A agenda Elas no Cinema em Lisboa publica todas as sextas-feiras no Cinema Sétima Arte sugestões de filmes realizados por mulheres de diferentes partes do mundo.
A ideia dessa iniciativa, inspirada pelo desafio #52FilmsbyWomen, é promover o trabalho de realizadoras de vários países ao longo do ano todo.
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IRLANDA
“A Ganha-Pão”
[The Breadwinner, 2017]
Realização: Nora Twomey
Disponível na Filmin
No artigo da semana #28, falei da animação “A Minha Família Afegã”, que apresenta um Afeganistão – sob o regime talibã – por meio da experiência de uma mulher checa que passa a viver com a família do marido. Lembrei, então, dessa outra longa-metragem de animação sobre o Afeganistão, que também é realizada por uma europeia: a cineasta irlandesa Nora Twomey. “A Ganha-Pão” passa-se em 2001 (o ano dos atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center) e conta a história de uma menina de 11 anos chamada Parvana. Quando o seu pai é detido injustamente pelos talibãs, ela decide se vestir como se fosse um menino para poder sustentar a sua família. É baseado no romance homônimo da canadiana Deborah Ellis.
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RÚSSIA
“Descerrando os Punhos”
[Razzhimaya kulaki, 2021]
Realização: Kira Kovalenko
Disponível na Filmin
A realizadora russa Kira Kovalenko nasceu na remota República Cabárdia-Balcária, no Cáucaso russo, fronteira com a Geórgia – não muito longe da casa de Ada, a protagonista de “Descerrando os Punhos”. O drama se passa em Mizur, uma antiga cidade mineira da Ossétia do Norte. Lá, Ada (interpretada por Milana Aguzarova) é cercada o tempo todo por homens opressores. E eu digo cercada no sentido literal mesmo pois eles estão sempre a aprisionando por meio de confronto físico, agarrando-a por todas as partes do corpo. O principal aprisionamento é causado pelo seu pai (Alik Karaev). Ele esconde o seu passaporte, nega-lhe a chave do apartamento, a proíbe de usar perfume e só permite que ela saia para trabalhar em uma loja de conveniência local. E isso nem é o pior da história. Ada luta constantemente para escapar dessa situação, mas quanto mais ela tenta fugir menos consegue se libertar.
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SÍRIA
“Para Sama”
[For Sama, 2019]
Realização: Waad Al-Kateab e Edward Watts
“Para Sama” deveria ser um filme obrigatório antes de falarmos da “crise dos refugiados” (e infelizmente, não encontrei hoje em nenhum serviço de streaming). A jornalista e cineasta síria Waad Al-Kateab ficou conhecida por documentar os horrores da guerra civil do país para a emissora britânica Channel 4 News, em uma série de filmes devastadores intitulada “Inside Aleppo” (2016). Este trabalho dela venceu o Emmy Internacional de Notícias e Atualidades. Quase três anos depois ela lançou “Para Sama”. Premiado em Cannes e corealizado por Edward Watts, “Para Sama”, como o nome já diz, é um documentário dedicado à filha da realizadora. Ela registou o conflito de Aleppo entre 2012 e 2017, período em que se casou com um médico e engravidou, dando à luz Sama. O doc mostra também o dilema entre sair ou ficar no país, ajudando a salvar milhares de inocentes. Ou seja, é uma mistura de trabalho jornalístico com relato pessoal. Um filme bem impactante.
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Acompanhem as nossas recomendações semanais:
#1 – Palestina, Chile, Argentina
#2 – Afeganistão, África do Sul, Albânia
#3 – Canadá, Grécia, Peru
#4 – Alemanha, Angola, Arábia Saudita
#5 – México, Nova Zelândia, Irão
#6 – Áustria, Bangladesh, Bélgica
#7 – Inglaterra, Itália, Estados Unidos
#8 – Brasil, Bulgária, Colômbia
#9 – França, Venezuela, Geórgia
#10 – Arménia, Bósnia e Herzegovina, Costa Rica
#11 – Filipinas, República Dominicana, Tunísia
#12 – Finlândia, Hungria, Índia
#13 – Turquia, Kosovo, Singapura
#14 – Croácia, Dinamarca, Espanha
#15 – Senegal, Vietname, China
#16 – Hong Kong, Japão, Líbano
#17 – Portugal
#18 – Paraguai, Nicarágua, Cuba
#19 – Austrália, Marrocos, Porto Rico
#20 – Estónia, Lituânia, Mongólia
#21 – Líbano, Chile, Argentina
#22 – Brasil, Iémen, Tailândia
#23 – Palestina, França, Japão
#24 – Estados Unidos, Luxemburgo, Noruega
#25 – Guiné-Bissau, México, Paraguai
#26 – Macedónia do Norte, Países Baixos, Polónia
#27 – Roménia, Guatemala, Brasil
#28 – Chéquia, Malásia, São Tomé e Príncipe
#29 – Martinica, Suécia, Coreia do Sul