em mente, decidimos compilar uma lista de sete filmes que abordam a importância da educação.
Confira abaixo:
“O Substituto” (2011), de Tony Kaye
No filme “O Substituto”, o ambiente educacional é retratado de forma sombria, com poucos vislumbres de redenção, embora ocasionalmente isso possa ocorrer. O ensino é apresentado como um estado permeado por conflitos e restrições, embora em alguns momentos possa ser interpretado como algo repleto de esperança e virtudes. O filme de Kaye não idealiza a figura do docente, ao contrário, oferece uma representação bastante realista e por vezes até trágica.
De maneira geral, o filme se afasta do clichê ao não seguir a narrativa típica em que um educador enfrenta uma turma incrivelmente problemática e, ao final, consegue “resgatar” todos os alunos. Para mais, o público se envolve profundamente na trama e se sensibiliza com os temas explorados, como o bullying, a prostituição na adolescência, a condição dos idosos e, acima de tudo, a crise na educação pública.
“Matilda” (1996), de Danny DeVito
A jovem Matilda (Mara Wilson) tem seis anos e meio, embora seus pais a negligenciem tanto que acreditam que ela ainda tem quatro anos. Ela, por conta própria, descobre o caminho até a biblioteca e, com a ajuda da equipe, transporta todos os seus preciosos livros em um carrinho vermelho infantil. Seus dias são dedicados à devoração de livros, mesmo enfrentando a desaprovação de sua cruel família, que é incrivelmente egocêntrica para cuidar do próprio filho. Matilda reúne coragem e desenvolve habilidades para cuidar de si mesma, tudo isso antes de descobrir seus dons sobrenaturais. O filme faz questão de constantemente nos lembrar de nos preocuparmos com Matilda de uma forma que seus pais jamais poderiam. É realmente comovente ver sua família despedaçá-la e negar seu intelecto, embora ela sempre nos mostre que está certa
Após algumas tentativas de convencer seus pais, ela finalmente consegue ir à escola. Lá, apesar de enfrentar a ira da Srta. Trunchbull (Pam Ferris), ela conhece a senhorita Honey (Embeth Davidtz), que lhe apresenta um mundo de possibilidades através da educação. Honey utiliza métodos criativos para ensinar matemática e ortografia aos alunos, incentivando-os a utilizar seus talentos para transformar o mundo.
Em termos de representação das relações entre aluno e professor, é provavelmente um dos mais fiéis. O filme clássico de DeVito ilustra bem o impacto significativo que um professor dedicado pode exercer na vida de um estudante.
“Um Polícia no Jardim Escola” (1990), de Ivan Reitman
No filme protagonizado por Arnold Schwarzenegger, o ator interpreta o policial durão John Kimble, cujo foco inicial são as preocupações relacionadas ao combate de bandidos e ladrões. No entanto, em uma reviravolta na trama, ele é convocado para uma missão secreta que o obriga a se disfarçar como professor. Inicialmente, a ideia era que sua colega de trabalho, uma policial mulher, assumisse o papel de professora. Entretanto, devido a um imprevisto, a colega fica impossibilitada de cumprir sua parte na missão, o que cria a situação propícia para que o policial se veja obrigado a assumir a função de professor, alegando ser sua única alternativa para cumprir com seu dever.
Os primeiros dias de John Kimble na sala de aula, como era de se esperar, não são muito promissores. Todavia, a transformação é notável. O homem que costumava portar uma arma em vez de um livro agora se encontra completamente à mercê de um grupo de crianças hiperativas com idades entre 5 e 6 anos. Em vez de dedicar suas noites à leitura ou consultar sua parceira, O’Hara (Pamela Reed), que possui experiência na área, ele apresenta um plano inusitado que revoluciona sua abordagem como educador: ele introduz um apito e um furão na dinâmica da sala de aula.
O filme enfatiza o valor da educação e da compaixão em contraposição à agressão e à violência. Além disso, ele serve como um excelente exemplo para refletirmos sobre o papel do professor-homem na educação infantil.
“O Bom Rebelde” (1990), de Gus Van Sant
O título “O Bom Rebelde” refere-se a Will (Matt Damon), um jovem órfão que trabalha como faxineiro no Massachusetts Institute of Technology (M.I.T.). Embora ele nunca tenha frequentado a universidade, Will tem a habilidade de resolver problemas matemáticos complexos que levaram anos para serem solucionados por estudiosos da área.
Ainda assim, apesar de seu talento extraordinário, Will prefere gastar seu tempo em bebedeiras e brigas. Esse comportamento o leva eventualmente à prisão. Para obter sua liberdade, Will concorda em participar de sessões de psicoterapia e em trabalhar em pesquisas matemáticas sob a orientação de um professor do M.I.T. (Robin Williams)
O filme é uma excelente representação de como a genialidade pode surgir em ambientes desfavorecidos, onde as pressões sociais e financeiras são intensas.
“Escritores da Liberdade” (2007), de Richard LaGravenese
Como analisado no artigo científico “”Escritores da Liberdade” e sua Contribuição na Formação de Professores de Química””, escrito por Valmara Silva Araújo, Thiago Pereira da Silva e Elituane Sousa da Silva, apresentado durante o II CONEDU, o filme de LaGravenese aborda questões que continuam a desafiar muitos professores na atualidade, dentro das salas de aula. Torna-se evidente a falta de motivação dos alunos em relação às disciplinas, criando desafios significativos para o trabalho dos docentes em suas salas de aula. Além disso, o filme ressalta a importância da relação afetiva entre professor e aluno no processo de ensino e aprendizagem.
A narrativa do filme reflete os fatores que contribuem para a falta de motivação dos alunos no contexto escolar e as atitudes que os professores precisam adotar para aprimorar essa relação crucial entre educador e aprendiz. Isso nos conduz a uma reflexão sobre o papel que a escola deve desempenhar diante dos desafios apresentados pelos alunos, destacando a função fundamental do educador como agente de transformação no ambiente em que atua.
“Uma Lição de Vida” (2014), de Justin Chadwick
O filme “Uma Lição de Vida”, baseado em eventos reais, narra a vida de Kimani Maruge (Oliver Litondo), um queniano que, aos 84 anos, toma a corajosa decisão de ingressar na escola, enfrentando, contudo, intensos níveis de preconceito e hostilidade por parte da comunidade local. Jane Obinchu, uma professora dedicada a turmas de crianças de seis anos, opta por apoiar Maruge, mas acaba sofrendo junto com ele devido ao preconceito reinante.
O cenário do filme se desenrola em uma pequena cidade distante da capital, onde os habitantes recebem com entusiasmo a notícia da oferta de educação gratuita, um benefício destinado principalmente às crianças. A determinação de Maruge em buscar conhecimento, no entanto, convence Jane a conceder-lhe um lugar em sua turma.
A comunidade, ainda dividida em tribos em decorrência do passado colonial britânico, continua a enfrentar as profundas cicatrizes desse período. Durante aquele período, Maruge foi submetido a torturas, prisões, perdas familiares e privação educacional devido à sua filiação a uma tribo que resistia ao domínio britânico. Esse grupo mais radical não é bem visto pelos moradores, que utilizam a idade avançada de Maruge e seu passado como justificativa para afastá-lo da escola.
O filme de Chadwick é uma ode à educação, união e a resistência.
“Clube dos Poetas Mortos” (1989), de Peter Weir
O filme de Weir, narra a história de John Keating (interpretado por Robin Williams), um professor de inglês progressista que busca inspirar seus alunos a desafiar as convenções, perseguir seus sonhos e abraçar cada dia com paixão.
Através de métodos de ensino pouco convencionais que desafiam as normas tradicionais da escola, ele introduz os estudantes no mundo da poesia, destacando a importância da expressão criativa e da individualidade.
Este filme oferece uma oportunidade valiosa para explorar os impactos da educação humanizada na vida dos alunos, demonstrando como um professor dedicado pode influenciar profundamente o desenvolvimento e o potencial de seus estudantes.